Como se estabelecem as AP sobre a Europa
Qual é a explicação para a formação das grandes extensões de altas pressões? Os partidários do pensamento mágico têm uma resposta na ponta da língua para o caso da Europa: é da responsabilidade do “anticiclone dos Açores”!
Esta personagem mítica é inexplicável à luz do pensamento clássico da meteorologia-climatologia: na sua presença diz-se que ele “encheu”; na sua ausência diz-se que ele “esvaziou”. Estas variações permanecem misteriosas mas também se diz, sem fundamento, que “deixa” ou “não deixa” passar as perturbações segundo o valor da pressão.
Este tipo de explicação releva do animismo meteorológico, porque o anticiclone dos Açores, só por si, não tem autonomia (pelo menos na forma como é normalmente apresentado)! E os clássicos não têm explicações plausíveis tanto neste como noutros fenómenos meteorológicos.
Igualmente, não sabem justificar como e porquê o ar quente vem do Sul. É simplista: não faz mais calor a Sul? Não é evidente? Não é mais compreensível, embora esta “evidência” seja infundamentada, do que explicações complexas, mesmo que fundamentadas?
Todavia, deve-se começar por chamar a atenção que a água que cai sobre a Europa provém do Sul na maior parte dos casos – o resto vem do Atlântico –, e em todos os casos quando caiem chuvas torrenciais nos contornos do Mediterrâneo!
A realidade, que é um pouco mais complexa, não é devida à intervenção misteriosa de qualquer divindade, nem a qualquer desregulação do tempo. Ela resulta de uma intensificação dos mecanismos habituais, organizados por fenómenos bem concretos e bem individualizados.
De modo permanente, as lentes anticiclónicas (2 a 3 mil quilómetros de diâmetro) formadas por ar inicialmente frio e pelicular (1500 metros de espessura média) saem regularmente dos pólos em direcção aos Trópicos: são os Anticiclones Móveis Polares ou AMP.
No seu deslocamento, estes AMP provocam a subida do ar quente, que passa por cima deles, e o seu transporte no sentido inverso (em direcção aos pólos) – daí a contribuição para algumas perturbações na região do Árctico que são erroneamente atribuídas ao imaginário aquecimento global. (Como estaria o Árctico no tempo de D. Afonso Henriques?)
Assim, podem-se desenvolver as perturbações de origem pluviométrica pelo contacto entre o ar frio e o ar quente na face frontal dos AMP, que se deslocam habitualmente de oeste para este como qualquer um pode facilmente observar nas imagens dos satélites meteorológicos.
A sucessão dos períodos de “mau tempo” (depressão = advecção* de vapor de água, ascendências e nuvens sobre a face frontal dos AMP) e de “bom tempo” (AMP = estabilidade anticiclónica e céu mais ou menos limpo) está assim estreitamente ligada à frequência e à potência dos AMP. Se os AMP se seguem de maneira regular os períodos de mau tempo e de bom tempo alternam, todos os 2-3 dias.
Mas, o que interessa agora considerar, os AMP podem encaixar-se e fundir-se para formar uma aglutinação anticiclónica, mais ou menos potente e extensa em função do número de AMP que a constituem. Vários factores favorecem a formação destas áreas de altas pressões extensas, e entre esses factores está o relevo.
São pois estas aglutinações anticiclónicas que estabelecem as vastas áreas de altas pressões, nomeadamente sobre a Europa, mas não só. O anticiclone dos Açores não é mais do que uma aglutinação anticiclónica de AMP, embora possa ser passageira. No entanto, as aglutinações formam-se em várias regiões do globo.
Os AMP são formações de ar frio e denso que não podem passar por cima dos edifícios geográficos mais altos (um relevo da ordem dos 1000 metros é assim determinante). Quando encontram um destes obstáculos geográficos os AMP são amortecidos, bloqueados e encaixam-se uns nos outros.
Isso só não acontece se os AMP conseguirem passar pelos interstícios geográficos ou desfiladeiros quando são possuídos de grandes velocidades associadas às elevadas potências como sucede nos períodos mais rigorosos do Inverno (modo de circulação rápido).
No caso dos Açores, sem relevos geográficos locais, a menos no Pico – eles existem na Península Ibérica –, é típica a situação de uma aglutinação provocada, nomeadamente, pela resultante entre a velocidade amortecida dos AMP e a velocidade de rotação da Terra.
Obs.: * advecção. Transporte na horizontal pela acção do vento de uma determinada propriedade atmosférica ou contaminante do ar (Dicionário de Terminologia Energética, Associação Portuguesa de Energia, 3ª edição, 2001, p. 70).
Esta personagem mítica é inexplicável à luz do pensamento clássico da meteorologia-climatologia: na sua presença diz-se que ele “encheu”; na sua ausência diz-se que ele “esvaziou”. Estas variações permanecem misteriosas mas também se diz, sem fundamento, que “deixa” ou “não deixa” passar as perturbações segundo o valor da pressão.
Este tipo de explicação releva do animismo meteorológico, porque o anticiclone dos Açores, só por si, não tem autonomia (pelo menos na forma como é normalmente apresentado)! E os clássicos não têm explicações plausíveis tanto neste como noutros fenómenos meteorológicos.
Igualmente, não sabem justificar como e porquê o ar quente vem do Sul. É simplista: não faz mais calor a Sul? Não é evidente? Não é mais compreensível, embora esta “evidência” seja infundamentada, do que explicações complexas, mesmo que fundamentadas?
Todavia, deve-se começar por chamar a atenção que a água que cai sobre a Europa provém do Sul na maior parte dos casos – o resto vem do Atlântico –, e em todos os casos quando caiem chuvas torrenciais nos contornos do Mediterrâneo!
A realidade, que é um pouco mais complexa, não é devida à intervenção misteriosa de qualquer divindade, nem a qualquer desregulação do tempo. Ela resulta de uma intensificação dos mecanismos habituais, organizados por fenómenos bem concretos e bem individualizados.
De modo permanente, as lentes anticiclónicas (2 a 3 mil quilómetros de diâmetro) formadas por ar inicialmente frio e pelicular (1500 metros de espessura média) saem regularmente dos pólos em direcção aos Trópicos: são os Anticiclones Móveis Polares ou AMP.
No seu deslocamento, estes AMP provocam a subida do ar quente, que passa por cima deles, e o seu transporte no sentido inverso (em direcção aos pólos) – daí a contribuição para algumas perturbações na região do Árctico que são erroneamente atribuídas ao imaginário aquecimento global. (Como estaria o Árctico no tempo de D. Afonso Henriques?)
Assim, podem-se desenvolver as perturbações de origem pluviométrica pelo contacto entre o ar frio e o ar quente na face frontal dos AMP, que se deslocam habitualmente de oeste para este como qualquer um pode facilmente observar nas imagens dos satélites meteorológicos.
A sucessão dos períodos de “mau tempo” (depressão = advecção* de vapor de água, ascendências e nuvens sobre a face frontal dos AMP) e de “bom tempo” (AMP = estabilidade anticiclónica e céu mais ou menos limpo) está assim estreitamente ligada à frequência e à potência dos AMP. Se os AMP se seguem de maneira regular os períodos de mau tempo e de bom tempo alternam, todos os 2-3 dias.
Mas, o que interessa agora considerar, os AMP podem encaixar-se e fundir-se para formar uma aglutinação anticiclónica, mais ou menos potente e extensa em função do número de AMP que a constituem. Vários factores favorecem a formação destas áreas de altas pressões extensas, e entre esses factores está o relevo.
São pois estas aglutinações anticiclónicas que estabelecem as vastas áreas de altas pressões, nomeadamente sobre a Europa, mas não só. O anticiclone dos Açores não é mais do que uma aglutinação anticiclónica de AMP, embora possa ser passageira. No entanto, as aglutinações formam-se em várias regiões do globo.
Os AMP são formações de ar frio e denso que não podem passar por cima dos edifícios geográficos mais altos (um relevo da ordem dos 1000 metros é assim determinante). Quando encontram um destes obstáculos geográficos os AMP são amortecidos, bloqueados e encaixam-se uns nos outros.
Isso só não acontece se os AMP conseguirem passar pelos interstícios geográficos ou desfiladeiros quando são possuídos de grandes velocidades associadas às elevadas potências como sucede nos períodos mais rigorosos do Inverno (modo de circulação rápido).
No caso dos Açores, sem relevos geográficos locais, a menos no Pico – eles existem na Península Ibérica –, é típica a situação de uma aglutinação provocada, nomeadamente, pela resultante entre a velocidade amortecida dos AMP e a velocidade de rotação da Terra.
Obs.: * advecção. Transporte na horizontal pela acção do vento de uma determinada propriedade atmosférica ou contaminante do ar (Dicionário de Terminologia Energética, Associação Portuguesa de Energia, 3ª edição, 2001, p. 70).
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