quarta-feira, outubro 12, 2005

Ciclones tropicais

A temporada de 2005 dos ciclones tropicais originou grandes catástrofes que foram imediatamente transformadas em acontecimentos representativos dos resultados das emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa.

Para chegar à análise de uma hipotética ligação entre os ciclones tropicais e o efeito de estufa convém dar uma vista de olhos à ciclogénese. Não se trata de um assunto fácil. Pode-se mesmo afirmar que as tragédias dos tufões Katrina e Rita constituem o melhor exemplo da nossa enorme ignorância acerca da dinâmica do tempo e do clima.

A palavra ciclone, do grego kuklos que evoca o enroscamento da serpente, foi utilizada pela primeira vez em 1854 por Piddington, em Calcutá, para designar a tempestade tropical (tropical storm). Em seguida foi generalizada para designar todas as depressões - ( Leroux, Marcel - La dynamique du temps et du climat. 2ª ed. , Dunod, Paris, 2000, p.194).

O ciclone tropical é chamado typhon no Extremo-Oriente (thaï fong em chinês, taï fu em japonês, toofan em indiano, tufan em árabe), baguio nas Filipinas, willy-willy na Austrália (termo designando também os tornados), cordonazo no México enquanto o termo nas Caraíbas hura kan deu huracàn em castelhano, hurricane em inglês e ouragan em francês - (idem).

Em português estão consagrados os termos furacão para os ciclones tropicais do Atlântico e tufão para os do Pacífico (mnemónica: f/A e t/P, com f antes de t e A antes de P na ordem alfabética).

Os ciclones mais importantes merecem o qualificativo de super. Fenómenos impressionantes e destruidores os ciclones têm centralizado a investigação tropical. Eles começaram a ser mais bem conhecidos muito recentemente, após voos no interior do seu designado olho e da inspecção com o uso de satélites.

Existem porém muitas divergências de opinião quanto à génese dos ciclones tropicais. Uma delas, em particular, é a do grau de importância das condições térmicas dos oceanos. Outra é acerca das causas das suas trajectórias, consideradas caprichosas e imprevisíveis.

Se fosse possível prever as trajectórias e - mais ainda - rectificá-las, quantas vidas humanas não teriam sido salvas até hoje? Mas nem os mais potentes computadores nem os melhores modelos climáticos conseguem efectuar tais previsões.

E porquê? Porque não se conhece o esquema conceptual deste fenómeno físico. Por isso não é possível transpô-lo para modelos. O mesmo se passa com os modelos climáticos em geral que pretendem prever o aquecimento global, as alterações climáticas e os fenómenos extremos – cheias, secas, tufões, p.e. – sem se conhecerem as explicações físicas exactas para tais fenómenos.

De acordo com o Tropical Prediction Centre, Miami, o registo dos tufões – desde 1851 – que atingiram a costa dos Estados Unidos, indica que foi a década de 1941-1950 aquela que apresentou a maior actividade (24 tufões).

Os anos da década de 40 do século XX situaram-se a meio do Óptimo Climático Contemporâneo (1930-1960). Deste modo, não foi seguramente o aquecimento global que motivou o aparecimento dos 24 ciclones de então. O Intergovernmental Panel on Climate Change acusa o aquecimento global de ter começado a actuar apenas mais de vinte anos depois de 1950 (Vd . o “hockey stick”).

Daí, associar o número de tufões por década (por ano tem menos significado) ao efeito de estufa é mais um dos abusos sem sentido realizado pelos defensores de uma teoria já refutada no blog.