domingo, janeiro 10, 2010

Neve no Porto

[Actualização de 11-01-2010 com a Obs. final]

Cai neve um pouco por todo o país (sapo.pt)
10 de Janeiro de 2010, 11:48

A neve caía às 10:40 de hoje com intensidade nos distritos da Guarda e Viseu, disse à Agência Lusa fonte da Autoridade Nacional de Protecção Civil, acrescentando que nevava também no Porto e chegaram a cair alguns flocos em Abrantes.


Ao todo, sete distritos do norte do país registavam queda de neve na manhã de hoje, mas só em volta do maciço central da Serra da Estrela e em algumas estradas municipais do distrito de Viseu foi necessário cortar a circulação automóvel.

A neve caía no distrito de Viana do Castelo (Ponte da Barca e Ponte de Lima), em Braga (Braga, Fafe, Guimarães e Vizela), no Porto (Porto, Paredes, Maia, Amarante, Trofa, Lousada, Matosinhos e Felgueiras), no distrito de Vila Real (Mondim de Basto, Ribeira de Pena, Régua e Montalegre).

Ao SAPO chegou a informação de que também cai neve no distrito de Portalegre (Serra de S. Mamede e Elvas).

Registava-se queda de neve também no distrito de Aveiro, na Serra da Freita, no concelho de Arouca.

O trânsito está condicionado nalgumas zonas altas da Covilhã e a Câmara está a espalhar sal nas ruas para derreter a neve, que cai sem parar desde as 07:30 de hoje, disse fonte da protecção civil municipal.

Há algumas ruas mais íngremes onde a circulação não é aconselhada e o acesso à Serra da Estrela está cortado logo à saída da Covilhã, onde se encontram elementos da GNR.
Na Serra da Estrela, todas as estradas de acesso ao maciço central estão cortadas desde as 09:30.


Segundo o Comando Distrital de Operação de Socorro (CDOS) de Castelo Branco, neva um pouco por todo o distrito, com mais intensidade a norte da Serra da Gardunha, onde o manto branco se tem acumulado.

No entanto, não há registo de quaisquer acidentes relacionados com o nevão.

O fenómeno raro de queda de flocos de neve na cidade do Porto, segue-se às notícias que anunciam nevões por todo o lado no Hemisfério Norte. O blogue O Insurgente tem noticiado largamente estes factos. Ler por exemplo:

Arrefecimento local provoca danos na Europa

Cuidado com o frio…

E ainda recebeu um bónus…

Interessa destacar que esta situação do HN resulta da actividade do Pólo Norte (incluindo o Norte da Gronelândia) que envia anticiclones móveis polares (AMP) intensos e frequentes definidores do actual modo rápido. A região boreal está mesmo muito fria.

E este modo rápido define, por sua vez, um cenário de não-aquecimento contrariamente ao que tem sido diagnosticado erradamente. Antes pelo contrário acentua-se um cenário de arrefecimento com consequências para a seca meteorológica, p.e.

Do mesmo modo, as depressões que originaram os danos na região do Oeste, Estremadura, foram geradas pelo movimento dos AMP que recolheram o substrato húmido e menos frio que foram encontrando na sua trajectória meridional. Quanto mais potentes são os AMP mais cavadas são as depressões que provocam.

Transcreve-se igualmente a nota do IM:

Situação de Tempo Severo na Região Oeste
2009-12-28 (IM)


Na madrugada do dia 23 de Dezembro de 2009, a região do Oeste de Portugal Continental foi atravessada por uma depressão muito cavada, tendo sido registado um valor mínimo da pressão ao nível médio do mar de 969.4 hPa às 04:20 horas locais na estação do Cabo Carvoeiro.


De acordo com uma análise preliminar, no presente episódio e considerando a rede de estações do IM (cuja distância média entre estações é inferior a 30 km), verificou-se que foi também na mesma estação que se registaram os valores mais elevados da intensidade do vento. Em particular, o vento médio atingiu cerca de 90 km/h às 4:40 e a rajada 140 km/h às 4:50 de dia 23.

O cavamento da depressão, ou seja, a diminuição da pressão no seu centro, foi muito acentuado, em particular no momento da passagem sobre o território. Uma análise preliminar permite estimar um cavamento de cerca de 20 hPa num período de 24 horas, o que à latitude de Portugal Continental permite classificar este evento como um episódio extremo.

As observações efectuadas pelo sistema de radar Doppler de Coruche permitiram identificar e seguir o referido núcleo depressionário, à aproximação e passagem pela referida região. Na animação do produto MAXZ (ver Enciclopédia METEO.PT/Observação Remota/Radar) o núcleo depressionário começa a ser identificado pelas 3:10 UTC ainda sobre o mar, a sudoeste do Cabo Carvoeiro; pelas 4:20 UTC, no seu deslocamento para nordeste, o núcleo da depressão encontra-se já sobre o mesmo cabo, à hora a que foi observado na referida estação o valor mínimo de pressão atmosférica. Ao prosseguir o seu movimento para nordeste, para o interior do território, o núcleo depressionário foi enchendo (aumentando a pressão no seu centro) e os ventos associados diminuindo de intensidade.


O presente episódio é semelhante a outros que ocorreram em Portugal Continental no passado, como são exemplos os temporais de 5 a 6 de Novembro de 1997 no Alentejo e de 6 a 7 de Dezembro de 2000 no litoral Norte e Centro.

É importante clarificar que este fenómeno não se enquadra na classe de ciclones tropicais, cuja natureza é distinta da do fenómeno actual. Por exemplo, é de notar, que um ciclone tropical de categoria 1 apresenta vento médio superior a cerca de 120 km/h, valor que não foi registado em nenhuma das estações da rede do IM.

Ver sequência de imagens, geradas pelo sistema RADAR Meteorológico do IM, I.P., da situação dia 23 Dezembro 2009.

Em contrapartida, no Hemisfério Sul as ondas de calor sucedem-se após a formação de aglutinações anticiclónicas (AA) geradas por AMP de origem austral igualmente potentes, mesmo para a época do ano. Esta situação reflecte igualmente o frio registado na região austral e, também, o modo rápido predominante.

Um facto curioso é o da sistemática formação de aglutinações anticiclónicas em Portugal, desde o início do Outono e no Inverno, interrompidas pela situação acima explicada pelo IM relativamente às depressões.

Após a passagem das depressões logo se formaram mais AA. Estas AA não deram origem a ondas de calor devido à reduzida temperatura dos solos (menor contra radiação terrestre) e à menor luminosidade que se verifica em quase todo o território.

Obs.: De acordo com o solicitado por vários leitores, sugere-se a leitura dos posts de Maio de 2005 dedicados aos AMP e às AA.