domingo, dezembro 27, 2009

Uma conspiração climática?

Hoje em dia, há quem acredite, ingenuamente, que a ciência se “faz” apenas através da publicação de artigos, revistos e aprovados por pares (peer-review), em revistas científicas de referência. No entanto, nalgumas áreas da ciência, designadamente na Climatologia, a falta de transparência, a desonestidade, a impudência, a tacanhez de espírito e a deslealdade são de tal monta, que o processo está ferido de morte.

Sem dúvida que o produto final de qualquer pesquisa científica é a sua publicação. O número de artigos, a sua qualidade, o prestígio das revistas em que aparecem e o número de vezes que são citados por outros autores, são extremamente importantes na carreira de um cientista. As suas hipóteses de ascensão na carreira e o financiamento dos seus projectos dependem do sucesso dos seus artigos. No mundo da ciência, a literatura é tudo, a blogosfera é quase irrelevante.

Foi recentemente publicado um artigo, “Uma conspiração climatológica?”, por dois cientistas que sofreram na pele um processo kafkiano de peer-review, em Climatologia. A difusão dos emails do CRU, Climate Research Unit, veio agora confirmar o que muitos cientistas suspeitavam há muito tempo, ou seja, que é quase impossível publicar um artigo que contradiga a validade da tese do AGW (Anthropogenic Global Warming, em terminologia anglo-saxónica). Este artigo revela o grau de corrupção que existe no processo de revisão e na publicação da literatura climática.

Neste caso os praticantes da “conspiração” foram componentes do Team* de cientistas do AGW associados ao editor do International of Climatology Journal (IJC), Glen McGregor.

O Team conseguiu adiar a publicação de um artigo dos cientistas Douglass, Christy, Pearson e Singer (DCPS), negando a sua publicação numa outra revista, atrasando a sua publicação escrita no IJC quase um ano, com o objectivo de a fazer coincidir com um artigo de resposta, sonegando informação aos autores, recusando a cedência de dados e negando qualquer direito de resposta em simultâneo.

O artigo de DCPS, revisto e aprovado num processo tradicional (à segunda tentativa), demonstra que os modelos do IPCC, que prevêem um aquecimento global notável, estão em desacordo com a realidade dos dados observados. Isto é, demonstra que os modelos do IPCC não reproduzem as observações dos últimos anos.

Deixamos ao cuidado dos leitores o julgamento do esforço feito pelo Team, revelado por dezenas de emails trocados durante quase um ano. O comportamento inadequado dos componentes do Team revelam, designadamente:

(a) Uma cooperação incomum entre autores de artigos e editores de revistas;
(b) Distorção de factos conhecidos;
(c) Ataque ao bom-nome dos cientistas (DCPS);
(d) Fuga da tradicional troca de opiniões;
(e) Uso de informações confidenciais;
(f) Distorção, ou má compreensão, das questões científicas colocadas por DCPS;
(g) Retenção de dados.

As acções do Team revelam que a sua tese do AGW está tão mal fundamentada, que nem eles próprios confiam nos seus dados, nas suas análises e nas suas conclusões. Porque será que eles receiam apenas a publicação de um artigo?

Quem pode agora acreditar nestes cientistas do clima? Quem pode agora acreditar neste processo de peer-review? Quem pode agora acreditar nestas publicações ditas científicas?
Foi sem dúvida um golpe baixo na ciência que levará algum tempo a recuperar a sua credibilidade.
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* O Team é um grupo de cientistas do clima que colabora frequentemente entre si e publica artigos apoiando a tese do aquecimento global de origem humana (AGW). No caso em apreço, os membros do Team foram Ben Santer, Phil Jones, Timothy Osborn, Tom Wigley e vários outros com papéis menores.