quarta-feira, junho 24, 2009

A fábula do aquecimento global (2)

(Continuação da entrevista da La Nouvelle Revue d’Histoire)

La Nouvelle Revue d’Histoire – Depois de termos perdido a memória paleoclimática, será que também perdemos a memória de curto prazo em matéria climática?

Marcel Leroux – Nos tempos actuais, a memória climática tende a ser muito selectiva.

Não se ouve falar das temperaturas outonais do surpreendente mês de Agosto de 2006. Esquecemo-nos depressa do Inverno de 2006-2007 em que se bateram recordes de frio e de queda de neve. [Já pouco se fala do festival de neve deste Inverno de 2008-2009.]

Esquecemo-nos, ainda, do Inverno do ano 2000 quando a Sibéria registou as suas temperaturas mais baixas e quando a Mongólia teve de recorrer à ajuda internacional para enfrentar um Inverno rigorosíssimo.

Sem falar da omissão relativamente a África que beneficiou de uma pluviometria superior à normal no decurso dos anos 1960. Uma tal quantidade de chuva fez expandir a região do Sahel para Norte, com o recuo do deserto sariano.

Na mesma época, a floresta boreal e a exploração agrícola na Eurásia do Norte e no Canadá ganharam terreno em direcção ao Norte.

Depois, a partir de 1972, reverteu-se a tendência benéfica das precipitações em África. A pluviometria decresceu dramaticamente e o Sahel deslizou progressivamente para Sul.

La Nouvelle Revue d’Histoire – O Homem deve ter medo do aquecimento anunciado por certos «experts»?

Marcel Leroux – Historicamente, pode-se averiguar que os períodos quentes foram sempre tempos fastos. Por exemplo, foi o que aconteceu no início da nossa era durante os anos triunfantes da República e do Império romano.

Na época da epopeia dos vikings, que se estabeleceram na Gronelândia e no Norte da América, entre 1150 e 1300, vigorou um óptimo climático na Europa Central e Ocidental.

As culturas, em particular a vitivinicultura, deslocaram-se de 4 a 5 graus de latitude em direcção ao Norte durante esse óptimo climático. [Na Inglaterra produzia-se vinho até quase à fronteira com a Escócia.]

O «doce século doze» (gentle twelfth century) representou para a tradição escocesa uma «idade de ouro» com Invernos doces e Verões secos. Posteriormente, após uma queda nas temperaturas, produziu-se um retorno para um período «quente».

Este período quente, também conhecido pelos especialistas sob o nome de Óptimo Climático Medieval (OCM), favoreceu as grandes viagens que originaram as descobertas.

Por oposição, os episódios frios foram considerados como «períodos sombrios» (dark ages), como aquele que, depois de 1410, cortou as ligações com a Gronelândia. Ou como aquele da Pequena Idade do Gelo, entre 1600 e 1850.

A Pequena Idade do Gelo atingiu um maior rigor cerca de 1708-1709. Este curto período foi denominado por Réaumur (1683-1757) como «o ano do grande Inverno».

Os glaciares alpinos expandiram-se na Pequena Idade do Gelo. Os camponeses de Chamonix testemunharam essa expansão ao registarem, em 1789, as suas reclamações pelos estragos causados nos prados invadidos pelo gelo.

É, portanto, ridículo da parte dos media pretender que o calor seja sinónimo de calamidade. Em particular, durante o Inverno, a generalidade das pessoas pensa no Verão. Sonha com férias em Espanha ou em Marrocos. Isto é, sonha com o Sol!

Desta maneira, é incompreensível como «a inverosímil doçura» do mês de Dezembro de 2006, com uma factura energética atenuada pela menor necessidade de aquecimento, foi apresentada pelos media como uma catástrofe!

(Continua)