domingo, outubro 22, 2006

Catedrais e pontes

(continuação da palestra de Fred Goldberg)

O clima quente dos séculos XII e XIII foi propício para boas safras, as quais permitiram o abandono dos campos. A produtividade das terras permitia alimentar não só os camponeses como os citadinos. Tanto no Verão como no Inverno.

A libertação de mão-de-obra dos campos foi um dos factores que contribuiu para a construção de grandes catedrais. Foi um tempo de eldorado para os arquitectos. A Notre Dame, de Paris, foi encomendada pelo Bispo Maurice de Sully em 1159.

Em Inglaterra, a Catedral de Cantuária começou a ser construída em 1170. A de Lincoln, poucas vezes mencionada, em 1192. A construção em série de catedrais góticas foi executada pelo excesso de mão-de-obra e financiada pela riqueza acumulada.

Durante o Período Quente Medieval houve também uma construção febril de pontes. Nesse período verificaram-se precipitações mais elevadas do que actualmente em determinadas regiões.

Esse aumento de caudais levou à construção de pontes em lugares que hoje estão a seco. Exemplo desta anomalia encontra-se em Palermo, na Sicília. Foi construída a Ponte dell’Ammivaglio sobre o Rio Oreto, em 1113. O leito do rio está agora seco.

Um outro bom exemplo é o da famosa Pont d’Avignon no baixo Rhone. Construída entre 1177 e 1185 quando o rio transbordava, é uma ponte sobre um rio domesticado.

Em resumo, a colonização da Islândia e da Gronelândia, a chegada dos escandinavos à América, a construção de catedrais e de pontes medievais na Europa são sinais de um fenómeno climático – o Medieval Warm Period – que deixou marcas indeléveis.

Uma outra curiosidade foi a reabertura das minas de cobre dos Alpes, durante o MWP, que floresceram até ao novo avanço do gelo. Haviam sido seladas em tempos pré-históricos, no início de uma glaciação.
(continua)