quarta-feira, setembro 27, 2006

A questão da escala do tempo na variabilidade climática

Bob Carter, geólogo australiano, encerrou a 1ª sessão do simpósio «Global Warming – Scientific Controversies in Climate Variability», de Estocolmo. A sua apresentação «Deep time to our time: the scale factor in climate change” comparou resultados obtidos com cilindros de gelo, do Antárctico e da Gronelândia, e sedimentos marinhos.

Os cilindros de gelo fornecem proxies “clássicos” da temperatura desde tempos imemoriais. Do Antárctico desde há 1 milhão de anos. Da Gronelândia desde há 150 mil anos.

Os sedimentos marinhos foram obtidos na plataforma continental da Nova Zelândia. Fornecem proxies desde há 1 milhão e 200 mil anos. Bob chamou a atenção para as diversas tendências que se obtêm conforme os períodos analisados. Assim:

1 – Desde há 16 000 anos verifica-se uma tendência para aquecimento;
2 – Desde há 10 000 anos a tendência é de arrefecimento;
3 – Desde há 2000 anos (era Cristã) a tendência é de arrefecimento;
4 – Desde há 700 anos (ciclo da Pequena Era do Gelo) a tendência é para a estabilização;
5 – Desde há 100 anos a tendência é para o aquecimento.

Como se vê, há tendências para todos os gostos. Deste modo, quando se ouve um cientista falar sobre a tendência do «global warming» devemos estar atentos para o intervalo de tempo que ele utiliza.

Bob, de acordo com as análises dos sedimentos marinhos, conclui que o «global warming» teve um máximo em 1998. Desde então verifica-se uma tendência para a diminuição das temperaturas médias globais.

Em termos de radiação a taxa de aumento entre 1993 e 2005 foi de + 0,33 W/m2 ± 0,23 W/m2. Já a taxa de arrefecimento entre 2003 e 2005 foi de – 1,01 W/m2 ± 0,33 W/m2. O oceano donde foram retirados os sedimentos, arrefeceu entre 2004-2005.

A apresentação de Bob Carter encontra-se on-line. Pode-se obter não só a palestra como os slides apresentados em Estocolmo.

Bob terminou com um lamento. Afirmou que hoje em dia, um cientista que faça publicamente afirmações não-alarmistas, como as que ele acabou de fazer em Estocolmo, já sabe que vê as portas fechadas para financiamentos das suas investigações.

Robert (Bob) Carter é investigador do Laboratório Geofísico Marinho da Universidade James Cook, Austrália. É autor de uma vasta obra que se pode encontrar facilmente na Internet.