segunda-feira, agosto 22, 2005

SIAM contra a Ciência

Conforme se viu anteriormente, de acordo com a opinião da EPA, os norte-americanos nem sequer atribuem significado a um estudo climático que abrangesse uma área igual à do seu país. Por isso não gastaram um cêntimo que fosse com uma perda de tempo e de dinheiro que seria obter resultados sem qualquer significado.

Mas em Portugal houve quem não tivesse o pudor de realizar um estudo relativo ao nosso pequeno rectângulo. Mais grave do que a aplicação ao rectângulo continental foi ter-se feito um segundo estudo aplicado às ilhas dos Açores e estar em preparação mais outro para a ilha da Madeira. Tudo isto também com gastos de dinheiros públicos. Não sabemos se está também previsto algum para as Berlengas e os Farilhões…

Foi deste modo que apareceu, com pompa e circunstância, o designado “Climate Change in Portugal. Scenarios, Impacts and Adaptation Measures” (SIAM) pretendendo-se avaliar variáveis climáticas para um intervalo de um século, isto é, projectadas até 2100, para Portugal.

Este impensável estudo foi financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – do Ministério da Ciência e da Tecnologia –, pelo Instituto da Água e pela Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

A lista das instituições, nacionais e internacionais, que apoiaram esta especulação sem sentido nem significado físico, científico ou climático é vastíssima. Eis alguns nomes que mancharam a sua reputação ao avalisar esta pura fantasia:

- Instituto do Ambiente, Direcção Geral de Energia, Direcção Geral de Saúde, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Instituto de Meteorologia, Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Instituto Superior de Agronomia, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, etc., etc.

- IPCC, Hardley Centre (UK) e o United Kingdom Meteorological Office (considerada a meca do dogmatismo climático). Este apoio não dignifica a elite que está à frente de um processo de tamanha repercussão para a humanidade.

Se é grave o envolvimento daquelas instituições nacionais, embora compreensível porque alguém as conduziu ao embuste, é gravíssima a participação das internacionais que tinham perfeito conhecimento de causa sobre a completa falta de credibilidade de um estudo deste jaez.

Se dúvidas houvesse sobre a ética, ou antes sobre a falta dela, com que o IPCC conduz este tema, este pequeno exemplo demonstra perfeitamente o modo enviesado como foram conduzidos os trabalhos do FAR, do SAR e o do TAR, já nossos conhecidos.