Perguntas e respostas do Prof. Molion (3)
8 - O senhor crê na ideia de que o Protocolo de Quioto não produz efeitos no clima da Terra? E quanto ao Protocolo de Montreal, que obrigou os 191 países signatários a extinguirem o CFC e outras substâncias destruidoras de ozono?
R. Sob o ponto de vista de efeito-estufa e de aquecimento global, o Protocolo de Kyoto é inútil, assim como serão quaisquer tentativas de reduzir as concentracções de carbono na atmosfera e “combater o efeito-estufa” que venham a sair da COP 15! Nele, é proposta uma redução de 5,2% das emissões relativas aos níveis do ano 1990. Estamos falando de cerca de 0,3 biliões de toneladas de carbono por ano (GtC/ano). Para se ter uma ideia, estima-se que os fluxos naturais entre os oceanos, solos e vegetação somem cerca de 200 GtC/ano. A incerteza admitida nessas estimativas, perfeitamente aceitável, é de 20%, o que representa um total de 40 GtC/ano, para cima ou para baixo (80GtC/ano), 13 vezes mais do que o homem coloca na atmosfera e 270 vezes a redução proposta por Kyoto.
Entretanto, mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) , actividades humanas que reduzam a poluição (note, poluição e não CO2!) do ar, das águas e dos solos, reflorestamento de áreas degradadas, são medidas sempre muito bem vindas e devem ser apoiadas! É importante não confundir conservação ambiental com mudanças climáticas! Aqueça ou esfrie, temos que conservar o ambiente, mudar nossos hábitos de consumo, para a própria sobrevivência da espécie humana! Dados a minha idade (63 anos) e conhecimento dessa área, eu já vi algo muito semelhante ocorrer no passado próximo, utilizando exactamente a mesma “receita”: a eliminação dos CFCs (Protocolo de Montreal) sob a alegação que destruíam a camada de ozono.
Em minha opinião, foi uma grande farsa, um grande golpe económico para que as indústrias, que detinham as patentes dos substitutos e que têm suas matrizes no G7, e lá pagam impostos sobre seus lucros, explorassem os países em desenvolvimento, particularmente os tropicais (Brasil, Índia...) que precisam de refrigeração a baixo custo. É sabido que a concentração de ozono depende da actividade solar, mais especificamente, da produção de radiação ultravioleta (UV) pelo Sol. Ou seja, o ozono não filtra a UV e, sim, a UV é consumida, retirada do fluxo solar para a formação do ozono. O Sol tem um ciclo de 90 anos. Esteve num mínimo desse ciclo no final o Século XIX e na primeira década do Século XX e apresentou um máximo em 1957/58, Ano Geofísico Internacional, quando a rede de medição das concentracções de ozono se expandiu e os dados de ozono passaram a ser amplamente colectados e disseminados.
A partir dos anos 1960, a actividade solar (UV) começou a diminuir e a camada de ozono teve suas concentracções reduzidas paulatinamente. O Sol está iniciando um novo mínimo do ciclo de 90 anos e estará com actividade baixa nos próximos 22 anos, até cerca de 2032. A camada de ozono atingirá seus valores mínimos desde que começou a ser monitorada nesse período. Mas, como os CFCs já foram praticamente eliminados e a exploração económica já foi resolvida, não se fala mais sobre o assunto. Em princípio, o Sol só voltará a um máximo, semelhante ao dos anos 1960, por volta do ano 2050. Só aí, possivelmente, é que a camada de ozono venha a atingir os mesmo níveis dos anos 1950/60. O aquecimento global antropogénico segue a mesma “receita” que eliminou os CFCs. Esses gases estáveis, não tóxicos e não-corrosivos, tinham um terrível “defeito”: não pagavam mais direitos de propriedade (“royalties”). Hoje se vê claramente quem foram os beneficiados por tal falcatrua. Os do aquecimento global antropogénico ainda não são óbvios, mas a História dirá!
9 - A elevada concentração, na atmosfera, de CO2 e outros gases que supostamente causam o efeito de estufa não interfere na saúde humana?
R. O principal gás de efeito-estufa, se é que esse efeito existe, é o vapor d’ água, água na forma de gás. Em alguns lugares e ocasiões, sua concentração chega a ser 100 vezes superior à do CO2. Este, por sua vez, é um gás natural, é o gás da vida. Na hipótese, altamente absurda, de conseguirmos eliminar o CO2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra. O homem e os outros animais não produzem os alimentos que consomem. São as plantas que o fazem, por meio da fotossíntese, absorvendo CO2 e produzindo amidos, açúcares e fibras. Outros gases, como metano e óxidos de nitrogénio estão presentes em concentrações muito baixas, que não causam problemas.
A propósito, as concentrações de metano se estabilizaram nos últimos 20 anos, embora as actividades agropecuárias, como orizicultura e pecuária ruminante, continuem a se expandir. A pecuária, por exemplo, cresce numa taxa de 17 milhões de cabeças por ano e o Brasil já passou de 200 milhões de cabeças. Fala-se muito que aumento de temperatura global aumentaria o número de doenças que dependem de mosquitos como vectores (febre amarela, malária, dengue, por exemplo). O mosquito anofelino, que transmite a malária, foi encontrado em tumba de faraó, de mais de 5 mil anos de existência. Convém lembrar que a malária matou milhares de pessoas na Sibéria, nos anos 1920, um período muito frio, e que já foi encontrado Aedes Aegypti vivendo a –15°C (abaixo de zero). Esses mosquitos que passaram por várias mudanças climáticas, já sobreviveram a climas mais quentes e frios e continuam matando seres humanos. Portanto, o problema seria mais de saneamento básico do que clima. Entretanto, todo o esforço que se fizer para diminuir a poluição do ar, águas e solos, será muito benéfico para a Humanidade.
10 - A mudança de paradigma energético não poderia beneficiar a civilização contemporânea e as futuras gerações, promovendo o desenvolvimento de novas tecnologias e gerando emprego e renda no campo e nas cidades?
R. Energia é a mola do desenvolvimento e será o grande problema da Humanidade no futuro próximo. A matriz energética global está baseada em combustíveis fósseis, carvão mineral e petróleo, ambos não-renováveis. Porém, não é o carbono desses combustíveis que polui e sim alguns de seus constituintes, principalmente o enxofre neles contido. O enxofre é poluição e há tecnologia disponível para eliminar sua emissão para a atmosfera. Sua adopção, porém, faria com que a energia eléctrica gerada custasse mais cara! Até se conseguir outras formas não-poluentes de gerar energia, como hidrogénio ou fusão (não fissão) nuclear, é importante que a Humanidade diversifique a matriz energética, explorando as renováveis, como solar e biomassa (lenha, carvão vegetal, etanol e biodiesel). Há que se ter cuidado, porém. Nos EEUU, o etanol está sendo feito de milho e isso está interferindo na cadeia alimentar do ser humano, ou directamente, ou indirectamente uma vez que o milho é um dos componentes das rações animais.
Nota: O Prof. Molion deu uma entrevista para o Programa Canal Livre, TV Band, no domingo passado, dia 10. O programa tem uma audiência de 7 milhões de telespectadores, segundo a emissora. Veja-se a entrevista (nos vídeos 1 a 6) no site:
www.band.com.br/canallivre/videos.asp
Ela só fica na web até domingo que vem, quando será reposta pela nova entrevista. Parece que está fazendo sucesso.
R. Sob o ponto de vista de efeito-estufa e de aquecimento global, o Protocolo de Kyoto é inútil, assim como serão quaisquer tentativas de reduzir as concentracções de carbono na atmosfera e “combater o efeito-estufa” que venham a sair da COP 15! Nele, é proposta uma redução de 5,2% das emissões relativas aos níveis do ano 1990. Estamos falando de cerca de 0,3 biliões de toneladas de carbono por ano (GtC/ano). Para se ter uma ideia, estima-se que os fluxos naturais entre os oceanos, solos e vegetação somem cerca de 200 GtC/ano. A incerteza admitida nessas estimativas, perfeitamente aceitável, é de 20%, o que representa um total de 40 GtC/ano, para cima ou para baixo (80GtC/ano), 13 vezes mais do que o homem coloca na atmosfera e 270 vezes a redução proposta por Kyoto.
Entretanto, mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) , actividades humanas que reduzam a poluição (note, poluição e não CO2!) do ar, das águas e dos solos, reflorestamento de áreas degradadas, são medidas sempre muito bem vindas e devem ser apoiadas! É importante não confundir conservação ambiental com mudanças climáticas! Aqueça ou esfrie, temos que conservar o ambiente, mudar nossos hábitos de consumo, para a própria sobrevivência da espécie humana! Dados a minha idade (63 anos) e conhecimento dessa área, eu já vi algo muito semelhante ocorrer no passado próximo, utilizando exactamente a mesma “receita”: a eliminação dos CFCs (Protocolo de Montreal) sob a alegação que destruíam a camada de ozono.
Em minha opinião, foi uma grande farsa, um grande golpe económico para que as indústrias, que detinham as patentes dos substitutos e que têm suas matrizes no G7, e lá pagam impostos sobre seus lucros, explorassem os países em desenvolvimento, particularmente os tropicais (Brasil, Índia...) que precisam de refrigeração a baixo custo. É sabido que a concentração de ozono depende da actividade solar, mais especificamente, da produção de radiação ultravioleta (UV) pelo Sol. Ou seja, o ozono não filtra a UV e, sim, a UV é consumida, retirada do fluxo solar para a formação do ozono. O Sol tem um ciclo de 90 anos. Esteve num mínimo desse ciclo no final o Século XIX e na primeira década do Século XX e apresentou um máximo em 1957/58, Ano Geofísico Internacional, quando a rede de medição das concentracções de ozono se expandiu e os dados de ozono passaram a ser amplamente colectados e disseminados.
A partir dos anos 1960, a actividade solar (UV) começou a diminuir e a camada de ozono teve suas concentracções reduzidas paulatinamente. O Sol está iniciando um novo mínimo do ciclo de 90 anos e estará com actividade baixa nos próximos 22 anos, até cerca de 2032. A camada de ozono atingirá seus valores mínimos desde que começou a ser monitorada nesse período. Mas, como os CFCs já foram praticamente eliminados e a exploração económica já foi resolvida, não se fala mais sobre o assunto. Em princípio, o Sol só voltará a um máximo, semelhante ao dos anos 1960, por volta do ano 2050. Só aí, possivelmente, é que a camada de ozono venha a atingir os mesmo níveis dos anos 1950/60. O aquecimento global antropogénico segue a mesma “receita” que eliminou os CFCs. Esses gases estáveis, não tóxicos e não-corrosivos, tinham um terrível “defeito”: não pagavam mais direitos de propriedade (“royalties”). Hoje se vê claramente quem foram os beneficiados por tal falcatrua. Os do aquecimento global antropogénico ainda não são óbvios, mas a História dirá!
9 - A elevada concentração, na atmosfera, de CO2 e outros gases que supostamente causam o efeito de estufa não interfere na saúde humana?
R. O principal gás de efeito-estufa, se é que esse efeito existe, é o vapor d’ água, água na forma de gás. Em alguns lugares e ocasiões, sua concentração chega a ser 100 vezes superior à do CO2. Este, por sua vez, é um gás natural, é o gás da vida. Na hipótese, altamente absurda, de conseguirmos eliminar o CO2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra. O homem e os outros animais não produzem os alimentos que consomem. São as plantas que o fazem, por meio da fotossíntese, absorvendo CO2 e produzindo amidos, açúcares e fibras. Outros gases, como metano e óxidos de nitrogénio estão presentes em concentrações muito baixas, que não causam problemas.
A propósito, as concentrações de metano se estabilizaram nos últimos 20 anos, embora as actividades agropecuárias, como orizicultura e pecuária ruminante, continuem a se expandir. A pecuária, por exemplo, cresce numa taxa de 17 milhões de cabeças por ano e o Brasil já passou de 200 milhões de cabeças. Fala-se muito que aumento de temperatura global aumentaria o número de doenças que dependem de mosquitos como vectores (febre amarela, malária, dengue, por exemplo). O mosquito anofelino, que transmite a malária, foi encontrado em tumba de faraó, de mais de 5 mil anos de existência. Convém lembrar que a malária matou milhares de pessoas na Sibéria, nos anos 1920, um período muito frio, e que já foi encontrado Aedes Aegypti vivendo a –15°C (abaixo de zero). Esses mosquitos que passaram por várias mudanças climáticas, já sobreviveram a climas mais quentes e frios e continuam matando seres humanos. Portanto, o problema seria mais de saneamento básico do que clima. Entretanto, todo o esforço que se fizer para diminuir a poluição do ar, águas e solos, será muito benéfico para a Humanidade.
10 - A mudança de paradigma energético não poderia beneficiar a civilização contemporânea e as futuras gerações, promovendo o desenvolvimento de novas tecnologias e gerando emprego e renda no campo e nas cidades?
R. Energia é a mola do desenvolvimento e será o grande problema da Humanidade no futuro próximo. A matriz energética global está baseada em combustíveis fósseis, carvão mineral e petróleo, ambos não-renováveis. Porém, não é o carbono desses combustíveis que polui e sim alguns de seus constituintes, principalmente o enxofre neles contido. O enxofre é poluição e há tecnologia disponível para eliminar sua emissão para a atmosfera. Sua adopção, porém, faria com que a energia eléctrica gerada custasse mais cara! Até se conseguir outras formas não-poluentes de gerar energia, como hidrogénio ou fusão (não fissão) nuclear, é importante que a Humanidade diversifique a matriz energética, explorando as renováveis, como solar e biomassa (lenha, carvão vegetal, etanol e biodiesel). Há que se ter cuidado, porém. Nos EEUU, o etanol está sendo feito de milho e isso está interferindo na cadeia alimentar do ser humano, ou directamente, ou indirectamente uma vez que o milho é um dos componentes das rações animais.
Nota: O Prof. Molion deu uma entrevista para o Programa Canal Livre, TV Band, no domingo passado, dia 10. O programa tem uma audiência de 7 milhões de telespectadores, segundo a emissora. Veja-se a entrevista (nos vídeos 1 a 6) no site:
www.band.com.br/canallivre/videos.asp
Ela só fica na web até domingo que vem, quando será reposta pela nova entrevista. Parece que está fazendo sucesso.
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