sábado, outubro 20, 2007

O IPCC é político ou científico? (1)

Esta é a última das perguntas de Bob Carter feita na célebre Conferência de Brisbane que temos vindo a relatar desde 21 de Junho de 2007. A resposta é que o IPCC é mais político do que científico.

A maioria dos governos obtém informação sobre alterações climáticas por meio do material difundido pelo IPCC. Este foi formado pela Organização das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial que, por sua vez, é um organismo da ONU.

O IPCC já editou até agora três grandes colecções (sem contar com 2007): o Primeiro (1990), o Segundo (1995) e o Terceiro (2001) Relatório de Avaliação. Cada um deles incorpora conhecimentos e opiniões de muitas centenas de cientistas qualificados.

O IPCC limita-se a fazer a triagem dos estudos e artigos publicados, não sendo propriamente um corpo de investigadores. Os relatórios detalhados são filtrados do pensamento contrário ao objectivo em vista. Não representam tudo quanto foi publicado.

Cada Relatório de Avaliação é acompanhado de um curto sumário dirigido aos decisores políticos, conhecido por SPM – Summary for Policymakers. O SPM é o alimento quase exclusivo da formação da opinião dos policymakers e dos opinionmakers.

Muitos cientistas recusam-se a participar nos trabalhos do IPCC. Outros renunciam a continuar a sua anterior participação. Tudo porque o núcleo duro que tomou conta do poder de decisão do IPCC enviesa a informação fornecida aos decisores políticos.

A este propósito, consultar Gray, 2001 e Bob Carter, 2006.

Apesar de se ter gasto cerca de 50 mil milhões de dólares na investigação, desde 1990, os argumentos da hipótese do aquecimento global provocado pelo homem têm-se tornado cada vez mais fracos nos documentos do IPCC.

Contudo, a retórica alarmista tem crescido sucessivamente de documento para documento do IPCC. Afirmou, em 1990, “Thus the observed increase could be largely due to this natural variability…”. Admitia, então, a variabilidade natural, ou seja, a verdadeira causa.

Em 1995 mudou para “The balance of evidence suggests a discernible human influence on global climate (considerable progress since the 1990 report in distinguishing between natural and anthropogenic influences on climate…)”.

Como se processou a mudança de opinião nestes cinco anos? Foi através de um elemento do núcleo duro que acrescentou esta frase, fora de horas, depois do fecho da reunião. Nunca fora aprovada em plenário do IPCC. Nestas circunstâncias, vários cientistas renunciaram colaborar com o IPCC.

Em 2001, os colaboradores que ficaram sentiram-se mais à vontade para afirmar “There is new and stronger evidence that most of the warming observed over the past 50 years is attributable to human activities.”

Em 2007, o IPCC afirma “Most of (>50 % of) the observed increase in globally averaged temperatures since the mid-20th century is very likely (confidence level >90%) due to the observed increase in anthropogenic (human) greenhouse gas concentrations.”

Esta afirmação é falsa (100 %). Deveria ser dito: “a maioria dos representantes intergovernamentais (I da sigla IPCC) presentes em Paris, em Fevereiro de 2007, votou a favor da hipótese very likely de entre quatro que o núcleo duro lhes propôs à votação”.

Já sabemos como a conclusão “very likely (confidence level >90%)” foi obtida. Não existe nenhum estudo, probabilístico ou outro, que permita tirar aquela conclusão. Bastou aos representantes intergovernamentais votar e decidir…(Vide Probabilidades à la carte)
(continua)
Correcção: No penúltimo parágrafo foi corrigido "90 % dos representantes..." por "a maioria dos representantes..."