Com Ciência Ambiental
A jornalista brasileira Mariana Moura, no âmbito de uma investigação sobre “Aquecimento Global”, descobriu o Mitos Climáticos. Resolveu, então, entrevistar o seu editor.
A entrevista foi englobada num artigo publicado na revista brasileira Com Ciência Ambiental que “freqüenta mensalmente, por meio de uma distribuição qualificada e de um amplo sistema de assinaturas, os cursos das instituições de ensino superior e médio, os institutos de pesquisa, as agências e órgãos ambientais, as instituições civis que se dedicam às questões ecológicas, as empresas, as bancas de jornais, as revistarias e as livrarias das principais praças brasileiras (sic).”
O artigo, mais geral, é intitulado “Aquecimento Global – Momentos de divergência”. O link do número da revista com a entrevista será disponibilizado logo que possível. Apresenta-se a seguir a entrevista, tal qual, com sabor da diversidade da língua portuguesa do Brasil.
“Variação climática é fenômeno perpétuo da natureza”
«A afirmação é do climatologista* português Rui Moura, autor do blog Mitos Climáticos, para quem a Terra é uma máquina térmica onde há constante troca meridional de energia. “Provavelmente, com o objetivo nunca alcançado de uniformizar as temperaturas em todo o planeta, a natureza nunca pára de trabalhar”.
Nesta entrevista concedida à Com Ciência Ambiental, Rui Moura explica as causas do aquecimento global e questiona o consenso científico apresentado pelo IPCC.
Com Ciência Ambiental — O número de cientistas que subscrevem as conclusões do IPCC reduziu do terceiro para o quarto relatório. E muitos deles foram a público criticar a forma como estão sendo conduzidos os estudos. O consenso sobre o aquecimento global está caindo?
Rui Moura — Em ciência não existe consenso. Como diria o sociólogo francês Edgard Morin, o IPCC produz ciência sem consciência. Ou, mais bem dito, produz hipóteses que nunca foram provadas. O que acontece é que muitos cientistas que colaboraram com o IPCC se afastaram pela falta de ética desse organismo da ONU, que está a provocar uma profunda crise na ciência. Outros cientistas mudaram de opinião porque as observações que fizeram não confirmavam as hipóteses do IPCC. Por exemplo, num dos seus primeiros relatórios, ditos de avaliação, dizia que as tempestades iriam diminuir - o tempo seria mais clemente - visto que cairia o gradiente (diferença) de temperatura entre os pólos e os trópicos, uma vez que os modelos “diziam” que os pólos iriam aquecer e os trópicos manteriam a temperatura. Essa conclusão seria lógica. De fato, as tempestades acalmam-se nos verões, quando diminui o gradiente de temperatura. Mas aconteceu o inverso. Os pólos arrefeceram e aumentaram as tempestades. Logo, o IPCC mudou de opinião e disse que o aquecimento global, afinal, trazia um aumento das tempestades, o que é absurdo. Outro exemplo: os modelos do IPCC “dizem” que as precipitações vão ser concentradas nos invernos (com cheias catastróficas) e que os verões seriam muito secos. Mas está a acontecer exatamente o contrário. Vide as cheias na Europa durante este verão (o meu blog fala disto em pormenor). Portanto, o IPCC vai dar, proximamente, mais uma cambalhota. A palavra “consenso” foi inventada pelo IPCC, e logo seguida pelos movimentos ambientalistas, para pressionar os decisores políticos a tomarem medidas que lhes convinham.
CCA — O senhor sustenta que os modelos climáticos computadorizados que baseiam as previsões do IPCC não refletem a realidade observada em diversas regiões do planeta. Que realidade é essa?
Rui Moura — Os modelos matemáticos que pretendem apreender o sistema climático real – os computadores são utilizados para resolver as equações matemáticas – apareceram em meados da década de 50 do século passado. Pretenderam dar resposta às previsões do tempo que se apresentavam falíveis para além de alguns dias, que cabiam numa só mão. Mas essa apreensão falhou e continua a falhar. Os computadores, por mais potentes e rápidos que sejam, não conseguem resolver um sistema de equações que não corresponde à realidade, seja do que for. É o homem que põe em equação um determinado enunciado – climático ou outro –, não é o computador. Este serve de auxiliar de cálculo. Nada mais do que isso. Na fase atual do conhecimento dos fenômenos climáticos, o homem não sabe pôr em equação o que acontece realmente na natureza. É a falta de humildade de dizer que não se sabe responder as questões postas pelo clima que leva a toda essa sarrabulhada do IPCC. Um dos dilemas mais importantes para o aprendizado do clima está naquilo a que se chama circulação geral da atmosfera. Representa as trocas de massas de ar e de energia entre os pólos e os trópicos. O nosso maravilhoso planeta também pode ser explicado como uma máquina térmica. A natureza obriga essa máquina a realizar, a qualquer instante, essa troca meridional de energia. Provavelmente, com o objetivo nunca alcançado de uniformizar as temperaturas em todo o planeta, a natureza nunca pára de trabalhar. Isto é, a natureza, de uma forma perfeitamente organizada – não caoticamente como alguns erradamente dizem – gostaria que São Paulo e Lisboa usufruíssem do mesmo clima. Ora, as equações utilizadas nos modelos matemáticos do clima baseiam-se no que se designa por esquema tricelular (células de Hadley, de Ferrel e polar). Os satélites meteorológicos vieram demonstrar que esse esquema não corresponde à realidade. Por exemplo, na célula polar diz-se que uma massa de ar frio sai dos pólos, vai aquecendo e sobe na latitude de 60º. Sendo assim, o frio ficava restrito aos paralelos 60º - 90º. Mas eu já senti frio em Miami, por exemplo. Em São Paulo nunca fez frio? Conseqüentemente, o esquema tricelular cai pela base. Mas é ele que está incorporado, com as suas equações matemáticas, nos modelos do IPCC. Podíamos ir por aí e verificar que existem outros fenômenos reais, como os processos dinâmicos no Ártico e no Antártico, que os modelos são incapazes de apreender.
CCA — De que outra forma as mudanças climáticas podem ser explicadas?
Rui Moura — A variabilidade do clima é um fenômeno perpétuo da natureza. O nosso planeta não está isolado dentro do espaço astronômico. Os planetas vizinhos, pelas suas posições relativas, exercem influência na trajetória do que habitamos. Como tal, o clima é influenciado por parâmetros astronômicos. A nossa elipse encolhe, aproximando-se do círculo, ou estende-se aumentando a distância relativa sol-Terra. A Terra roda como um pião com um eixo de rotação que tem uma inclinação variável em relação ao plano da elipse. O sérvio Milutin Milankovich – sem computadores, nem sequer uma pequenina máquina de calcular – explicou as glaciações e os períodos interglaciários por meio da modificação dos parâmetros astronômicos. Claro que existem outros parâmetros que influenciam o clima. Acontece que nos anos 1970, muito provavelmente em 1975/76, verificou-se uma guinada brusca na dinâmica da circulação geral da atmosfera. Esse fenômeno é detectável em índices climáticos como o NAO (Oscilação do Atlântico Norte - ONA, em português) e ENSO (El Niño – Southern Oscilation). A circulação geral da atmosfera, tal como nos é mostrada pelos satélites meteorológicos, é realmente explicada pelos chamados anticiclones móveis polares (AMP). São massas de ar frio perfeitamente organizadas que saem dos pólos a uma cadência quase diária e se dirigem para os trópicos. O padrão dos AMP (potência - dada pela densidade das massas de ar frio – e freqüência) depende da época do ano em cada hemisfério. No inverno, os AMP são mais freqüentes e mais potentes. No verão, pelo contrário, são menos frequentes e menos potentes. Exatamente, em 1975/76, o que se alterou foi a produção dos AMP nos invernos (os índices NAO e ENSO passaram, bruscamente, de negativos para positivos). A variabilidade do clima foi nitidamente marcada por essa variação brusca. Por quê? A explicação exata a Deus pertence. Isto é, temos de perguntar à natureza. Existem hipóteses não confirmadas, por exemplo: 1) variação da inclinação do eixo de rotação do planeta; 2) aerossóis – poeiras - que arrefeceram os pólos (sim, os pólos arrefeceram, não tenhamos dúvidas); 3) modificação do comportamento do sol - radiação ou raios cósmicos.
CCA — Afinal o mundo está esquentando ou esfriando?
Rui Moura — Está esfriando (esta palavra é menos usada em Portugal, onde se diz que “está arrefecendo”). Anteriormente foi dito que a variação brusca se detectou nos AMP que nasceram nos invernos. O tempo mais agreste significa acentuação do gradiente de temperatura pólos-trópicos. Estamos a observar as premissas de uma primeira fase de entrada numa glaciação. Guardadas as devidas distâncias (não será para amanhã, nada de alarmismo!), dentro de algumas décadas o tempo vai deixar de esquentar e vai, depois, esfriar. Aliás, já deixou mesmo de esquentar. Há pelo menos uma a duas décadas que a designada temperatura média global estacionou. Espero não assustar no sentido inverso do aquecimento global, que é uma falácia. O homem sabe adaptar-se ao clima. Os esquimós e os tuaregues não lutam contra as alterações climáticas. Adaptam-se ao clima que a natureza lhes proporciona. Os nossos decisores políticos são mal aconselhados e tomam medidas em sentido contrário ao que deviam tomar. Fomos todos apanhados numa tremenda crise da ciência, em geral, e da climatologia em particular. Falta humildade aos cientistas próximos dos decisores políticos para dizer abertamente que não sabem explicar os fenômenos que todos nós observamos. Para entendermos o que se passa, devíamos estudar o que se passou na entrada da última pequena glaciação, designada por Pequena Era de Gelo, que terminou aproximadamente em 1850. No fim desta era, a natureza abriu o frigorífico e daí o descongelamento de alguns glaciares e agora está na eminência de voltar a fechar a porta do frigorífico.
CCA — Se existem hipóteses mais plausíveis para explicar a mudança ocorrida na década de 70, de onde surgiu a “hipótese do CO2”?
Rui Moura — Na década de 1930, os Great Plains [Grandes Planícies] dos EUA sofreram uma seca prolongada, com tempestades de areia designadas Dust Bowl [Prato de Poeira]. Esse fenômeno provocou uma crise socioeconômica bem retratada por John Steinbeck no livro ‘As vinhas da ira’ [The grapes of wrath]. A Grande Depressão viu meio milhão de norte-americanos, a maior parte agricultores, abandonar as suas terras e ir para longe dos estados afetados. Os políticos norte-americanos ficaram com o complexo dos dog days, principalmente em decorrência dos problemas sociais do Dust Bowl. Em 1988, os EUA passaram por uma fase de seca, depois da variação brusca do clima de 1975 e 76. Vários cientistas foram chamados ao Congresso para explicar o que se estava a passar. Um deles, James Earl Hansen, diretor da Nasa [Agência Aeroespacial Americana], mostrou uns gráficos e disse: “a seca é causada pelo aquecimento global que, por sua vez, decorre das mudanças climáticas provocadas pela emissão de gases do efeito estufa, nomeadamente o CO2 [dióxido de carbono]”. O The New York Times do dia seguinte publicou na primeira página, em parangonas, que a ‘seca deve-se ao aquecimento global’, desenvolvendo um artigo contra as alterações climáticas, a poluição e as emissões de gases do efeito de estufa. Como é norma, a imprensa internacional repetiu, cegamente, as palavras do NYT. A partir daí, alguns climatologistas ligados a organismos internacionais, principalmente à ONU, formaram o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês). Eles pressionaram o poder político incapaz de questionar a veracidade da hipótese lançada por Hansen. Esta situação apanhou desprevenidos outros climatologistas que não tiveram força suficiente para mostrar que estávamos perante a maior fraude científica de toda a história da ciência. Os cientistas racionais comparam Hansen a Lisenko (charlatão da ex-União Soviética), de tal modo que passaram a dizer hansenismo como cacofonia do lisenkoismo. O fenômeno Lisenko foi possível pelo incipiente estado de conhecimentos da biologia da época – os contraditórios não dispunham de explicações que refutassem o charlatão – que só se desenvolveu muito mais tarde. Passa-se o mesmo com a incipiente meteorologia-climatologia clássica desprovida de explicações fortes para refutar sem margem para dúvidas a hipótese falaciosa do efeito de estufa antropogênico. Por que os outros climatologistas não denunciaram imediatamente a falsidade de Hansen? Porque a climatologia passava, e ainda passa, por uma crise de conceitos que se arrasta desde meados do século 20. A climatologia clássica não é capaz de explicar os fenômenos reais por impossibilidade científica. Apenas a climatologia moderna é capaz. Marcel Leroux, professor de Climatologia de Lyon, França, atualmente reformado, produziu um corte epistemológico na climatologia clássica avançando com uma teoria moderna que se baseia nas observações feitas pelos satélites meteorológicos. Um dos elementos principais dessa climatologia moderna é o AMP (anticiclone móvel polar) referido anteriormente. Falta dizer que o movimento ambientalista internacional (com o Greenpeace à frente) encontrou na falácia de James Hansen um alimento para a sua sobrevivência que estava a sofrer vários reveses. Misturar poluição com ambiente e estes com o clima era uma ‘pêra doce’ (não sei se no Brasil usam esta forma de estilo da pêra doce). De fato, a poluição devida à queima de combustíveis fósseis, nomeadamente os derivados do petróleo bruto e o carvão, arrasta consigo o CO2, que não pode ser classificado como um poluente (então todos os seres humanos seriam poluidores através da respiração). Os ambientalistas misturaram poluição com “aquecimento global” e “alterações climáticas”, aproveitando para reduzir a poluição que, de fato, é condenável. Só que a redução das emissões de CO2 antropogênico não alterará um milímetro que seja a função da natureza na sua tarefa de promover a circulação geral da atmosfera. Vejamos um exemplo. O dos ‘dog days’, ou canículas, na nossa língua [época do ano em que o sírio está em conjunção com o sol]. Os AMP provocam aglutinações com estabilidades anticiclônicas, no inverno como no verão. Mais no inverno, pelo aumento da sua atividade nessa estação do ano. As aglutinações são encaixes de massas de ar frio que aumentam a pressão atmosférica, especialmente no solo (a pressão atmosférica é o resultado do volume de ar acima do nível respectivo e é máxima no solo). Esse aumento de pressão eleva a condutibilidade térmica do ar rente ao solo que aquece mais facilmente para a mesma radiação solar (com tempo límpido) e com o calor proveniente do próprio solo – nos oceanos não há ‘dog days’. Desse modo, o ar aquece e torna-se seco (daí a seca e o ‘dust bowl’). Se o ar está seco, significa que o vapor de água é reduzido. Ora, o vapor de água é o principal gás do efeito estufa. Ou seja, nos ‘dog days’ ou canículas, a temperatura é escaldante, mas até o efeito estufa natural se encontra debilitado. Então, o CO2 antropogênico nos ‘dog days’ não conta para nada, é um infinitamente pequeno que não aquece nem arrefece. Acabamos de refutar a hipótese de que o aquecimento global seja provocado pelas emissões antropogénicas de gases do efeito de estufa. Mas as temperaturas nos ‘dog days’ – que não têm rigorosamente nada a ver com os gases do efeito de estufa, nem sequer os naturais – entram nas estatísticas que servem para determinar o valor designado por “temperatura média global”. Esse valor tem apenas um significado simbólico, digamos estatístico. Ele não explica nada de nada quanto ao sistema climático. Seria o mesmo que fazer a média de todos os números de telefone de todas as listas telefônicas do mundo inteiro e pretender dizer que esse número explicava o sistema telefônico.
CCA — Qual a real influência do CO2 e dos outros gases de efeito estufa no clima do planeta?
Rui Moura — Na resposta anterior está explicada a infinitamente pequena influência do CO2 antropogênico. É um infinitésimo de ordem superior que a dinâmica própria do clima despreza. Também se pode dizer que o CO2 provoca apenas um fenômeno de terceira ou quarta ordem na evolução do clima. Temos de distinguir os gases de efeito estufa naturais dos antropogênicos. Estes, como vimos, não têm qualquer influência detectável na dinâmica do tempo e do clima. O homem está inocente por ser incapaz de influenciar o clima. Os gases de efeito estufa naturais (dentre os quais se encontra o CO2 natural) têm uma influência fundamental no clima. Sem eles, o planeta Terra seria inabitável, pois a temperatura seria da ordem dos -18 ºC. Os gases de efeito estufa naturais provocam uma contra-radiação celeste, que origina um aquecimento da ordem dos +33 ºC. Portanto, os +15 ºC resultantes permitem ao homem andar por aí fora a fazer coisas boas e coisas más. Uma das más é o malfadado Protocolo de Quioto, que não modificará em nada o clima da Terra. O nosso planeta seguirá o caminho indiferente à existência ou não de modelos matemáticos, de movimentos ambientalistas, de organizações nacionais e internacionais como o IPCC e outras.»
* A minha licenciatura é em engenharia electrotécnica, não em climatologia.
A entrevista foi englobada num artigo publicado na revista brasileira Com Ciência Ambiental que “freqüenta mensalmente, por meio de uma distribuição qualificada e de um amplo sistema de assinaturas, os cursos das instituições de ensino superior e médio, os institutos de pesquisa, as agências e órgãos ambientais, as instituições civis que se dedicam às questões ecológicas, as empresas, as bancas de jornais, as revistarias e as livrarias das principais praças brasileiras (sic).”
O artigo, mais geral, é intitulado “Aquecimento Global – Momentos de divergência”. O link do número da revista com a entrevista será disponibilizado logo que possível. Apresenta-se a seguir a entrevista, tal qual, com sabor da diversidade da língua portuguesa do Brasil.
“Variação climática é fenômeno perpétuo da natureza”
«A afirmação é do climatologista* português Rui Moura, autor do blog Mitos Climáticos, para quem a Terra é uma máquina térmica onde há constante troca meridional de energia. “Provavelmente, com o objetivo nunca alcançado de uniformizar as temperaturas em todo o planeta, a natureza nunca pára de trabalhar”.
Nesta entrevista concedida à Com Ciência Ambiental, Rui Moura explica as causas do aquecimento global e questiona o consenso científico apresentado pelo IPCC.
Com Ciência Ambiental — O número de cientistas que subscrevem as conclusões do IPCC reduziu do terceiro para o quarto relatório. E muitos deles foram a público criticar a forma como estão sendo conduzidos os estudos. O consenso sobre o aquecimento global está caindo?
Rui Moura — Em ciência não existe consenso. Como diria o sociólogo francês Edgard Morin, o IPCC produz ciência sem consciência. Ou, mais bem dito, produz hipóteses que nunca foram provadas. O que acontece é que muitos cientistas que colaboraram com o IPCC se afastaram pela falta de ética desse organismo da ONU, que está a provocar uma profunda crise na ciência. Outros cientistas mudaram de opinião porque as observações que fizeram não confirmavam as hipóteses do IPCC. Por exemplo, num dos seus primeiros relatórios, ditos de avaliação, dizia que as tempestades iriam diminuir - o tempo seria mais clemente - visto que cairia o gradiente (diferença) de temperatura entre os pólos e os trópicos, uma vez que os modelos “diziam” que os pólos iriam aquecer e os trópicos manteriam a temperatura. Essa conclusão seria lógica. De fato, as tempestades acalmam-se nos verões, quando diminui o gradiente de temperatura. Mas aconteceu o inverso. Os pólos arrefeceram e aumentaram as tempestades. Logo, o IPCC mudou de opinião e disse que o aquecimento global, afinal, trazia um aumento das tempestades, o que é absurdo. Outro exemplo: os modelos do IPCC “dizem” que as precipitações vão ser concentradas nos invernos (com cheias catastróficas) e que os verões seriam muito secos. Mas está a acontecer exatamente o contrário. Vide as cheias na Europa durante este verão (o meu blog fala disto em pormenor). Portanto, o IPCC vai dar, proximamente, mais uma cambalhota. A palavra “consenso” foi inventada pelo IPCC, e logo seguida pelos movimentos ambientalistas, para pressionar os decisores políticos a tomarem medidas que lhes convinham.
CCA — O senhor sustenta que os modelos climáticos computadorizados que baseiam as previsões do IPCC não refletem a realidade observada em diversas regiões do planeta. Que realidade é essa?
Rui Moura — Os modelos matemáticos que pretendem apreender o sistema climático real – os computadores são utilizados para resolver as equações matemáticas – apareceram em meados da década de 50 do século passado. Pretenderam dar resposta às previsões do tempo que se apresentavam falíveis para além de alguns dias, que cabiam numa só mão. Mas essa apreensão falhou e continua a falhar. Os computadores, por mais potentes e rápidos que sejam, não conseguem resolver um sistema de equações que não corresponde à realidade, seja do que for. É o homem que põe em equação um determinado enunciado – climático ou outro –, não é o computador. Este serve de auxiliar de cálculo. Nada mais do que isso. Na fase atual do conhecimento dos fenômenos climáticos, o homem não sabe pôr em equação o que acontece realmente na natureza. É a falta de humildade de dizer que não se sabe responder as questões postas pelo clima que leva a toda essa sarrabulhada do IPCC. Um dos dilemas mais importantes para o aprendizado do clima está naquilo a que se chama circulação geral da atmosfera. Representa as trocas de massas de ar e de energia entre os pólos e os trópicos. O nosso maravilhoso planeta também pode ser explicado como uma máquina térmica. A natureza obriga essa máquina a realizar, a qualquer instante, essa troca meridional de energia. Provavelmente, com o objetivo nunca alcançado de uniformizar as temperaturas em todo o planeta, a natureza nunca pára de trabalhar. Isto é, a natureza, de uma forma perfeitamente organizada – não caoticamente como alguns erradamente dizem – gostaria que São Paulo e Lisboa usufruíssem do mesmo clima. Ora, as equações utilizadas nos modelos matemáticos do clima baseiam-se no que se designa por esquema tricelular (células de Hadley, de Ferrel e polar). Os satélites meteorológicos vieram demonstrar que esse esquema não corresponde à realidade. Por exemplo, na célula polar diz-se que uma massa de ar frio sai dos pólos, vai aquecendo e sobe na latitude de 60º. Sendo assim, o frio ficava restrito aos paralelos 60º - 90º. Mas eu já senti frio em Miami, por exemplo. Em São Paulo nunca fez frio? Conseqüentemente, o esquema tricelular cai pela base. Mas é ele que está incorporado, com as suas equações matemáticas, nos modelos do IPCC. Podíamos ir por aí e verificar que existem outros fenômenos reais, como os processos dinâmicos no Ártico e no Antártico, que os modelos são incapazes de apreender.
CCA — De que outra forma as mudanças climáticas podem ser explicadas?
Rui Moura — A variabilidade do clima é um fenômeno perpétuo da natureza. O nosso planeta não está isolado dentro do espaço astronômico. Os planetas vizinhos, pelas suas posições relativas, exercem influência na trajetória do que habitamos. Como tal, o clima é influenciado por parâmetros astronômicos. A nossa elipse encolhe, aproximando-se do círculo, ou estende-se aumentando a distância relativa sol-Terra. A Terra roda como um pião com um eixo de rotação que tem uma inclinação variável em relação ao plano da elipse. O sérvio Milutin Milankovich – sem computadores, nem sequer uma pequenina máquina de calcular – explicou as glaciações e os períodos interglaciários por meio da modificação dos parâmetros astronômicos. Claro que existem outros parâmetros que influenciam o clima. Acontece que nos anos 1970, muito provavelmente em 1975/76, verificou-se uma guinada brusca na dinâmica da circulação geral da atmosfera. Esse fenômeno é detectável em índices climáticos como o NAO (Oscilação do Atlântico Norte - ONA, em português) e ENSO (El Niño – Southern Oscilation). A circulação geral da atmosfera, tal como nos é mostrada pelos satélites meteorológicos, é realmente explicada pelos chamados anticiclones móveis polares (AMP). São massas de ar frio perfeitamente organizadas que saem dos pólos a uma cadência quase diária e se dirigem para os trópicos. O padrão dos AMP (potência - dada pela densidade das massas de ar frio – e freqüência) depende da época do ano em cada hemisfério. No inverno, os AMP são mais freqüentes e mais potentes. No verão, pelo contrário, são menos frequentes e menos potentes. Exatamente, em 1975/76, o que se alterou foi a produção dos AMP nos invernos (os índices NAO e ENSO passaram, bruscamente, de negativos para positivos). A variabilidade do clima foi nitidamente marcada por essa variação brusca. Por quê? A explicação exata a Deus pertence. Isto é, temos de perguntar à natureza. Existem hipóteses não confirmadas, por exemplo: 1) variação da inclinação do eixo de rotação do planeta; 2) aerossóis – poeiras - que arrefeceram os pólos (sim, os pólos arrefeceram, não tenhamos dúvidas); 3) modificação do comportamento do sol - radiação ou raios cósmicos.
CCA — Afinal o mundo está esquentando ou esfriando?
Rui Moura — Está esfriando (esta palavra é menos usada em Portugal, onde se diz que “está arrefecendo”). Anteriormente foi dito que a variação brusca se detectou nos AMP que nasceram nos invernos. O tempo mais agreste significa acentuação do gradiente de temperatura pólos-trópicos. Estamos a observar as premissas de uma primeira fase de entrada numa glaciação. Guardadas as devidas distâncias (não será para amanhã, nada de alarmismo!), dentro de algumas décadas o tempo vai deixar de esquentar e vai, depois, esfriar. Aliás, já deixou mesmo de esquentar. Há pelo menos uma a duas décadas que a designada temperatura média global estacionou. Espero não assustar no sentido inverso do aquecimento global, que é uma falácia. O homem sabe adaptar-se ao clima. Os esquimós e os tuaregues não lutam contra as alterações climáticas. Adaptam-se ao clima que a natureza lhes proporciona. Os nossos decisores políticos são mal aconselhados e tomam medidas em sentido contrário ao que deviam tomar. Fomos todos apanhados numa tremenda crise da ciência, em geral, e da climatologia em particular. Falta humildade aos cientistas próximos dos decisores políticos para dizer abertamente que não sabem explicar os fenômenos que todos nós observamos. Para entendermos o que se passa, devíamos estudar o que se passou na entrada da última pequena glaciação, designada por Pequena Era de Gelo, que terminou aproximadamente em 1850. No fim desta era, a natureza abriu o frigorífico e daí o descongelamento de alguns glaciares e agora está na eminência de voltar a fechar a porta do frigorífico.
CCA — Se existem hipóteses mais plausíveis para explicar a mudança ocorrida na década de 70, de onde surgiu a “hipótese do CO2”?
Rui Moura — Na década de 1930, os Great Plains [Grandes Planícies] dos EUA sofreram uma seca prolongada, com tempestades de areia designadas Dust Bowl [Prato de Poeira]. Esse fenômeno provocou uma crise socioeconômica bem retratada por John Steinbeck no livro ‘As vinhas da ira’ [The grapes of wrath]. A Grande Depressão viu meio milhão de norte-americanos, a maior parte agricultores, abandonar as suas terras e ir para longe dos estados afetados. Os políticos norte-americanos ficaram com o complexo dos dog days, principalmente em decorrência dos problemas sociais do Dust Bowl. Em 1988, os EUA passaram por uma fase de seca, depois da variação brusca do clima de 1975 e 76. Vários cientistas foram chamados ao Congresso para explicar o que se estava a passar. Um deles, James Earl Hansen, diretor da Nasa [Agência Aeroespacial Americana], mostrou uns gráficos e disse: “a seca é causada pelo aquecimento global que, por sua vez, decorre das mudanças climáticas provocadas pela emissão de gases do efeito estufa, nomeadamente o CO2 [dióxido de carbono]”. O The New York Times do dia seguinte publicou na primeira página, em parangonas, que a ‘seca deve-se ao aquecimento global’, desenvolvendo um artigo contra as alterações climáticas, a poluição e as emissões de gases do efeito de estufa. Como é norma, a imprensa internacional repetiu, cegamente, as palavras do NYT. A partir daí, alguns climatologistas ligados a organismos internacionais, principalmente à ONU, formaram o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês). Eles pressionaram o poder político incapaz de questionar a veracidade da hipótese lançada por Hansen. Esta situação apanhou desprevenidos outros climatologistas que não tiveram força suficiente para mostrar que estávamos perante a maior fraude científica de toda a história da ciência. Os cientistas racionais comparam Hansen a Lisenko (charlatão da ex-União Soviética), de tal modo que passaram a dizer hansenismo como cacofonia do lisenkoismo. O fenômeno Lisenko foi possível pelo incipiente estado de conhecimentos da biologia da época – os contraditórios não dispunham de explicações que refutassem o charlatão – que só se desenvolveu muito mais tarde. Passa-se o mesmo com a incipiente meteorologia-climatologia clássica desprovida de explicações fortes para refutar sem margem para dúvidas a hipótese falaciosa do efeito de estufa antropogênico. Por que os outros climatologistas não denunciaram imediatamente a falsidade de Hansen? Porque a climatologia passava, e ainda passa, por uma crise de conceitos que se arrasta desde meados do século 20. A climatologia clássica não é capaz de explicar os fenômenos reais por impossibilidade científica. Apenas a climatologia moderna é capaz. Marcel Leroux, professor de Climatologia de Lyon, França, atualmente reformado, produziu um corte epistemológico na climatologia clássica avançando com uma teoria moderna que se baseia nas observações feitas pelos satélites meteorológicos. Um dos elementos principais dessa climatologia moderna é o AMP (anticiclone móvel polar) referido anteriormente. Falta dizer que o movimento ambientalista internacional (com o Greenpeace à frente) encontrou na falácia de James Hansen um alimento para a sua sobrevivência que estava a sofrer vários reveses. Misturar poluição com ambiente e estes com o clima era uma ‘pêra doce’ (não sei se no Brasil usam esta forma de estilo da pêra doce). De fato, a poluição devida à queima de combustíveis fósseis, nomeadamente os derivados do petróleo bruto e o carvão, arrasta consigo o CO2, que não pode ser classificado como um poluente (então todos os seres humanos seriam poluidores através da respiração). Os ambientalistas misturaram poluição com “aquecimento global” e “alterações climáticas”, aproveitando para reduzir a poluição que, de fato, é condenável. Só que a redução das emissões de CO2 antropogênico não alterará um milímetro que seja a função da natureza na sua tarefa de promover a circulação geral da atmosfera. Vejamos um exemplo. O dos ‘dog days’, ou canículas, na nossa língua [época do ano em que o sírio está em conjunção com o sol]. Os AMP provocam aglutinações com estabilidades anticiclônicas, no inverno como no verão. Mais no inverno, pelo aumento da sua atividade nessa estação do ano. As aglutinações são encaixes de massas de ar frio que aumentam a pressão atmosférica, especialmente no solo (a pressão atmosférica é o resultado do volume de ar acima do nível respectivo e é máxima no solo). Esse aumento de pressão eleva a condutibilidade térmica do ar rente ao solo que aquece mais facilmente para a mesma radiação solar (com tempo límpido) e com o calor proveniente do próprio solo – nos oceanos não há ‘dog days’. Desse modo, o ar aquece e torna-se seco (daí a seca e o ‘dust bowl’). Se o ar está seco, significa que o vapor de água é reduzido. Ora, o vapor de água é o principal gás do efeito estufa. Ou seja, nos ‘dog days’ ou canículas, a temperatura é escaldante, mas até o efeito estufa natural se encontra debilitado. Então, o CO2 antropogênico nos ‘dog days’ não conta para nada, é um infinitamente pequeno que não aquece nem arrefece. Acabamos de refutar a hipótese de que o aquecimento global seja provocado pelas emissões antropogénicas de gases do efeito de estufa. Mas as temperaturas nos ‘dog days’ – que não têm rigorosamente nada a ver com os gases do efeito de estufa, nem sequer os naturais – entram nas estatísticas que servem para determinar o valor designado por “temperatura média global”. Esse valor tem apenas um significado simbólico, digamos estatístico. Ele não explica nada de nada quanto ao sistema climático. Seria o mesmo que fazer a média de todos os números de telefone de todas as listas telefônicas do mundo inteiro e pretender dizer que esse número explicava o sistema telefônico.
CCA — Qual a real influência do CO2 e dos outros gases de efeito estufa no clima do planeta?
Rui Moura — Na resposta anterior está explicada a infinitamente pequena influência do CO2 antropogênico. É um infinitésimo de ordem superior que a dinâmica própria do clima despreza. Também se pode dizer que o CO2 provoca apenas um fenômeno de terceira ou quarta ordem na evolução do clima. Temos de distinguir os gases de efeito estufa naturais dos antropogênicos. Estes, como vimos, não têm qualquer influência detectável na dinâmica do tempo e do clima. O homem está inocente por ser incapaz de influenciar o clima. Os gases de efeito estufa naturais (dentre os quais se encontra o CO2 natural) têm uma influência fundamental no clima. Sem eles, o planeta Terra seria inabitável, pois a temperatura seria da ordem dos -18 ºC. Os gases de efeito estufa naturais provocam uma contra-radiação celeste, que origina um aquecimento da ordem dos +33 ºC. Portanto, os +15 ºC resultantes permitem ao homem andar por aí fora a fazer coisas boas e coisas más. Uma das más é o malfadado Protocolo de Quioto, que não modificará em nada o clima da Terra. O nosso planeta seguirá o caminho indiferente à existência ou não de modelos matemáticos, de movimentos ambientalistas, de organizações nacionais e internacionais como o IPCC e outras.»
* A minha licenciatura é em engenharia electrotécnica, não em climatologia.
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