quinta-feira, dezembro 01, 2005

Manipulações climáticas da UE

De acordo com uma “press release” da European Environment Agency (EEA), com sede em Copenhaga, «a Europa há cinco mil anos que não conhece alterações climáticas tão dramáticas como as actuais».

Nem mais nem menos. A Directora executiva da EEA, Jacqueline McGlade, na apresentação à comunicação social, disse que «sem acções eficazes, durante várias décadas, o aquecimento global provocará a fusão das camadas de gelo no Norte e fará avançar a desertificação no Sul. Deste modo, a população mundial concentrar-se-á no Centro».

Esta Directora, em nome da Comissão Europeia, não faz a coisa por menos. Disse ainda: «A União Europeia exercerá todos os esforços para limitar a subida da temperatura média global a 2 ºC através da implementação do Protocolo de Quioto no que diz respeito ao corte das emissões de gases com efeito de estufa».

E acrescentou: «Mesmo com o esforço de limitação aos 2 ºC [subida hipotética em 2100 relativamente ao início da era industrial (?)] os seres humanos vão viver numa atmosfera com condições jamais existentes». Mas que medo…

O relatório da EEA faz uma listagem das ameaças provocadas pela poluição atmosférica à biodiversidade, aos ecossistemas marinhos e aos recursos aquíferos do conjunto dos 25 Estados-membros da UE.

Todo este aparato – que se repete de 5 em 5 anos – foi utilizado na Conference of the Parties que se está a realizar em Montreal para pressionar os decisores políticos a tomarem medidas que interessam ao lóbi do ambiente.

Mas é verdade que a Europa está a ser martirizada desta maneira? Primeiro, não se encontra na Internet (http://org.eea.eu.int/documents/newsreleases/soer2005_pp-en) qualquer justificação, como referências, para se fundamentarem aquelas conclusões do estudo.

Segundo, estamos perante mais uma história do hockey stick com o apagamento do Medieval Warm Period e da Little Ice Age. É assim que se manipulam os decisores políticos e a opinião pública.

Os escrevinhadores dos media repetem estas fantasias sem cuidarem da veracidade da notícia que lhes impingem. O que é preciso é alarmar a opinião pública. Isso vende papel.

Estudos paleoclimáticos desde há muito que apontam flagelos europeus na passagem da MWP para a LIA. A Europa conheceu a fome e a morte de milhares de cidadãos. Verificaram-se episódios de violências marítimas nas costas da Holanda e da Alemanha.

Nessa transição climática MWP/LIA avançaram os glaciares. Em 1595, os glaciares, na Suíça, avançaram tão rapidamente que produziram enchentes em vários rios. Entre 1600 e 1610, os glaciares de Chamonix destruíram algumas vilas.

Existem relatos de decréscimos populacionais. De acordo com o climatologista finlandês Jarl Ahlberck tudo isto está confirmado no livro «Climate variations in historic and prehistoric time» escrito em 1914 pelo oceanógrafo sueco Otto Pettersson e editado pela Universidade de Gotemburgo.

É com a visão de vídeos e a audição de relatos alarmistas que os dez mil participantes da COP de Montreal regressam a casa. Retransmitem o catastrofismo climático. Com isso contribuem, mesmo em Portugal, para o aproximar de uma crise profunda no sector energético.

Tanto mais profunda quanto o designado “peak of oil” que vem aí, se é que já não foi ultrapassado, vai encontrar o sector num estado completamente desequilibrado. Esse pico prenuncia o fim da era do petróleo.

No site da Associação Portuguesa do Veículo a Gás Natural, na secção de notícias, encontra-se a chamada de atenção seguinte.

«O Prof. Kenneth S. Deffeyes, da Universidade de Princenton, um dos mais eminentes geólogos dos EUA, acaba de publicar um novo livro — Beyond Oil — mostrando que a produção mundial de petróleo caminha para o pico e analisando as alternativas disponíveis».

Continua no site da APVGN: «Essa importante obra afirma explicitamente (pg. 98) o que se segue: “Em resumo, o carvão é barato, o carvão é versátil, e as principais economias industriais têm vastos depósitos de carvão.”»

Segue-se: «Face à iminente escassez de petróleo, um plano de acção possível é: 1) substituir o gás natural por carvão para a geração de energia eléctrica; 2) substituir o combustível dos automóveis e camiões por gás natural; e 3) preservar o petróleo remanescente para a aviação».

Termina a notícia: «Mais adiante o Prof. Deffeyes acrescenta: “Fantasiar acerca de uma frota de automóveis não poluentes com pilhas de combustível (fuel cell) para daqui a vinte anos não compensará o declínio da produção petrolífera nesta década” (sic). À atenção das autoridades portuguesas».

Ora, em Portugal o sector energético tem seguido ao arrepio desta chamada de atenção. O petróleo está dedicado aos transportes, o gás natural à produção de energia eléctrica e o carvão vem sendo fustigado por acusações de ONG ambientalistas. Tudo ao contrário do que o Prof. americano aponta como um caminho correcto.