segunda-feira, janeiro 18, 2010

Do global ao local

A ideia do aquecimento global do planeta, que não chega sequer a constituir uma hipótese e muito menos uma tese, com separação de factos, ou uma teoria científica observável, previsível e refutável, repousa em três pressupostos já aqui várias vezes referidos, mas que vale a pena retomar e sintetizar:

1) Na curva do índice meteorológico “temperatura média global”, que supostamente confirma as previsões (quando cresce, mas não quando decresce...);

2) Na curva da “concentração atmosférica do CO2”, que tem vindo a aumentar após o fim da última glaciação;

3) Nas “previsões dos modelos informáticos do clima”, que “dizem”, todos eles, que aquele índice da temperatura aumenta indefinidamente (acompanhando a subida anual, monótona, das concentrações).

Destes três pontos, apenas um é verdadeiro, o segundo, que refere o aumento anual das concentrações do dióxido de carbono (o natural, acrescido do antropogénico).

Os índices das temperaturas crescem e decrescem e as previsões podem falhar, a curto e a médio prazo.

Os modelos, entre outras coisas, impõem a noção de uma evolução “global” do clima. O globo terrestre estaria a aquecer no seu todo. Este aquecimento conjunto teria apenas intensidades diferentes consoante as latitudes.

Nada disto é verdade. Não existe clima global. Há regiões que aquecem, ao mesmo tempo que outras arrefecem. Depende do espaço aerológico em que estão situadas (de entre os seis que se podem definir para todo o planeta).

Localmente, sim, existem culpas no cartório do Homem, pelo uso dos solos sem consideração pelas alterações que com esse uso se introduz no albedo.

O que é verdade é que as grandes cidades, com o desenvolvimento urbano, apresentam uma tendência para um aquecimento crescente. É o fenómeno conhecido pela expressão “ilhas de calor urbano”.

Uma crítica frequente na análise da construção do índice “temperatura média global” refere-se à falta de consideração das ilhas de calor urbano na evolução das curvas apresentadas oficialmente.

A pertinência desta crítica pode ser examinada à luz da evolução da temperatura de qualquer cidade. Existem estudos profundos sobre esta matéria. Um dos mais citados é o de Goodridge para a Califórnia (1), embora extensivo às cidades espalhadas pelo Mundo afora.

Goodridge comparou a evolução térmica das cidades, distinguindo as cidades com mais de um milhão de habitantes, de 100 mil a um milhão e com menos de 100 mil habitantes. Concluiu que:

O aparente global warming é, na realidade, devido à perda de calor que afecta somente as superfícies urbanizadas” … “O aquecimento na Califórnia, não é mais do que um fenómeno urbano”.

As medidas das temperaturas (em ºC) são realizadas à escala local, em estações meteorológicas bem repartidas pelo território da Califórnia. Mede-se diariamente a temperatura mínima (Tn) e a temperatura máxima (Tx).

São em seguida calculadas a amplitude térmica diária ∆m (Tx-Tn) e a temperatura média diária, Tm [por comodidade segundo a fórmula (Tx+Tn) / 2, cujo resultado difere pouco da média real dos 24 valores horários, ou até mais].

Devido à localização das estações meteorológicas, estas sofrem mais ou menos fortemente a influência das cúpulas de calor associadas às cidades. Na verdade, a evolução da temperatura está associada ao desenvolvimento das cidades californianas.

As estações meteorológicas foram sendo progressivamente englobadas nas próprias cidades ou na extensão da sua cúpula de calor. Mas esta conclusão de Goodridge é assim tão simples e exprime-se na realidade dos dados observados da temperatura? É o que procuraremos ver a seguir.
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(1) Goodridge, J.D., Comments on regional simulations of greenhouse warming including natural variability, Bull. Amer. Meteorol. Soc., vol. 77, 3-4, 1996.