domingo, março 09, 2008

A grande fraude do CO2

(Versão parcelar do artigo “CO2: The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de Zbigniew Jaworowski. Ver curriculum vitae na 1ª pág. do original)

Em 2 de Fevereiro de 2007, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) expôs mais uma vez a sua fórmula mágica de encantamento ou invocação da catástrofe anunciada pelo aquecimento global provocado pelo Homem.

Após semanas de propaganda ruidosa foi apresentado o “Sumário para Decisores Políticos”, com 21 páginas. É um sumário do 4º Relatório de Avaliação (AR4 - Fourth Assessment Report, 2007) * do IPCC.

A apresentação, em Paris, foi feita em grande estilo na presença de uma multidão de políticos e de media, acompanhada pelo apagão da Torre Eiffel para mostrar que a energia eléctrica é uma coisa má.

O acontecimento provocou uma onda de histeria que percorreu todo o mundo. A propaganda foi o alvo principal deste documento claramente político. Quem o preparou foram representantes governamentais e burocratas das Nações Unidas.

Espantosamente, o Sumário foi publicado três meses antes do Relatório que tem 1600 páginas. O Relatório só foi publicado em Maio. Nas palavras do IPCC, este atraso explica-se pelo tempo necessário para ajustar o texto do Relatório ao do Sumário.

Ou seja, “… foram introduzidas alterações no Relatório que originou o Sumário para assegurar a consistência daquele com este…”. Nem uma única palavra do Relatório pode estar em conflito com as que os políticos aprovaram, de antemão, no Sumário!

Esta é uma forma estranha e incomum de trabalhar para um relatório científico. E mais estranha é a franqueza das palavras do IPCC acerca do atraso necessário. Demonstram a falta de integridade e de independência científicas.

Foi exactamente o mesmo modus operandi demonstrado nos três relatórios anteriores de 1990, 1995 e 2001: - Primeiro a política, depois a ciência.

O estilo IPCC foi fortemente criticado há alguns anos atrás em dois editoriais da revista Nature (Anónimo 1994, Maddox, 1991) *.

Em cada uma destas críticas, a Nature considerou o United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR) como exemplo ideal de preparação de relatórios científicos independentes e objectivos.

São relatórios sobre riscos de todas as fontes de radiação, incluindo armas e centrais nucleares. As avaliações UNSCEAR são apresentadas anualmente à Assembleia-geral das Nações Unidas e consideram-se bíblias da ciência da radiação ionizante.

Sim, o UNSCEAR satisfazia as exigências da Nature – mas pagou um elevado preço por esse facto.

Como os seus relatórios científicos diferiam largamente das visões catastróficas do United Nations Environmental Programme (UNEP) ou do ex-Secretário-geral das NU, a burocracia da ONU cortou verbas ao UNSCEAR.

Reduziu as verbas a um nível tal que causou uma paragem quase completa da actividade do UNSCEAR (Jaworowski, 2002) *. Não é obviamente o caso do IPCC que nada em dinheiro. O IPCC tem apoio dos políticos dominados pelo fanatismo ambientalista.

Nos últimos seis anos os EUA atribuíram aproximadamente 29 mil milhões de dólares para a investigação do clima, liderando mundialmente com uma afectação de recursos sem paralelo (The White House, 2007) *.

Estes quase 5 mil milhões de dólares anuais ultrapassaram quase o dobro da quantia atribuída ao Programa Appolo (2,3 mil milhões de dólares por ano) que em 1969 levou o Homem a pisar a Lua.

Um efeito colateral desta situação e a politização da agenda do clima foi descrito pelo meteorologista Piers Corbyn: “Os vastos fundos atribuídos ao lobby do aquecimento global servem para comprar a integridade de alguns cientistas.”

Levanta-se a seguinte questão: - Em que medida é que a atribuição destes imensos fundos serviram para limitar as emissões industriais de CO2, para promover Quioto, para alargar a actividade do IPCC e da propaganda catastrofista a nível mundial?

Se esta preocupação é genuína, então porque vemos uma tempestade de entusiasmo de ambientalistas e membros das Nações Unidas exigindo a substituição de centrais de queima de combustíveis fósseis por centrais nucleares?

Porque destacaram, agora, que as centrais nucleares não têm emissões de gases com efeito de estufa, que são amigas do ambiente, mais económicas e mais seguras para os trabalhadores e muito mais seguras para as populações do que outras fontes de energia?

Mas, em Nairobi, em Novembro de 2006, com 6000 seguidores de Quioto (incluindo Kofi Annan, os Presidentes do Quénia e da Suíça e um cortejo de ministros de 180 países), os participantes foram aconselhados a não fazer menção à energia nuclear (Comunicação particular de Prof. Maciej Sadowski, Dezembro de 2006).

Porque não vemos um esforço global em larga escala para substituir o motor de combustão interna dos automóveis por compressores de ar comprimido sem poluição? Esta solução foi inventada por Ludwik Mekarski, em 1870.

Jaworowski é, particularmente, favorável a esta tecnologia para os transportes. O artigo original apresenta alguns exemplos interessantes de aplicação. Só que a indústria automóvel é conservadora e dificilmente muda de tecnologia.

A preocupação não é genuína. Existem motivos escondidos atrás da histeria do aquecimento global. Podemos ilustrar com alguns exemplos (para uma referência completa, consultar Jaworowski, 1999) *.

Eis um trio exemplar de malthusianos por detrás da histeria do aquecimento global:

- Maurice Strong, que abandonou a escola com 14 anos de idade, estabeleceu um exotérico quartel-general global para o movimento New Age, no Vale de São Luis, Colorado. Contribuiu para o Relatório Brundtland, de 1987, que fez brotar o actual movimento Green. Mais tarde tornou-se conselheiro sénior de Kofi Annan. Presidiu à gigantesca (40 mil participantes) “Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento” do Rio de Janeiro, em 1992. Strong foi responsável, juntamente com outros milhares de burocratas, diplomatas e políticos, para o estabelecimento do Protocolo de Quioto. Afirmou, então: “Atingimos o ponto inicial do único caminho para salvar o mundo industrializado do colapso.” Strong concebeu a ideia do slogan político de “desenvolvimento sustentável” que, disse, pode ser implementado por uma questão de “erradicação da pobreza … redução do consumo de recursos … controlo dos níveis de mortalidade…

- Timothy Wirth, subsecretário de Estado de Assuntos Globais dos EUA, secundou a afirmação de Strong: “Estamos a resolver o aquecimento global. Mesmo que a teoria do aquecimento global seja errada, actuaremos acertadamente em termos de política económica e política ambiental.”

- Richard Benedick, funcionário superior do Departamento de Estado, Ministério dos Negócios Estrangeiros dos EUA, que afirmou: “Deve ser implementado um tratado sobre aquecimento global mesmo que não exista prova científica para se lutar contra o efeito de estufa antropogénico.”

(continua)
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*A bibliografia pode ser consultada no original de Zbigniew Jaworowski.