quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Prémio Ignóbil

Na entrevista do Expresso ao Prof. Corte Real destacaram-se do corpo principal do texto as seguintes frases:

Os actuais modelos científicos estão a ser forçados para o aquecimento global

O desconhecimento sobre as alterações climáticas no nosso país é enorme

O livro ‘Uma Verdade Inconveniente’ tem aspectos muito empolados. Al Gore é um político e não um cientista, não merecia o Prémio Nobel da Paz. E o Painel [Intergovernamental] para as Alterações Climáticas das Nações Unidas também não

De facto, os modelos informáticos do clima, além de não apreenderem os principais fenómenos climáticos, estão preparados para darem apenas resultados de aquecimento. Nunca de arrefecimento.

Quanto ao desconhecimento é patente em documentos oficiais, como o PNAC – Plano Nacional para as Alterações Climáticas. E também em documentos para-oficiais, como o inconcebível estudo conhecido por “Mudança Climática em Portugal. Cenários, Impactes e Medidas de Adaptação – SIAM”.

Mas o desconhecimento prolonga-se nas presenças constantes na rádio e na televisão – até do Estado, imagine-se – dos mesmos protagonistas de sempre que não possuem um mínimo de conhecimentos para além da cartilha do IPCC e das notas de imprensa de qualquer ONG.

O frenético grupo de propagandistas do “aquecimento global” não tem formação nem preocupação de aprender para debater com elevação um assunto tão complexo. Não se dão ao incómodo de estudar. Exemplo flagrante é a constituição grotesca da Comissão Nacional para as Alterações Climáticas.

Toda esta gente (do PNAC, do SIAM, da CNPAC, etc.) desinforma a opinião pública, os jornalistas e os decisores políticos. Por sua vez, os jornalistas enchem páginas de jornais e horas de emissão reproduzindo as balelas daquele grupo, assustando as pessoas.

Os militantes do alarmismo causam males enormes a toda a sociedade com a sua manifesta incultura climática. Os erros que cometem vão ter repercussão a médio e longo prazo. A principal mitigação que se devia procurar fazer seria a do desconhecimento.

Os políticos repetem as desinformações sem consciência da triste figura que fazem.

Gastam-se dinheiros públicos na elaboração e publicação de falácias e na manutenção de gabinetes permanentes, sem qualquer utilidade, como no caso do SIAM.

Relativamente ao Prémio Nobel atribuído ao charlatão Al Gore e à fraude produzida pelo IPCC não dignifica a Ciência. Mas não se deve esquecer que foram políticos do parlamento norueguês a atribuir prémios a outros políticos. Estão bem uns para os outros.

Seria também interessante informar e esclarecer os responsáveis de empresas públicas e semi-públicas (como por exemplo, a CGD e a EDP) que há cerca de um ano pagaram uma fortuna ao cabotino Al Gore para vir a Portugal, por duas vezes, debitar as tontices que fazem da putativa verdade inconveniente uma grande conveniência... para ele.

Mas não se pense que é apenas em Portugal que se espezinha a Ciência. A Europa da ciência não está à altura da Ciência da Europa. Quem são os famosos especialistas, eminentes cientistas, mundialmente reconhecidos, independentes, experientes, competentes, os melhores conselheiros do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para as alterações climáticas?

Ei-los:

Cesar Dopazo, Professor, Departamento de Ciência e Tecnologia de Materiais e Fluidos, Universidade de Saragoça;
Nicolas Hulot, criador da Fundação Nicolas Hulot, Paris;
Claudia Kemfert, Professor, Deutsche Institut für Wirtschaftsforschung (DIW), Berlim;
Allan Larsson, Presidente do Conselho de Administração da Universidade de Lund, Suécia;
Claude Mandil, Director Executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Paris;
Carlo Rubbia, Professor do CERN e Prémio Nobel da Física de 1984, Genebra;
Hans Joachim Schellnhuber, Director, Potsdam-Institut für Klimafolgenforschung (PIK), Berlim;
Sir Nicholas Stern, Conselheiro do Governo britânico para a economia das alterações climáticas e ex-economista-chefe do Banco Mundial, Londres;
Peter Sutherland, Presidente da British Petroleum, Londres;
José Viriato Soromenho Marques, Professor, Departamento de filosofia, Universidade de Lisboa;
Michael Zammit Cutajar, Embaixador para alterações climáticas, Malta, e ex-secretário executivo da Convenção-quadro das Nações Unidas para alterações climáticas, Genebra.

Será que todos têm mérito para pertencer a este grupo de conselheiros? Não parece. Pelo menos alguns não apresentam qualidades extraordinárias de especialistas (“os melhores” como diz Durão Barroso). Examinemos o caso de dois deles.

Nicolas Hulot (pela França) é um apresentador de televisão da TF1. Antigo responsável de um clube de motos, praticante de desportos motorizados e sem nenhuma bagagem científica. Não é evidentemente especialista científico do clima ou da energia. Ele é «independente» (à Barroso) porque dirige a associação ecologista "La fondation Hulot" e é gerente de produtos derivados Ushuaia. Afirma que as alterações climáticas são o principal desafio que se coloca à humanidade e assegura-nos que vai “salvar o planeta”.

José Viriato Soromenho Marques (por Portugal) é um puro literário. É titular de uma cadeira da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, especializada em filosofia da história, da política e do direito. Coordena igualmente a filosofia da natureza e do ambiente. Este filósofo desconhece estritamente os problemas técnicos relacionados com alterações climáticas ou energia. Não tem capacidade para julgar a validade das hipóteses da climatologia. Dificilmente se percebe a sua «independência» barrosiana relativamente a estas questões. Está longe de ser um filósofo da estratosfera.

Finalmente, com todas estas credenciais Soromenho Marques não podia deixar de pertencer à Comissão Nacional para as Alterações Climáticas. E de aconselhar Durão Barroso a visitar o permafrost da Gronelândia mas a não subir ao local de onde partem os anticiclones móveis polares gronelandeses. É que aí a temperatura pode descer até quase aos 70 ºC, negativos…