sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Janeiro de 2006

O mês de Janeiro findo foi de contrastes térmicos assinaláveis. Enquanto numas regiões do planeta o estado do tempo foi ameno, noutras foi bastante agreste. A Europa de leste conheceu um dos Invernos mais rigorosos desde há várias décadas.

Moscovo registou mesmo as temperaturas mais baixas desde os anos 20 do século passado. Isto é, os valores das suas temperaturas recuaram aos registos de quase oito décadas atrás. Não admira as dificuldades de abastecimento de energia.

A NASA publicou uma figura estilizada com as anomalias das temperaturas à superfície da terra verificadas em Janeiro. A colheita de dados foi obtida através do radiómetro instalado no satélite TERRA.

Na imagem da Fig. 40 as temperaturas reais do período compreendido entre 1 e 24 de Janeiro são comparadas com as médias das várias regiões durante o quinquénio 2001-2005. Não se trata de um período significativo mas dá para avaliar uma curta evolução.

As regiões onde as temperaturas se situaram 10 ºC abaixo da média estão pintadas a azul-escuro. Aquelas onde as temperaturas foram 10 ºC acima da média estão a vermelho-escuro. Finalmente, as que se mantiveram na média estão a branco.

Ninguém duvida que a NASA, tal como a NOOA, possui meios de observação meteorológica dos mais importantes que existem no Mundo. Trata-se dos seus satélites. Uma coisa é observar. Outra é analisar os resultados da observação.

Mas não só neste domínio a NASA é merecedora de reconhecimento. A humanidade deve a esta organização, entre sucessos e fracassos, avanços consideráveis em vastos domínios do conhecimento.

Para a análise da figura foi convidado o climatologista David Rind, do Goddard Institute for Space Studies, da rede de instituições da NASA. Recorda-se que o director do GISS é o prof. James E. Hansen que está associado à proclamação do “global warming”.

Rind diz que o hemisfério Norte sofreu uma peculiar formação do jet stream. Trata-se de um conceito utilizado nos EUA. Imagina-se uma corrente de ar polar em altitudes elevadas. Num link da notícia da NASA pode-se encontrar a definição.

A corrente de ar dividir-se-ia entre frio e calor consoante a altitude da formação. O jet stream teria picos e cavas, parecido com uma onda sinusoidal, variando com a latitude. Segundo David Rind, em Janeiro de 2006, seriam estas que flagelaram a Europa.

Esta descrição não corresponde à realidade dos factos mas é bem imaginada. O que mais impressiona não é a persistência na utilização de conceitos inobservados nas imagens dos satélites. É a afirmação que o tempo é um sistema caótico contrariamente ao que os satélites mostram.

Regista-se que David não fala uma única vez em “global warming” ou em “climate change”. Entre os cientistas da NASA, que se dedicam à meteorologia e à climatologia, existem opiniões bastante divergentes.

Nem todos navegam na mainstream. Mas os do GISS alinham normalmente com o presidente. Por isso, não parece normal a análise de David Rind. Só faltou dar o salto para uma explicação condizente com a realidade.

O GISS acaba de anunciar a anomalia de Janeiro de 2006 daquilo a que convenciona designar por «Global Temperature Anomalies» relativamente à média do período 1951-1980. O valor publicado foi de 0,61 ºC (o centésimo tem pouco significado).

O que teria acontecido se o “aumento da temperatura” do planeta não tivesse sido tão elevado? De facto, a variável explicativa da actual dinâmica do tempo e do clima não é a temperatura. É, antes, a pressão atmosférica.