Campo de pressões
Com as vénias devidas, a “Fig. 39 – Neve em Lisboa, uma fria refutação…”, foi retirada da pág.2 de o PÚBLICO do dia 31/Janeiro/2006, de uma notícia intitulada «Queda de neve foi fenómeno e não um reflexo das mudanças do clima».
Por sua vez, aquele diário indica o Instituto de Meteorologia como fonte. Interessa analisar a figura e não o texto do artigo. Esta imagem representa um documento interessantíssimo. Trata-se de uma carta sinóptica das pressões atmosféricas, registadas às 12 horas, ao nível do mar, no dia em que nevou em parte substancial de Portugal.
Vemos um exemplo flagrante de um campo de pressões estabelecido pela passagem de anticiclones móveis polares (AMP). A cada par A (alta pressão) e B (baixa pressão) corresponde um AMP.
Sabe-se que a estrutura básica é formada pelo AMP propriamente dito (A), que é o motor do conjunto, por uma depressão fechada (B) com ar quente (menos frio) e por um corredor depressionário (que não aparece na figura).
Este corredor depressionário é a parte frontal dos AMP que está implicada nas chuvas, nas cheias e na ciclogénese (Katrina, Wilma, Mitch, etc.). Mas isso é outra história. Parte dela já foi contada atrás.
A queda de neve sobre Lisboa começou três horas depois e deve ter sido inicialmente provocada pelo AMP situado sobre a isobárica 1005 (mbar*). A aglutinação de AMP (A, A, A, A) com começo na Grã-Bretanha e extensão à Europa continental foi a causadora do fenómeno raro da descida até Lisboa.
O AMP situado sobre a Grã-Bretanha – incorrectamente designado na figura como «O anticiclone dos Açores…» – foi o principal bloqueador das trajectórias normais, em direcção à Escandinávia, dos AMP sucessivos que iam nascendo na região boreal (Pólo Norte e Gronelândia).
Esta posição foi exactamente aquela que em 2003 ocupou uma fortíssima aglutinação de AMP originando, então, a vaga de calor do Verão. Felizmente não se repetiu em 2004 nem em 2005. Os AMP nestes dois últimos anos foram passear para outras paragens.
O estabelecimento deste campo de pressões vai contribuir para marcar o estado do tempo nos próximos dias deste ano. Incluindo o Verão. As altas pressões A vão originar calor. Se vier uma vaga de calor, é aqui que se encontra a origem.
A subida contínua das pressões atmosféricas desde o ano 1970 é que representa a causa do aumento da temperatura em certas regiões do planeta. Ela vai aumentar a condutibilidade térmica do ar que aquecerá mais para a mesma radiação solar recebida.
A uma passagem de ar frio corresponderá uma vinda de ar quente. A máquina termodinâmica do planeta funciona como tal. Trocas de calor-frio continuamente. É a circulação geral da atmosfera ao nível da troposfera que marca o tempo.
Nisto, o efeito de estufa antropogénico tem uma intervenção infinitamente pequena. É um infinitésimo de ordem superior. Ressalve-se ainda que as pressões mostradas na figura se situavam ao nível do mar e que os AMP voam a uma altitude entre baixa e média.
Os AMP chocam-se, por exemplo, com os Montes Cantábricos, os Pirenéus e os Alpes. Desta vez até se chocaram com o Pico, nos Açores. Às vezes esboroam-se e produzem as nuvens que se vêem espalhadas pela atmosfera.
*Obs.: mbar – significa “milibar”, ou milésima de bar, sendo a pressão normal cerca de 1013 mbar.
Por sua vez, aquele diário indica o Instituto de Meteorologia como fonte. Interessa analisar a figura e não o texto do artigo. Esta imagem representa um documento interessantíssimo. Trata-se de uma carta sinóptica das pressões atmosféricas, registadas às 12 horas, ao nível do mar, no dia em que nevou em parte substancial de Portugal.
Vemos um exemplo flagrante de um campo de pressões estabelecido pela passagem de anticiclones móveis polares (AMP). A cada par A (alta pressão) e B (baixa pressão) corresponde um AMP.
Sabe-se que a estrutura básica é formada pelo AMP propriamente dito (A), que é o motor do conjunto, por uma depressão fechada (B) com ar quente (menos frio) e por um corredor depressionário (que não aparece na figura).
Este corredor depressionário é a parte frontal dos AMP que está implicada nas chuvas, nas cheias e na ciclogénese (Katrina, Wilma, Mitch, etc.). Mas isso é outra história. Parte dela já foi contada atrás.
A queda de neve sobre Lisboa começou três horas depois e deve ter sido inicialmente provocada pelo AMP situado sobre a isobárica 1005 (mbar*). A aglutinação de AMP (A, A, A, A) com começo na Grã-Bretanha e extensão à Europa continental foi a causadora do fenómeno raro da descida até Lisboa.
O AMP situado sobre a Grã-Bretanha – incorrectamente designado na figura como «O anticiclone dos Açores…» – foi o principal bloqueador das trajectórias normais, em direcção à Escandinávia, dos AMP sucessivos que iam nascendo na região boreal (Pólo Norte e Gronelândia).
Esta posição foi exactamente aquela que em 2003 ocupou uma fortíssima aglutinação de AMP originando, então, a vaga de calor do Verão. Felizmente não se repetiu em 2004 nem em 2005. Os AMP nestes dois últimos anos foram passear para outras paragens.
O estabelecimento deste campo de pressões vai contribuir para marcar o estado do tempo nos próximos dias deste ano. Incluindo o Verão. As altas pressões A vão originar calor. Se vier uma vaga de calor, é aqui que se encontra a origem.
A subida contínua das pressões atmosféricas desde o ano 1970 é que representa a causa do aumento da temperatura em certas regiões do planeta. Ela vai aumentar a condutibilidade térmica do ar que aquecerá mais para a mesma radiação solar recebida.
A uma passagem de ar frio corresponderá uma vinda de ar quente. A máquina termodinâmica do planeta funciona como tal. Trocas de calor-frio continuamente. É a circulação geral da atmosfera ao nível da troposfera que marca o tempo.
Nisto, o efeito de estufa antropogénico tem uma intervenção infinitamente pequena. É um infinitésimo de ordem superior. Ressalve-se ainda que as pressões mostradas na figura se situavam ao nível do mar e que os AMP voam a uma altitude entre baixa e média.
Os AMP chocam-se, por exemplo, com os Montes Cantábricos, os Pirenéus e os Alpes. Desta vez até se chocaram com o Pico, nos Açores. Às vezes esboroam-se e produzem as nuvens que se vêem espalhadas pela atmosfera.
*Obs.: mbar – significa “milibar”, ou milésima de bar, sendo a pressão normal cerca de 1013 mbar.
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