segunda-feira, setembro 14, 2009

Algorismo e o nível dos mares

(Algorismo = alarmismo de Al Gore)

O documentário “Uma verdade inconveniente”, em louvor do profeta da catástrofe iminente Al Gore, evoca elevações futuras do nível do mar da ordem de seis metros. O que seria certamente aterrador.

Mas, como sempre, a realidade é bastante mais calma do que o terror sugerido pelos modelos informatizados do clima. Dois estudos recentes mostram que a elevação do nível dos mares não conheceu nenhuma aceleração significativa no decurso do século XX.

Para tranquilidade de todos nós, fica-se a saber que em 134 anos a aceleração da elevação do nível dos mares foi de apenas 13 milésimos do milímetro por ano quadrado!

S. Jevrejeva e a sua equipa analisaram a evolução do nível do mar desde há 150 anos, na base de uma rede permanente de marégrafos de dados homogeneizados (base de dados da Permanent Service for Mean Sea Level – ver Nota em baixo) de 12 regiões oceânicas extensas.

Para este efeito, os cientistas usaram o método Monte Carlo Singular Spectrum Analysis (MC- SSA) e retiraram o sinal das oscilações quase-periódicas. O resultado está resumido na Fig. 187.

Nesta figura, representou-se na parte superior a elevação do nível dos mares (gsl) e na parte inferior a aceleração da elevação (gsl rate) com as margens de erro marcadas numa faixa cinzenta.

Conclusão dos investigadores: a elevação recente (2,4 mm ± 1,0 mm por ano) registada entre 1993-2000 é inferior à verificada entre 1920-1945 (2,5 mm ± 1,0 mm por ano). Aparece uma pequena desaceleração à medida que avança o tempo.

Os valores encontrados neste estudo são comparáveis com o indicado pelas medições feitas por satélite: 2,6 mm ± 0,7 mm por ano no período 1993-2000 (1). É preciso ter sempre presente que os satélites começaram a trabalhar há muito pouco tempo.

A análise da Fig. 187 revela que a aceleração da elevação (gsl rate) mais importante se situou entre 1850 e 1875. Recorda-se que cerca de 1850 terminou a Pequena Idade do Gelo e que daí até 1875 as emissões de gases com efeito de estufa foram residuais.

A conclusão importante a tirar é certamente a de que este estudo não permite vislumbrar uma aceleração especialmente perigosa no decurso do século XX como muitas vezes se ouve anunciar.

Noutro estudo também recente, John Church et Neil J. White (ver Nota) chegaram a uma conclusão semelhante: os mares elevaram-se 1,7 mm ± 0,3 mm por ano no século XX e a aceleração em milímetros por ano quadrado teria sido de 0,013 mm ± 0,006 mm.

Estes autores, que seguiram uma metodologia diferentes da dos anteriores, encontraram também ciclos irregulares: forte aceleração entre 1930-1960, seguida de altos e baixos depois deste período.

Somos portanto confrontados com uma conclusão muito interessante. Para além dos fenómenos tectónicos, o nível dos mares eleva-se por duas causas: pelo aumento da temperatura da água (que se dilata) ou pela contribuição dos glaciares que derretem.

O leitor é bombardeado pelos media com o aquecimento que não pára de aumentar. O mesmo bombardeamento acontece com o derretimento dos glaciares com imagens aterradoras nas TV, a começar pela Rádio Televisão Portuguesa paga pelos contribuintes.

Estes acontecimentos deveriam reflectir-se com fidelidade no estado dos oceanos. Mas a informação que se obtém através do estudo da elevação do nível dos oceanos desmente esta cantata do algorismo.

De facto, por mais que se procure, não se encontrou nenhuma aceleração significativa da elevação do nível dos mares a não ser os tais miseráveis treze milésimos do milímetro. Quando será que os media passam a falar verdade?
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(1) Teremos oportunidade de falar na missão do satélite TOPEX-Poseidon. Esta missão pertence a um projecto conjunto das agências espaciais norte-americana NASA e francesa CNES.

Referências:

Jevrejeva, S., A. Grinsted, J. C. Moore, and S. Holgate (2006), Nonlinear trends and multiyear cycles in sea level records, J. Geophys. Res., 111, C09012, doi:10.1029/2005JC003229.

Church J.A. et N.J. White (2006), A 20th century acceleration in global sea-level rise, Geoph. Res. Lett., 33, L01602, doi:10.1029/2005GL024826.

Nota:

Os estudos de Church et White e os de Jevrejeva et al., assim como outros dados do PSML podem ser obtidos neste link.