sexta-feira, setembro 04, 2009

IPCC e o nível dos mares

A previsão para 2100 publicada pelo IPCC em Fevereiro de 2007 é um recuo em relação às visões apocalípticas anteriores. Em 12 anos, entre 1995 e 2007, o IPCC recuou quase 40 cm.

De facto, em 2007, o IPCC apontava o valor de 58 cm como o mais elevado da subida dos mares para 2100. Em 2001 apresentara o valor de 88 cm. Andando mais para trás, em 1995, tinha sido de 94 cm o valor anunciado pelo IPCC.

Certos membros do IPCC protestaram contra esta moderação de 2007. Mas um maior número de leitores do relatório regozijou-se pelo “progresso dos modelos” e manifestou a esperança de que a ameaça da subida dos mares se reduziria no próximo relatório.

Ou seja, de relatório em relatório o IPCC, se ainda existir, concluirá que o nível do mar vai baixar. Durante o século XX estima-se que a subida se situou entre 10 cm a 20 cm. Subida esta que não parece ter prejudicado quem quer que fosse.

Ora, como tendencialmente, à medida que nos aproximamos da próxima glaciação as elevações do nível dos oceanos se apresentam com taxas inferiores, é plausível que a subida seja inferior aos 10 cm.

Mas, como muitos outros se mostraram perplexos perante a dissonância entre os vários relatórios, o IPCC viu-se obrigado a justificar os números apresentados em Fevereiro de 2007 para contentar a família dos alarmistas.

Fê-lo logo no designado relatório científico que publicou em Maio de 2007 (1). Em primeiro lugar, disse que os relatórios precedentes contemplavam o período 2000-2100 enquanto o de 2007 estabelecia uma variação entre o período 1980-1999 e o período 2090-2099.

O IPCC declarou seguidamente que a amplitude mais reduzida das previsões era uma consequência de um “progresso na resolução das incertezas”. Como se isso convencesse alguém minimamente conhecedora das deficiências dos modelos informáticos.

Desculpou-se ainda com os modelos utilizados que nem sempre têm em conta o escoamento mais rápido dos mantos de gelo dos glaciares bordejando a Gronelândia, dizendo então que estes débitos de escoamento poderiam aumentar no futuro.

Estamos perante uma verdadeira fantasia climática pois os exercícios do IPCC para 2100 não têm valor científico. São uma afronta à ciência. O IPCC não tem em conta as realidades geológicas da Gronelândia e do Antárctico.

Enfim, o IPCC insiste na fé de que a fusão dos mantos de gelo e a subida dos mares prosseguirá muito para lá de 2100. Isso aconteceria, nomeadamente, devido à fusão possível do inlandsis gronelandês e talvez de uma parte dos mantos antárcticos, coisa que não acontece há 80 milhões de anos.

Dito isto, convém voltar a dados concretos que foram finalmente avançados pelo IPCC relativamente aos factores que consideram responsáveis pela subida dos mares e que são indicados na tabela seguinte:

Subida do nível dos mares (mm/ano)

Factor responsável………...1961-2003………….1993-2003

Dilatação..............................0,42 ± 0,12………........1,6 ± 0,5
Fusão de glaciares………........0,50 ± 0,18……….....0,77 ± 0,22
Gronelândia……………….........0,05 ± 0,12………..... 0,21 ± 0,07
Antárctico………………….........0,14 ± 0,41………......0,21 ± 0,35

Total………………………...............1,1 ± 0,5………….......3,1 ± 0,7

Ressalta desde logo a grande indeterminação de alguns elementos. Em particular, a fusão do inlandsis gronelandês e do inlandsis antárctico teriam uma incidência sobre a subida dos mares cujo sinal é indeterminado.

Em razão da enorme imprecisão da estimativa, pode-se também concluir mais rigorosamente que a incerteza é tal que nenhuma conclusão pode ser tirada.

Em complemento dos dados precedentes, o IPCC indicou que a subida dos mares foi para o período 1961-2003 de 1,8 mm por ano e para o decénio 1993-2003 de 3,1 mm ± 0,7 mm por ano.

Pode-se questionar o valor desta última estimativa para 1961-2003 (1,8 mm/ano) que é muito superior à soma dos valores do quadro anterior para o período 1961-2003 (1,1 ± 0,5).

Talvez se encontre aqui uma razão para se verificar uma diminuição sucessiva da taxa de elevação à medida que nos afastamos da última glaciação.

Mas interessa, sobretudo, colocar a questão de saber como se mede o nível dos mares.
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(1) O IPCC não deveria espantar-se por ter sido mal interpretado pois foi ele que escolheu, por razões mediáticas e políticas, publicar o resumo para decisores políticos (em Fevereiro de 2007) antes de publicar o relatório propriamente dito (em Maio de 2007) o que é uma metodologia muito estranha.