sexta-feira, agosto 29, 2008

Em jeito de conclusões

Charles Muller (*)

Uma revisão da literatura científica recente permite tirar algumas conclusões provisórias:

Não existe consenso científico sobre a grandeza do aquecimento recente no Árctico.

Vários estudos mostram que foi mais fraco do que o aquecimento médio no Globo durante o século XX. Outros recordam que as amplitudes térmicas no Pólo Norte são a regra pelo menos desde há 50 mil anos e que o fenómeno está particularmente documentado tanto no decurso do último milénio como no decurso do último século.

Não existe consenso científico sobre a amplitude da fusão recente dos gelos no Árctico.

O valor de 40 % de perdas em 40 anos foi vivamente contestado. Vários estudos com base nos satélites mostram que os modelos climáticos em vigor falham na precisão da espessura real dos gelos (50 % de subavaliação da variabilidade real).

Certas zonas do Árctico (como o inlandsis gronelandês) conhecem uma progressão dos gelos e não uma regressão. Outras zonas, como os mares marginais da Sibéria, não mostram qualquer evolução significativa durante o século XX.

Não existe consenso científico sobre as causas da evolução climática recente no Árctico.

O aquecimento global é o culpado ideal mas não existe evidência alguma da sua responsabilidade.

Além disso, as variações do clima árctico contradizem a tese “simplista” de aquecimento pelos gases com efeito de estufa: como explicar o período quente 1920-1940 e o período frio de 1950-1970 quando as emissões de gases com efeito de estufa cresceram de maneira contínua ao longo de todo o século XX?

Com efeito, os investigadores inclinam-se mais para os mecanismos da Oscilação do Atlântico Norte (NAO) e da Oscilação do Árctico (AO) – e dos anticiclones móveis polares que os subentendem (Leroux, 2004) (19) – para explicar a evolução do clima do Árctico e do Hemisfério Norte.
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(*) Charles Muller é o autor do blogue Climat Sceptique.

(19) - Leroux M., La dynamique du temps et du climat, Dunod, Paris, 2004.