No Norte da Terra
Charles Muller (*)
O Árctico é a região setentrional da Terra, centrada em torno do Pólo Norte. Os limites do Árctico variam um pouco conforme as definições. O limite astronómico é fixado pelo Círculo Polar Árctico, paralelo situado acima da latitude 66 º 32 ’N.
A norte deste círculo o Sol não se põe nunca entre os equinócios da Primavera e do Outono devido à inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da sua órbita em torno do Sol. O fenómeno inverso acontece, bem entendido, no Pólo Sul, para lá do Círculo Polar Antárctico.
Do ponto de vista climático, o limite do Árctico não é assim tão nítido. A fronteira mais comummente escolhida é a de uma isotérmica de 10 ºC do mês de Julho que é o mais quente. A zona assim definida é então mais irregular [do que um círculo] roçando as latitudes 90 ºN na Europa mas descendo por exemplo até à latitude 60 ºN, para além do estreito de Bering (limite vermelho indicado no Mapa do Árctico) [Retirado do World Map].
No centro do Árctico encontra-se um oceano recoberto de uma banquisa [palavra originária da Escandinávia designando um campo de gelo; chama-se, igualmente, mar gelado] permanente pouco espessa (dois a três metros).
Esta banquisa é variável: a dimensão e a configuração variam de acordo com as estações do ano (e diversos elementos meteorológicos como o vento, p.e.) [O vento, indicado pelo autor, relaciona-se com a dinâmica dos anticiclones móveis polares]. À volta deste oceano, a zona árctica estende-se até ao norte dos Estados Unidos, do Canadá, da Europa e da Ásia. Esta zona inclui a maior ilha do Mundo, a Gronelândia.
Se o Árctico parece uma vasta extensão fria, os climatologistas dividem-no em cinco sub-climas (Vigneau, 2005) (1). Estes variam segundo a temperatura média, a amplitude da temperatura anual, a temperatura do mês mais quente e mais frio e a pluviogenesis.
O clima mais frio (PNa) é por exemplo aquele que se situa no centro do inlandsis [palavra de origem dinamarquesa que significa glace de l'intérieur du pays, glace de l'arrière pays ou glaciar continental] gronelandês onde as temperaturas nunca sobem acima de – 11 ºC (média anual de – 30 ºC).
As temperaturas [fora do Círculo Polar Árctico] podem ir acima dos 0 ºC (PNb) [clima menos frio] numa área marcada por grandes amplitudes anuais (até 43 ºC) [PNa, mais frio, e PNb, menos frio, são nomes convencionais dados a diferentes climas locais do Pólo Norte em climatologia descritiva].
Contrariamente ao propósito dos jornalistas do Le Monde referidos no início deste artigo, semelhante ao da maior parte dos seus colegas, não existe actualmente consenso científico sobre a extensão do aquecimento climático do Árctico, sobre a amplitude da fusão estival dos seus gelos nem sobre as principais causas destes fenómenos. Escusado seria dizer que o consenso [também] não existe quanto às projecções dos dados actuais sobre o século XXI.
____________
(*) Charles Muller é o autor do blogue Climat Sceptique.
(1) - Vigneau, Jean-Pierre, Climatologie, Armand Colin, Paris, 2005.
O Árctico é a região setentrional da Terra, centrada em torno do Pólo Norte. Os limites do Árctico variam um pouco conforme as definições. O limite astronómico é fixado pelo Círculo Polar Árctico, paralelo situado acima da latitude 66 º 32 ’N.
A norte deste círculo o Sol não se põe nunca entre os equinócios da Primavera e do Outono devido à inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da sua órbita em torno do Sol. O fenómeno inverso acontece, bem entendido, no Pólo Sul, para lá do Círculo Polar Antárctico.
Do ponto de vista climático, o limite do Árctico não é assim tão nítido. A fronteira mais comummente escolhida é a de uma isotérmica de 10 ºC do mês de Julho que é o mais quente. A zona assim definida é então mais irregular [do que um círculo] roçando as latitudes 90 ºN na Europa mas descendo por exemplo até à latitude 60 ºN, para além do estreito de Bering (limite vermelho indicado no Mapa do Árctico) [Retirado do World Map].
No centro do Árctico encontra-se um oceano recoberto de uma banquisa [palavra originária da Escandinávia designando um campo de gelo; chama-se, igualmente, mar gelado] permanente pouco espessa (dois a três metros).
Esta banquisa é variável: a dimensão e a configuração variam de acordo com as estações do ano (e diversos elementos meteorológicos como o vento, p.e.) [O vento, indicado pelo autor, relaciona-se com a dinâmica dos anticiclones móveis polares]. À volta deste oceano, a zona árctica estende-se até ao norte dos Estados Unidos, do Canadá, da Europa e da Ásia. Esta zona inclui a maior ilha do Mundo, a Gronelândia.
Se o Árctico parece uma vasta extensão fria, os climatologistas dividem-no em cinco sub-climas (Vigneau, 2005) (1). Estes variam segundo a temperatura média, a amplitude da temperatura anual, a temperatura do mês mais quente e mais frio e a pluviogenesis.
O clima mais frio (PNa) é por exemplo aquele que se situa no centro do inlandsis [palavra de origem dinamarquesa que significa glace de l'intérieur du pays, glace de l'arrière pays ou glaciar continental] gronelandês onde as temperaturas nunca sobem acima de – 11 ºC (média anual de – 30 ºC).
As temperaturas [fora do Círculo Polar Árctico] podem ir acima dos 0 ºC (PNb) [clima menos frio] numa área marcada por grandes amplitudes anuais (até 43 ºC) [PNa, mais frio, e PNb, menos frio, são nomes convencionais dados a diferentes climas locais do Pólo Norte em climatologia descritiva].
Contrariamente ao propósito dos jornalistas do Le Monde referidos no início deste artigo, semelhante ao da maior parte dos seus colegas, não existe actualmente consenso científico sobre a extensão do aquecimento climático do Árctico, sobre a amplitude da fusão estival dos seus gelos nem sobre as principais causas destes fenómenos. Escusado seria dizer que o consenso [também] não existe quanto às projecções dos dados actuais sobre o século XXI.
____________
(*) Charles Muller é o autor do blogue Climat Sceptique.
(1) - Vigneau, Jean-Pierre, Climatologie, Armand Colin, Paris, 2005.
<< Home