quinta-feira, junho 28, 2007

Quid est clima?

O Prof. Bob Carter questiona: - O que é o Clima? Faz lembrar o grande mestre José Pinto Peixoto que no manancial de textos escreveu um designado «O que é o clima: Quid est clima?».

Nesse artigo didáctico – a obra conhecida de JPP é um fascínio –, dizia o Prof. Pinto Peixoto:

«No tratado famoso “As Confissões” Santo Agostinho mostrou como é difícil compreender a natureza e estrutura do tempo, através de uma citação que ficou célebre. Agora, segundo o exemplo de Santo Agostinho, podemos nós pôr uma questão equivalente, que se aplica ao nosso caso:

Quid est clima?
Si nemo a me quaerat, scio!
Si quarenti explicare velim, nescio!


Que em Português se dirá:

O que é o Clima?
Se ninguém me perguntar o que é, eu sei!
Se me perguntarem o que é e eu quiser explicar, não sei!
”»

Voltando ao Prof. australiano, Bob interroga-se: - Se não há nenhuma teoria do Clima, então como sabemos qual é o seu mecanismo de funcionamento? É uma boa pergunta mas sem resposta certa. Ficamos impedidos de fazer predições quanto ao futuro.

O Prof. Bob Carter envia o leitor do seu artigo para algumas explicações parcelares. Para tal fornece as seguintes referências:

- Philander, S G, 1998. Is the Temperature Rising? - The Uncertain Science of Global Warming, 262 p (Princeton University Press).
- IPCC, 2001. Climate Change 2001: The Scientific Basis, Intergovernmental Panel on Climate Change, Working Group 3, third assessment report (ed: J T Houghton et al), 881 p (Cambridge University Press: Cambridge).
- Ruddiman, W F, 2001. Earth’s Climate, Past and Future, 465 p (Freeman and Company: New York).
- Kininmonth, W, 2004. Climate Change: A Natural Hazard (Multi-Science Publishing: Essex).
- Singer, F S and Avery, T A, 2006. Unstoppable Global Warming: Every 1,500 Years, 276 p (Rowman & Littlefield Publishers).

Kininmonth é uma excelente referência. Será um dos mais distintos climatologistas clássicos da actualidade. Forma com Marcel Leroux um par perfeito da climatologia dos nossos dias, um clássico e outro moderno. O debate entre os dois, quando acontece, é simplesmente soberbo.

Kininmonth participou em actividades do IPCC, como representante do governo australiano, até deixar de confiar na ética profissional deste organismo. Nota-se que Bob Carter se limita a referências anglo-saxónicas. Deixa de lado a climatologia moderna de origem francesa.

A existência de uma teoria do Clima teria evitado o gasto inútil de 50 mil milhões de dólares na investigação desde 1990. Destes, 30 mil milhões de dólares foram desbaratados nos EUA. Especialmente, em modelos, modeladores e simulações.

Apesar desta despesa fabulosa, mesmo com a participação de cientistas talentosos, até 2007 não foi possível provar a culpa do homem nas alterações climáticas. Já lá vão 17 anos de investigação criminal sem resultados.

Muitos dos ramos de investigação podem incluir a meteorologia, a climatologia, a física e a química da atmosfera, a geologia, a paleoclimatologia geral e oceanográfica, a ciência do quaternário, a estatística - matemática e a modelação.

Existem cientistas que dominam com profundidade peças do puzzle climático. Falta completar o puzzle de milhares de peças. Os primeiros ramos daquela lista respeitam a processos meteorológicos e climáticos. Os seguintes à história do Clima. Os últimos à análise de dados e à ilusão virtual.

A informação que os governos recebem, a maior parte através do IPCC, é fortemente influenciada por cientistas cujos principais interesses são apenas a realidade virtual e ilusória do uso indiscriminado dos modelos matemáticos.

Muito pouca informação chega aos governos acerca das variações naturais observadas ao longo da história do Clima. Não lhes contam a realidade mas a ilusão que encontram à saída dos modelos. A saída obtém-se com a introdução na entrada, dos modelos, de outras tantas ilusões dos modeladores que se designam por cenários.

A principal debilidade da acção perniciosa do IPCC está na substituição da realidade pela ilusão. A começar nos modelos propriamente ditos que se afastam da realidade e a terminar na ilusão da base de dados que utilizam para fazer correr os modelos.

P.S. - O IPCC disponibilizou alguns comentários aos seus escritos. Entre eles encontramos este, através do blogue Climate Audit, sobre o "IPCC Working Group 1, 4th Assessment Report, Review Comments Now Online":

"I have four chief concerns with this chapter. First, there are numerous important references left out, and an over-emphasis on papers by the authors themselves, which do not accurately reflect the communities' view. In general, the certainty with which this chapter presents our understanding of abrupt climate change is overstated. There is confusion between hypothesis and evidence throughout the chapter, and a great deal of confusion on the difference between an abrupt "climate change" and possible, hypothetical causes of such climate changes (e.g. Heinrich events).

Second, the use of the terms "very likely", "likely", etc. are not in conformance with the rest of the IPCC document -- some things that are virtually certain are listed as "likely" and mere hypotheses, largely untested, are listed as "very likely". This carelessness does not add credibility to this chapter.

Third, extensive reference is made to a very few recent papers that have not yet been thoroughly considered by the scientific community, and whose relevance to future climate is, in my judgement, greatly overstated.

Finally, the choice of words to define -- or not define -- in the Glossary is strange. A definition (and a very poor one) of Heinrich events is given, but there is no definition for "Holocene", even though that term is used throughout the text. I would additionally note that overall, the chapter does a fine job at dealing with the "Hockey Stick" controversy, but a very poor job dealing with abrupt climate change and its possible relevance to the future. There are numerous glaring omissions of citations -- notably no mention is made of the work by Wunsch, Seager and Battisti, challenging the standard "Broecker-type" hypothesis for abrupt climate change.
"