Fenómenos extremos na Europa
Interrompemos a recensão do artigo do Prof. Bob Carter para atender à sugestão de outro profissional que, além de leitor, também tem a nobre missão de transmitir conhecimentos aos seus alunos.
Diz-nos o leitor que a sugestão “… seria no sentido de procurar explicar num post a razão de ser das chuvas torrenciais e temporais em Inglaterra e na Alemanha, enquanto na Roménia, na Grécia e na Turquia passa uma onda de calor (47 ºC em Atenas e 42 ºC em Istambul, de máximas), sendo que na Roménia caiu granizo um dia depois de se atingir uma máxima de 40 ºC. Eu sei que tudo isto é possível e não é nada do outro mundo, mas como é que isto se explica à luz dos Anticiclones Móveis Polares?”
Num só post não é fácil de explicar esta situação interessantíssima mas lamentável pela perda de vidas humanas e prejuízos materiais elevados. Mas é claro que tem explicação à luz da teoria dos anticiclones móveis polares (AMP).
Recuemos um pouco e situemo-nos na transição do último Inverno para a Primavera da Europa. Isto é, na passagem dos modos de circulação rápido do Inverno para o lento do Verão (nem sempre se pode estar a apresentar links ou repetir definições já conhecidas dos leitores – vide mês de Maio de 2005).
Nesta transição de 2007, os AMP já produziram aglutinações anticiclónicas (AA), com estabilidades anticiclónicas (EA) temporalmente reduzidas, nas latitudes mais altas da unidade de circulação que abrange a Europa que nos preocupa.
Por exemplo, a Bélgica e os Países Baixos já tiveram curtos períodos de calor devidos a AA e EA de curta duração. Estas foram sendo empurradas para leste por AMP mais potentes. Uma AA com EA curta situou-se então na Euro-Ásia.
Estes períodos de aquecimento localizados contribuíram estatisticamente para valores elevados da temperatura média global. Mas o efeito de estufa antropogénico (EEA) não teve nada a ver com isso. Foi a contra radiação terrestre que fez aumentar a temperatura do ar ao nível do solo.
Portugal passou por um período particularmente isolado do resto da Europa. O céu português foi coberto pelas franjas dos AMP de trajectória escandinava. Por este motivo as temperaturas foram baixas com a ajuda do ar oceânico que penetrou sem dificuldade pois não se verificou nenhuma AA e EA sobre Portugal.
Curiosamente aqui, em Portugal, funcionou a contra radiação celeste natural pela presença do ar húmido.
Quanto aos fenómenos extremos referidos pelo leitor, comecemos por considerar as chuvadas inseridas no fenómeno descrito na Fig. ML18 e respectivo texto. Já se apontou que as precipitações vão ser concentradas nas passagens das estações Inverno-Primavera e Outono-Inverno.
Contrariamente, o desacerto dos modelos (nomeadamente do SIAM) diz que vai ser no Inverno. Nesta estação do ano, as AA e EA vão ser mais pronunciadas em extensão espacial e temporal devido á maior frequência e potência dos AMP com circulação rápida. Daí o ar se tornar seco com desvio do potencial precipitável.
Relativamente à situação do dia de ontem, 27 de Junho de 2007, exposta na Fig. 87, com uma AA (letra H de high) sobre a Grécia e a Turquia e depressões (letra L de low) mais a norte, elucida o campo de pressões atmosféricas ao nível do solo.
Na Fig. 87 existe uma régua colorida com indicação das temperaturas. Verifica-se facilmente que sobre os oceanos as temperaturas são mais baixas. Aí não funciona (é muito mais fraca) a contra radiação terrestre.
Na Grécia e na Turquia funcionou a contra radiação terrestre. Mais a norte foi a celeste. Como é que se pode falar em “aquecimento global” numa situação destas? Bem sabemos que nos vêm dizer, quando falha a hipótese do EEA, que interessa as médias.
Mas uma média não explica absolutamente nada. É apenas um valor estatístico sem explicar o que está por detrás dele. Já se referiu que as tais médias são proxies da maior ou menor transferência meridional de ar e de energia entre as regiões polares e as tropicais.
Mas não é apenas na Europa que se estão a verificar fenómenos inesperados. A África do Sul continua a ser visitada pela neve. Ontem foi Joanesburgo…
Tudo isto é a Natureza a funcionar na sua plenitude que nos leva a caminho de uma nova idade de gelo. Falta determinar quando chega. Talvez mais cedo do que muita gente imagina. E, como os combatentes das alterações climáticas nos estão a preparar para enfrentar o calor, teremos mais dificuldade a adaptar-nos a situações de frio.
P.S. Foi acrescentado o parentesis (é muito mais fraca) a seguir a "Aí não funciona..." no parágrafo iniciado por "Na Fig. 87 existe..."
Diz-nos o leitor que a sugestão “… seria no sentido de procurar explicar num post a razão de ser das chuvas torrenciais e temporais em Inglaterra e na Alemanha, enquanto na Roménia, na Grécia e na Turquia passa uma onda de calor (47 ºC em Atenas e 42 ºC em Istambul, de máximas), sendo que na Roménia caiu granizo um dia depois de se atingir uma máxima de 40 ºC. Eu sei que tudo isto é possível e não é nada do outro mundo, mas como é que isto se explica à luz dos Anticiclones Móveis Polares?”
Num só post não é fácil de explicar esta situação interessantíssima mas lamentável pela perda de vidas humanas e prejuízos materiais elevados. Mas é claro que tem explicação à luz da teoria dos anticiclones móveis polares (AMP).
Recuemos um pouco e situemo-nos na transição do último Inverno para a Primavera da Europa. Isto é, na passagem dos modos de circulação rápido do Inverno para o lento do Verão (nem sempre se pode estar a apresentar links ou repetir definições já conhecidas dos leitores – vide mês de Maio de 2005).
Nesta transição de 2007, os AMP já produziram aglutinações anticiclónicas (AA), com estabilidades anticiclónicas (EA) temporalmente reduzidas, nas latitudes mais altas da unidade de circulação que abrange a Europa que nos preocupa.
Por exemplo, a Bélgica e os Países Baixos já tiveram curtos períodos de calor devidos a AA e EA de curta duração. Estas foram sendo empurradas para leste por AMP mais potentes. Uma AA com EA curta situou-se então na Euro-Ásia.
Estes períodos de aquecimento localizados contribuíram estatisticamente para valores elevados da temperatura média global. Mas o efeito de estufa antropogénico (EEA) não teve nada a ver com isso. Foi a contra radiação terrestre que fez aumentar a temperatura do ar ao nível do solo.
Portugal passou por um período particularmente isolado do resto da Europa. O céu português foi coberto pelas franjas dos AMP de trajectória escandinava. Por este motivo as temperaturas foram baixas com a ajuda do ar oceânico que penetrou sem dificuldade pois não se verificou nenhuma AA e EA sobre Portugal.
Curiosamente aqui, em Portugal, funcionou a contra radiação celeste natural pela presença do ar húmido.
Quanto aos fenómenos extremos referidos pelo leitor, comecemos por considerar as chuvadas inseridas no fenómeno descrito na Fig. ML18 e respectivo texto. Já se apontou que as precipitações vão ser concentradas nas passagens das estações Inverno-Primavera e Outono-Inverno.
Contrariamente, o desacerto dos modelos (nomeadamente do SIAM) diz que vai ser no Inverno. Nesta estação do ano, as AA e EA vão ser mais pronunciadas em extensão espacial e temporal devido á maior frequência e potência dos AMP com circulação rápida. Daí o ar se tornar seco com desvio do potencial precipitável.
Relativamente à situação do dia de ontem, 27 de Junho de 2007, exposta na Fig. 87, com uma AA (letra H de high) sobre a Grécia e a Turquia e depressões (letra L de low) mais a norte, elucida o campo de pressões atmosféricas ao nível do solo.
Na Fig. 87 existe uma régua colorida com indicação das temperaturas. Verifica-se facilmente que sobre os oceanos as temperaturas são mais baixas. Aí não funciona (é muito mais fraca) a contra radiação terrestre.
Na Grécia e na Turquia funcionou a contra radiação terrestre. Mais a norte foi a celeste. Como é que se pode falar em “aquecimento global” numa situação destas? Bem sabemos que nos vêm dizer, quando falha a hipótese do EEA, que interessa as médias.
Mas uma média não explica absolutamente nada. É apenas um valor estatístico sem explicar o que está por detrás dele. Já se referiu que as tais médias são proxies da maior ou menor transferência meridional de ar e de energia entre as regiões polares e as tropicais.
Mas não é apenas na Europa que se estão a verificar fenómenos inesperados. A África do Sul continua a ser visitada pela neve. Ontem foi Joanesburgo…
Tudo isto é a Natureza a funcionar na sua plenitude que nos leva a caminho de uma nova idade de gelo. Falta determinar quando chega. Talvez mais cedo do que muita gente imagina. E, como os combatentes das alterações climáticas nos estão a preparar para enfrentar o calor, teremos mais dificuldade a adaptar-nos a situações de frio.
P.S. Foi acrescentado o parentesis (é muito mais fraca) a seguir a "Aí não funciona..." no parágrafo iniciado por "Na Fig. 87 existe..."
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