quarta-feira, dezembro 16, 2009

A verdade oculta sob o manto diáfano do CO2

Por Jorge Pacheco de Oliveira

No blog De Rerum Natura, com várias extensões no blog Ambio, tem estado a decorrer um debate acalorado entre o Prof. Delgado Domingos e um conjunto de diligentes opositores.

Independentemente da argumentação expendida, o Prof. Delgado Domingos merece uma palavra de apoio pela forma galharda como tem suportado as críticas incessantes de que tem sido alvo.

Torna-se óbvio que a argumentação dos opositores não tem outro propósito senão o de, desesperadamente, tentar desviar as atenções do escândalo do Climategate, que veio ferir de morte a construção teórica do “aquecimento global”.

De facto, ao lermos a correspondência trocada entre vários dos cientistas que lideram esta teoria, não restam dúvidas de que esses cientistas (por compaixão cristã, própria da época, continuemos a designá-los assim) não hesitavam em manipular os dados de que dispunham, de forma a sustentar as conclusões a que pretendiam chegar. Em consequência, esta teoria, tal como é conhecida, está morta e enterrada.

Todavia, é importante não perder de vista que nem sequer teria sido necessário o Climategate e a revelação do comportamento reprovável dos seus teóricos, para pôr em causa a fundamentação do “aquecimento global”, concretamente a tese de que as emissões antropogénicas de dióxido de carbono seriam responsáveis por um aquecimento catastrófico da superfície do planeta.

Aquecimento? Bom, a verdade é que os adeptos da teoria, embaraçados com as manifestações inesperadas do tempo e do clima, que não conseguem explicar com os seus infelizes modelos computacionais, já tinham eufemísticamente reformulado a designação da teoria para “alterações climáticas”.

Neste preciso momento, estamos a suportar uma alteração de vulto : uma vaga de frio. Que, evidentemente, não vamos usar como argumento para dizer que não há “aquecimento”, apesar de sabermos que os adeptos do “aquecimento global” não se coíbem de invocar as ondas de calor como um dos exemplos que, supostamente, comprovam a sua teoria.

Claro que os exemplos ridículos não se ficam por aqui. Ainda há dias tivemos a oportunidade de ver na televisão um comentador a dizer que alguma coisa deve estar a acontecer, a aquecer por suposto, já que desde há dois anos não se lembra de pôr um sobretudo.

Mas não deixa de ser curioso que os especialistas do aquecimento global, sobretudo os que têm maiores responsabilidades na matéria, como os que agitam um diploma de doutoramento, uma cátedra, ou múltiplos artigos publicados em revistas com peer review (depois do que se soube através do Climategate até o peer review ficou pelas ruas da amargura), não se arriscam a explicar a génese de uma onda de calor ou de uma vaga de frio. Parece que tal explicação apenas se consegue encontrar nos trabalhos daqueles que encaram estas questões de forma racional.

E também não deixa de ser curioso que a explicação racional para as ondas de calor e para as vagas de frio não tenha absolutamente nada a ver com o dióxido de carbono. Uma verdade certamente inconveniente.

Ora, o dióxido de carbono - frequentemente classificado como poluente, quando não passa de um fertilizante atmosférico - possui, de facto, as características de um gás com efeito de estufa. É talvez a única verdade da teoria do “aquecimento/alterações”. Mas o que é mais importante saber é que o vapor de água presente na atmosfera dá um contributo para o efeito de estufa global que é muito superior ao contributo de todo o dióxido de carbono, natural e antropogénico, sendo este uma pequena fracção do total.

Como é que uma pequena variação da concentração de um componente da atmosfera, cuja concentração total é, já de si, diminuta, pode ser responsável por tudo quanto observamos no comportamento do tempo e do clima, será com certeza um mistério apenas ao alcance dos iniciados.

A condenável realidade é que o sucesso da teoria do “aquecimento/alterações” tem por base a argumentação alarmista de que esta teoria se reveste e o inevitável medo que infunde nas populações de todo o mundo. Por natureza, o ser humano é susceptível de ter medo - deste mundo e, sobretudo, do outro - pelo que a exploração do medo tem sido o suporte de inúmeras e descomunais vigarices, profusamente documentadas na história universal, mas sistematicamente repetidas com outras roupagens.

Que as putativas alterações climáticas incomodem sobremaneira os países do terceiro mundo não passaria de uma anedota bem contada se não fossem as consequências dramáticas das políticas que se encontram em preparação para “compensar” esses países.

Com efeito, o que está a ser tratado na cimeira "climática" de Copenhaga não tem nada ver com o clima. Tem a ver com uma vigarice de proporções planetárias, em que uma colecção de tíbios e incapazes líderes do mundo ocidental, Obama incluído, se prepara para castigar os seus cidadãos com mais um agravamento dos impostos sobre a energia, de forma a transferir somas monumentais para uma colecção de cleptocratas líderes do terceiro mundo.

Que tudo isto seja feito sob o manto diáfano do inocente dióxido de carbono, se não fosse revoltante, seria um truque de se lhe tirar o chapéu.