quarta-feira, maio 06, 2009

O Árctico vai bem

Embora não seja determinante para a dinâmica do tempo e do clima, especialmente no Hemisfério Norte, a evolução da extensão do mar gelado do Árctico é um importante indicador climático.

Seguir esta evolução, tanto nas fases de enchimento como de esvaziamento, é apropriado para acompanhar a dinâmica do espaço de circulação do Árctico, nomeadamente das suas sub-regiões que se manifestam de forma heterogénea.

Existem vários sítios web que se dedicam exclusivamente à tarefa de acompanhar a par e passo a evolução do mar gelado do Árctico. Nem todos são coincidentes nas suas análises mas todos são úteis.

Neste Inverno verificaram-se várias avarias nos satélites dedicados a esta tarefa. Foram sendo reparadas e corrigidos os valores disponibilizados para o público. Na Fig. 162 (da Agência Espacial Japonesa) apresenta-se já uma situação regularizada do mar gelado do Árctico no último dia de Abril de 2009 com a evolução de cor vermelha.

Desde logo se vê que a extensão de 13 133 750 quilómetros quadrados ultrapassa não só a do ano anterior, de 2008, mas também se situa acima de todas desde 2002. Segundo outra fonte de informação, este valor iguala praticamente a média de 1979-2000 (ver WUWT).

Para além deste facto favorável, também a espessura do gelo apresenta um valor extraordinariamente relevante. Na realidade, a espessura é actualmente igual a quatro metros. Ou seja, a espessura atingiu o dobro do valor médio de dois metros (ver LM e WUWT).

Esta situação notável – que ajuda a explicar o Inverno rigoroso de 2008-2009 no Hemisfério Norte – não significa que na fase de esvaziamento a evolução venha a ser feita sempre por cima de tudo quanto aconteceu entre 2002-2008.

Sabe-se igualmente que o enchimento do mar gelado começou em Setembro de 2008 com 15 dias de avanço em relação ao ano de 2007 e mesmo em relação à média do início dos anos precedentes do período 2002-2007.

Veremos seguidamente que a situação do Antárctico ainda é melhor do que a do Árctico. No conjunto, a anomalia positiva dos mantos polares é da ordem de um milhão de quilómetros quadrados.

Também observaremos que o Sol continua tranquilamente imaculado de manchas solares.

Estes três factos (Árctico, Antárctico e Sol) deveriam conduzir a uma profunda ponderação sobre o que está a acontecer e sobre como actuar. Mas os decisores políticos, a nível mundial, continuam mal aconselhados. Por isso, actuam em sentido contrário ao que deveriam.

Tanto mais que as previsões de cientistas russos – dos maiores conhecedores da dinâmica da região – não são nada favoráveis ao cenário de aquecimento.

De facto, num livro (*) recente, Frolov e mais quatro colegas apresentam uma previsão (Fig. 163) em que a região do Árctico vai continuar a arrefecer até cerca de 2030-2040. Esta hipótese encaixa-se nas previsões de Akasofu.

Relativamente à Fig. 163, deve salientar-se que representa médias temporais (ano) e espaciais (70 ºN – 90 ºN) da região do Árctico. Logo, não define situações particulares das sub-regiões, nomeadamente a do Árctico central. Serve de indicador da evolução do passado (1900 – 2005) e de uma previsão do futuro (2005-2060) de uma região árctica muito estendida.
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(*) Frolov, I.E., Gudkovich, Z.M., Karklin, V.P., Kovalev, E.G., Smolyanitsky, V.M. Climate Change in Eurasian Arctic Shelf Seas. Centennial Ice Cover Observations. ISBN: 978-3-540-85874-4