quinta-feira, janeiro 29, 2009

O hockey stick do Antárctico

Um estudo de Steig et al., que recentemente causou alarido na comunidade científica e mediática a nível mundial, é já conhecido como o “hockey stick do Antárctico”.

A razão para tal é o facto de um dos autores desse estudo ser Michael Mann, o mesmo que elaborou a tristemente célebre curva que ficou conhecida por hockey stick, um gráfico que pretende descrever as temperaturas dos últimos mil anos, mas que se provou ter sido manipulado por Mann de forma a eliminar acontecimentos como o Período Quente Medieval e, em contrapartida, a acentuar o crescimento da temperatura desde início do século XX, responsabilizando assim o período de desenvolvimento industrial por um alegado aquecimento global de carácter antropogénico.

É lamentável ter de concluir que Michael Mann não hesita em “torturar” os dados até eles “confessarem” o que lhe interessa. Aliás, este trabalho é paradigmático da forma como tem sido difundido o grande embuste do “global warming”.

- Alguns cientistas realizam um estudo com modelos, sem correspondência com a realidade. No caso em apreço trata-se de um modelo de circulação geral, conforme confessam os próprios autores, o que demonstra um profundo desconhecimentos acerca da dinâmica do Antárctico;
- O estudo é publicado numa revista com prestígio, como a Nature;
- Como condição de publicação, o estudo é aprovado pelos peer-reviewers da revista, os quais pertencem ao mesmo grupo de interesses dos autores e são já conhecidos por censurarem artigos que não convêm ao grupo; trata-se de uma prática absolutamente reprovável, que veio lançar suspeitas sobre todo o processo de peer-reviewing;
- Os ditos cientistas promovem uma conferência de imprensa, a que assiste um conjunto vasto de jornalistas que preferem o sensacionalismo ao realismo e à verdade;
- Os jornais de quase todo o mundo difundem a falsidade;
- Mesmo após a denúncia do logro, a notícia não é desmentida pelos jornais e revistas que promoveram a divulgação da trapaça;
- A opinião pública, desinformada e sem capacidade de discernimento, engole a mentira e esta fixa-se no seu subconsciente;
- Os oportunistas aproveitam-se e pressionam os governos para agravarem ainda mais o estado das economias dos seus países e obterem um bom naco de fundos para pseudo-investigação.

O estudo de Steig et al. foi publicado na Nature v457 Issue 7228, pp 459-462, em 22 de Janeiro de 2009. Mediante interpolação de dados retirados de algumas estações terrestres e ajustamento de dados de telemetria de satélites, o estudo afirma, basicamente, que um alegado “significant warming extends well beyond Antarctic Peninsula to cover of West Antarctic”.

Os leitores que têm acompanhado o MC já tiveram oportunidade de se aperceber que a Península do Antárctico é a região do continente do Pólo Sul para onde se encaminha o ar quente importado da região tropical meridional, como contrapartida do ar frio que é exportado pela região central do continente branco sob a forma de anticiclones móveis polares, ejectados de forma aleatória, tal como acontece no Pólo Norte. Não era preciso gastar mais dinheiro para se chegar a uma conclusão destas.

Mas o estudo de Steig et al. diz ainda o seguinte:

Accuracy in the retrieval of ice sheet surface temperatures from satellite infrared data depends on successful cloud masking, which is challenging because of the low contrast in the albedo and emissivity of clouds and the surface. In Comiso (ref. 8), cloud masking was done by a combination of channel differencing and daily differencing, based on the change in observed radiances due to the movement of clouds. Here, we use an additional masking technique in which daily data that differ from the climatological mean by more than some threshold value are assumed to be cloud contaminated and are removed. 20We used a threshold value of 10°C, which produces the best validation statistics in the reconstruction procedure.”

No fundo, o que esta passagem do artigo significa é que Steig et al. eliminaram todos os “satellite infrared data” que não lhes convinham para obterem o resultado que pretendiam.

Esta habilidade, de autênticos prestidigitadores do clima, levanta questões interessantíssimas que deveriam ser respondidas pelos autores antes do estudo poder ser aceite pela comunidade científica, se é que vai sê-lo para além do grupo de interesses respectivo.

Por exemplo, como é que Steig et al. conheciam a “climatological mean” quando é este o parâmetro que eles pretendiam determinar no seu astucioso estudo? E se conheciam a “climatological mean” para que finalidade se lembraram de determinar um parâmetro que já conheciam?

Naturalmente, importa saber como é que os peer-reviewers do estudo de Steig et al. falharam ao não procurar obter uma clarificação dos autores sobre os fundamentos relativos à validade da metodologia por eles utilizada.

Sintomaticamente, a invocação dos peer-reviewers é uma das diatribes do livrinho vermelho dos alarmistas quando querem desmerecer os críticos: “mas ele já publicou algum artigo numa revista com peer-reviewing?”.

Obviamente, as revistas são as que eles acham que merecem crédito. Querem convencer as pessoas de que a ciência se circunscreve ao grupo de interesses que aprova ou reprova os artigos propostos consoante satisfazem ou não os seus objectivos. Os alarmistas desprezam a observação e a experiência. Ou seja, desprezam o método científico.

Os leitores podem ainda ler um relatório do Senado dos EUA sobre mais este triste episódio do embuste do “global warming”. Veja-se a Fig. 157 das temperaturas da estação de Amundsen-Scott, do EUA, no centro do continente Antárctico, que mostra o seu arrefecimento e leiam-se algumas respostas ao artigo da Nature, que errou ao publicar o que afirmou, em News Story e SPPI. Ou ainda ler um resumo bem feito pelo blogue The Real Revo. E ler como Steve MacIntyre faz uma análise profunda, como era de esperar.

A Fig. 157 foi obtida a partir da base de dados da United States Historical Climatology Network (USHCN).