segunda-feira, julho 28, 2008

Secas e ondas de calor nos EUA

O drama das secas meteorológicas sempre preocupou os norte-americanos. Tanto no Inverno como no Verão. São frequentes as ondas de calor e as secas no Midwest e nas Grandes Planícies (a leste das Montanhas Rochosas). Nesta região as aglutinações anticiclónicas são endémicas.

As Montanhas Rochosas dividem os EUA em duas partes pertencentes a dois espaços aerológicos com dinâmicas distintas. No de leste descem os anticiclones móveis polares (AMP) a caminho do Golfo do México.

Como o berço dos AMP está relativamente perto da América do Norte, os AMP aparecem do lado do Atlântico com potência e frequência elevadas. Formam-se facilmente aglutinações anticiclónicas fortes a leste das Montanhas Rochosas.

Na década de 1930, especialmente nos anos 1934-1936, verificou-se talvez a pior seca da história dos EUA. A situação dramática ficou conhecida como Dust Bowl que já foi referida várias vezes no MC.

O drama do Dust Bowl também está ligado ao da Grande Depressão dos anos 1930 nos EUA. Daí que o tema da seca seja uma preocupação constante das autoridades norte-americanas quaisquer que elas sejam.

Chicago sofreu, em 1995, uma onda de calor entre 11 e 17 de Julho, que registou a morte de cerca de 600 pessoas. A temperatura chegou a atingir o máximo de 41 ºC no dia 13 de Julho. A cidade foi martirizada pelo efeito das ilhas de calor.

Mas Chicago já sofreu várias ondas de calor com referem Kenneth E. Kunkel e outros autores no estudo mais geral “Temporal Fluctuations in Weather and Climate Extremes That Cause Economic and Human Health Impacts: A Review”. O número de vítimas registadas em ondas de calor foi:

“(…) 1) 1936 with 297 deaths, 2) 1934 with 213 deaths, 3) 1995 with 525 deaths, 4) 1988 with 382 deaths, and 5) 1931 with 169 deaths.”

Por outro lado, Michale Palecki et al. mencionam outros episódios de secas norte-americanas. No Abstract pode-se ler:

The July 1999 heat wave in the Midwest was an event of relatively long duration punctuated by extreme conditions during its last 2 days. The intensity of the heat wave on July 29 and 30 rivalled that of the 1995 heat wave that killed more than 1000 people in the central United States. (…) In St. Louis, the 1999 heat wave was intense for a much longer duration than the 1995 heat wave, thus partially explaining the increase in heat-related deaths there from the 1995 event to the 1999 event (…).”

Todas estas fatalidades estiveram associadas a altas pressões atmosféricas. Os gases com efeito de estufa não foram tidos nem achados para o aparecimento destes fenómenos meteorológicos.

Os AMP quando passam na América do Norte ainda são robustos, uma vez que não estão longe de sua terra natal. Assim, este continente é particularmente susceptível de ser coberto por AA. Os AMP, às vezes, podem abranger toda a América do Norte.

Se os AMP muito potentes avançam lentamente, aumentam e mantêm a estabilidade anticiclónica resultante durante mais tempo. Consequentemente, elevam bastante o valor da pressão atmosférica. Resultam, deste modo, ‘dog days’ persistentes com agravamento nas grandes cidades.

Por vezes, também se encontra a explicação ilógica da elevação da temperatura do mar como causa das ondas de calor (ver “Explicações oficiais confusas”). Mas são os próprios proponentes desta hipótese que lançam a dúvida.

De facto, McCabe e colegas, num artigo publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), procuraram correlacionar dois índices, o PDOPacific Decal Oscillation e o AMOAtlantic Decadal Oscillation, com as secas nos EUA.

Os cientistas americanos, ao realizaram este interessante estudo, concluem honestamente que ‘the mechanisms are not well understood and cannot yet be used to help predict the likelihood of droughts’.

Chama-se a atenção para a importante “Fig. 4 - Time series of the annual PDO and AMO. Shaded areas indicate combinations of positive (+) and negative (-) PDO and AMO periods” do artigo de McCabe et al. (pág. 4140).

Na parte superior desta Fig. 4 está registado o shift climático 1976 com a passagem da fase negativa para a positiva do PDO. É uma prova material da inocência do Homem quanto à causa do «global warming» verificado a partir de então.

Este shift de 1976 foi estudado, juntamente com outro registado em 1989, pelos americanos Steven R. Hare e Nathan J. Mantuab, fundamentalmente, do ponto de vista oceanográfico.

Neste tipo de análises também é possível encontrar a dicotomia entre as teorias clássica e moderna: - Qual foi a causa da variação brusca do PDO em 1976? A climatologia clássica não tem resposta. Refere apenas valores estatísticos sem ir ao cerne da questão.

A moderna assevera que foi o arrefecimento do Árctico (e do Antárctico, também). Desde então, alterou-se o padrão da circulação geral da atmosfera, especialmente nos Invernos. Os AMP robusteceram-se nos Invernos e fizeram inverter o PDO.

O índice AMO poderia, neste estudo, ter sido substituído pelo índice NAONorth Atlantic Oscillation, talvez como mais significativo para a situação do Oceano Atlântico durante as ondas de calor.