quinta-feira, abril 24, 2008

Cosmoclimatologia (3)

(Versão parcelar do artigo “CO2: The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de Zbigniew Jaworowski)

Mais do que o próprio volume, a taxa de variação do volume global de gelo da criosfera, nos últimos 750 mil anos, alterou-se em concordância com a insolação. Esta foi marcada pelos parâmetros astronómicos – variações orbitais da Terra –, de acordo com os ciclos de Milutin Milankovitch (Roe, G., 2006, “In defense of Milankovitch”) *.

O estudo de Gerard Roe demonstra que as variações da concentração atmosférica do CO2 estão desfasadas em atraso relativamente às variações do volume global de gelo do planeta. Este facto implica que o papel do CO2 é secundário, como noutras situações, quanto à variação do volume global de gelo.

Neste estudo provou-se, igualmente, que a fusão do gelo precede as variações da concentração do CO2 atmosférico. Comparativamente à influência solar, as variações do CO2 jogam um papel secundário nas transformações no volume global do gelo.

Os parâmetros orbitais são, de facto, determinantes na variação do volume global de gelo, para mais e para menos. Provocam alterações da insolação que promovem variações da massa de gelo. É mais uma prova do papel infinitamente pequeno do CO2 na dinâmica do tempo e do clima.

Em tempos ainda mais longínquos as modificações do sistema solar devem ter tido consequências dramáticas durante o caso conhecido por “Snowball Earth” [Bola de Neve], há 2300 milhões a 700 milhões de anos.

O clima tem-se alterado de forma regular na história geológica da Terra. Em três mil milhões de anos a Terra conheceu vários períodos, mais ou menos longos, de fases frias com várias glaciações (Chumakov, 2004) * e de fases quentes.

Métodos geológicos permitem distinguir cinco categorias de variações climáticas: 1) Super-longas (aproximadamente 150 milhões de anos; 2) Longas (15 milhões de anos); 3) Médias (um milhão a dez milhões de anos); 4) Curtas (dez milhares a centenas de milhares de anos); 5) Ultra-curtas (milénios, séculos ou mais curtos).

No éon Fanerozóico (450 milhões de anos atrás) a Terra atravessou quatro ciclos climáticos super-longos provavelmente relacionados com as mudanças do fluxo dos raios cósmicos causadas pela passagem do Sistema Solar pela Via Láctea (Shaviv e Veizer, 2003) *.

A evolução da temperatura no Fanerozóico seguiu o fluxo dos raios cósmicos e não revela qualquer relacionamento com a concentração atmosférica do CO2. Neste período ocorreram duas glaciações extensas, há 300 milhões de anos, com mínimos de CO2 que foram interpretados com causadores das variações climáticas de então (Berner, 1998) *.

Porém, há 353 a 444 milhões de anos, quando o teor de CO2 na atmosfera era sete a dezassete vezes superior ao actual, também se verificaram glaciações extensas e longas que contradizem aquela interpretação (Chumakov, 2004) *.

Os estudos da paleoclimatologia forneceram dados proxies dos gradientes climáticos globais do Fanerozóico (Berner, 1997) * que não apresentaram qualquer relacionamento com a concentração atmosférica do CO2 estimada (Boucot et al., 2004) *.

A cosmoclimatologia não aceita que a concentração do CO2 atmosférico seja o motor das variações climáticas verificadas há muito longo prazo. Antes pelo contrário, admite que os principais responsáveis sejam os parâmetros orbitais.

(continua)
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*A bibliografia pode ser consultada no original de Zbigniew Jaworowski.