quinta-feira, abril 17, 2008

Cosmoclimatologia (1)

(Versão parcelar do artigo “CO2: The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de Zbigniew Jaworowski)

Nos últimos 17 anos verificou-se um desenvolvimento rápido de um novo ramo científico: a cosmoclimatologia. Os pioneiros foram os cientistas dinamarqueses Eigil Friis-Christensen e Knud Lassen. Em Novembro de 1991 publicaram um artigo, com 12 páginas, na revista Science relacionando a actividade solar com a temperatura da superfície terrestre.

Em Fevereiro de 2007, outro cientista dinamarquês, Henrik Svensmark, sintetizou o progresso deste ramo num artigo com o título sugestivo “Cosmoclimatology: a new theory emerges” publicado na revista Astronomy & Geophysics.

Os estudos neste domínio pretendem demonstrar que o estado do tempo é influenciado pelos raios cósmicos que penetram na atmosfera terrestre. Segundo esses estudos, o fluxo dos raios cósmicos seria controlado pela variação do vento solar.

Os trabalhos de Svensmark e dos seus colegas, sobre a ligação entre raios cósmicos, nuvens e clima, foram ignorados durante mais de dez anos. Como esta ideia contrariava a hipótese do aquecimento global de origem antropogénica teve uma contestação severa por parte do conhecido lobby do clima.

Daí ter sido difícil obter linhas de financiamento, dentro da Dinamarca, para o prosseguimento da investigação. Para responder aos críticos, a equipa dinamarquesa teve de recorrer a apoios externos (ver abaixo o projecto CLOUD).

Por estranho que pareça, os meteorologistas e os climatologistas nunca souberam realmente explicar a formação das nuvens. Os livros teóricos dizem apenas que, quando o ar se torna bastante frio, a humidade pode condensar para produzir as nuvens.

Inicialmente, têm de existir pequenas partículas a flutuar no ar que são núcleos de condensação das nuvens e que podem dar forma às gotas de água. As partículas mais importantes são gotículas formadas por ácido sulfúrico e água.

É necessário que estejam demasiado disseminadas. Como elas aparecem é um mistério. Um avião de investigação voando sobre o Oceano Pacífico, em 1996, descobriu a formação das gotículas de alta velocidade contradizendo teorias da meteorologia.

Em laboratório as gotículas foram reproduzidas, em 2005, numa grande caixa-de-ar existente no Danish National Space Center, em Copenhaga, numa experiência designada por SKY.

Os raios cósmicos entravam através de uma janela do tecto do laboratório e libertavam electrões no ar que encorajavam a aglutinação das moléculas que produzia micro-gotículas capazes de se associarem em gotículas maiores para formação de nuvens. A velocidade e a eficácia dos electrões até à formação das nuvens causaram grande espanto aos investigadores.

Em 2006, iniciou-se uma investigação laboratorial mais avançada dos efeitos dos raios cósmicos na atmosfera. Uma equipa multinacional está desde então a executar o projecto CLOUD.

Este projecto de investigação beneficia da colaboração do laboratório europeu de física de partículas, CERN, localizado em Genebra, que apoiou os dinamarqueses. A primeira experiência realizada consistiu em reproduzir os resultados do projecto SKY, obtidos em Copenhaga.

Eugene Parker – autor do Prefácio do livro “The Chilling Stars-A new theory of climate change” – descobriu o vento solar, há quase meio século. Parker apoia fortemente este ramo da investigação dinamarquesa e antevê que, a confirmar-se, a teoria dos raios cósmicos, nuvens e clima vai ter uma grande repercussão noutros domínios da ciência.

(continua)