sexta-feira, abril 07, 2006

Dinâmica do Árctico (4)

Aumentou constantemente, desde os anos 70 do século XX, o número de anticiclones móveis polares e o volume de ar frio exportado. Isso aconteceu sazonalmente. Com menos intensidade no Outono do que nas outras estações do ano.

Este aumento causou simultaneamente um maior número de ciclones e o aumento do volume de ar aquecido devolvido ao Pólo Norte. Como tal, cresceu o número de tempestades ciclónicas.

Mas, o mais importante a reter foi o acréscimo contínuo e significativo do número de anticiclones nascidos em quase todas as estações do ano. Em 2005, até em pleno Outono foi registada uma actividade incomum.

A análise dinâmica mostra que a evolução da circulação geral para um modo rápido só pode ter sido devida a um arrefecimento, especialmente, na região do Árctico - incluindo a Gronelândia - donde nascem os AMP.

Contrariamente a este raciocínio lógico, se tivesse existido aquecimento, como afirma o IPCC, ter-se-ia verificado uma diminuição da saída de ar frio. E, consequentemente, assistir-se-ia a uma diminuição das depressões e das tempestades associadas.

Esta teria sido a evolução da circulação geral para um modo lento. Mas não foi isso o que se verificou. O ar muito mais frio que saiu no Inverno transportado pelos AMP foi um sintoma da descida da temperatura na parte ocidental do Árctico, incluindo a Gronelândia.

Uma prova adicional foi dada pelas observações dos balões meteorológicos lançados nessa zona ocidental do Árctico. Kahl et al. afirmaram: «enquanto as camadas mais baixas da atmosfera arrefeceram (1), as camadas médias aqueceram (2)».

Tudo bate certo. Nas camadas baixas registaram a temperatura do ar frio intenso dos AMP. Nas camadas médias, os balões registaram as temperaturas do ar quente de retorno, por cima dos AMP. Esta é mais uma prova do acerto da teoria dos AMP.

Por outro lado, durante o Verão, devido a uma mais equilibrada distribuição dos ciclones no lado oriental da bacia do Árctico, o ar quente que vem do Sul teve tendência para desajustar a evolução da temperatura média.

Esta situação é corroborada pelos estudos de Serreze et al., datados de 1993 e 2000, e, mais recentemente, de Alexis Pommier et al., do ano 2004 (3), para o período de 1950-2000. Reforça-se a virtude da análise da situação no Árctico independentemente do «global warming».

O Árctico segue o seu caminho ditado pela Natureza. A hiperactividade dos AMP a partir da década iniciada em 1970 é, de facto, responsável pela actual situação. Esta evoluirá conforme evoluir a modo rápido da circulação geral da atmosfera.

Se este modo abrandar, voltará a uma situação próxima da que existia no início daquela década. Ainda não está determinada a causa deste reavivar dos AMP. Suspeita-se da formação, algures, de aerossóis que caminharam para os pólos.

A propósito, com início em 9 de Março passado, uma nuvem de aerossóis atravessou a China. Os satélites da NASA acompanharam o fenómeno que conduziu a um abaixamento da temperatura em certas zonas da China.

Referências (Marcel Leroux):

(1) Kahl, J. D. et al., Absence of evidence for greenhouse warming over the Arctic Ocean in the past 40 years. Nature, 131, 335-337, 1993.

(2) Kahl, J. D. et al., Fifty-year record of North Polar temperatures shows warming. EOS, 1, 5, 2000.

(3) Pommier, Alexis et al., Relationship between the Features Variations of Highs and Lows in the North Atlantic and North Atlantic Oscillation from 1950 to 2000. First International CLIVAR Science Conference, Baltimore, 2004.

(continua)