sexta-feira, outubro 30, 2009

Dito e feito: a temperatura do Antárctico a subir, dizem eles…

Ainda muito recentemente, no post Recorde do Antárctico em 2009 escreveu-se:

«A maior parte do Antárctico está a arrefecer. Apenas a Península não está porque recebe o ar quente e húmido importado pelo Antárctico em troca do ar frio exportado pela região central.

Pois é precisamente para a Península do Antárctico que se dirigem os “turistas do global warming” (como o jornalista José Rodrigues dos Santos que escreveu o livro sensacionalista “O Sétimo Selo”) para anunciarem depois ao Mundo que o Antárctico (todo ele!) está a aquecer, “com consequências irreversíveis, mais depressa do que o previsto”…

Eles que não se limitem a passear na Península! Vão até à parte central do continente, mas bem agasalhados (89 graus Celsius, negativos, em 21 de Julho de 1983!).
»

Entretanto, MC tomou conhecimento pelo jornal Público (edição impressa do dia 28 de Outubro de 2009, pág. 13, e online) da notícia “Temperaturas do solo sempre congelado na Antárctida estão a subir durante o Verão”.

Nesta notícia, redigida pela jornalista Teresa Firmino, fica-se a saber que uma equipa de investigação do Centro de Estudos Geográficos (CEG) da Universidade de Lisboa tem estado nas ilhas de Linvingston e Deception que fazem parte do arquipélago das South Shetland Islands (ver Fig. 193).

A notícia do Público fala na região da Península do Antárctico, mas as ilhas investigadas afastam-se um pouco da Península propriamente dita. Ficam na trajectória de retorno do ar quente e húmido que chega ao Pólo Sul em troca do ar frio que sai do centro do Antárctico.

Como tal, é uma zona atípica quanto à evolução fundamental das temperaturas do Antárctico e da dinâmica deste continente que é fundamental na dinâmica do tempo e do clima do Hemisfério Sul.

A jornalista fala numa sessão de divulgação promovida pelo coordenador do Grupo de Investigação em Ambientes Antárcticos e Alterações Climáticas do CEG, Gonçalo Vieira.

É evidente que nesta zona investigada não se pode concluir que “Com esses dados, os modelos climáticos, utilizados pelos cientistas para fazer projecções sobre a evolução do clima da Terra, poderão ser calibrados. Para projectar o clima do futuro é preciso conhecer em pormenor o que se passa actualmente” como escreve a sra. Teresa Firmino.

E muito menos se deve concluir que “Além disto tudo, os resultados apresentados pela equipa portuguesa são mais uma indicação de que, naquela zona da Terra, está a dar-se um aquecimento. Juntam-se assim a um coro de dados, para muitas outras regiões, de que o planeta tem estado a aquecer” como acrescenta a jornalista.

Duvida-se que o investigador Gonçalo Vieira tenha proclamado tais aberrações. Espera-se mesmo que a equipa do CEG tenha a noção de que não está a investigar o Antárctico mas sim uma zona limítrofe, bem afastada do centro, que não permite extrapolações como faz levianamente a jornalista.