O Árctico em 2007 e em 2008 (3)
É possível analisar a repartição do declínio da banquisa (mar gelado) entre algumas sub-regiões do Árctico durante os meses de Maio a Agosto de 2008. O declínio não é homogéneo em toda a região do Árctico.
O NSDIC – National Snow and Ice Data Center apresenta a repartição entre a Bacia do Árctico (Central Arctic), o Mar de Beaufort, o Mar de Laptev, o Mar de Kara e o conjunto dos Mares de Chukchi e da Sibéria Oriental.
A Fig. 122 indica num diagrama de barras a taxa diária das perdas nestas sub-regiões em milhões de quilómetros quadrados para cada mês de Maio a Agosto de 2008.
Na Primavera (Maio) e no início do Verão (Junho), as maiores perdas de gelo situaram-se no Mar de Beaufort. Em meados do Verão (Julho) alterou-se o padrão das perdas regionais de gelo. O Mar de Kara associou-se ao Mar de Beaufort nas maiores perdas.
Em pleno Verão (Agosto), efectuou-se nova alteração do padrão das perdas. O Mar da Sibéria Oriental e o Mar de Chukchi, conjuntamente, tomaram então a dianteira das perdas. Este conjunto de Mares exibiu em Agosto, destacadamente, a maior taxa diária de perdas de todo o período de Maio a Agosto.
O desvio, de região para região, da predominância das perdas de gelo deveu-se à alteração do padrão da circulação geral da atmosfera de um mês para outro. Isto é, dependeu da dinâmica própria do espaço aerológico do Árctico de acordo com as trajectórias dos anticiclones móveis polares.
O NSDIC afirma: «A pattern of high pressure set up over the Chukchi Sea, bringing warm southerly air into the region and pushing ice away from shore.» Ou seja, até o ar quente empurrou o “granizado” de gelo para fora do Árctico.
Em Agosto as anomalias das temperaturas do ar, no Mar de Chukchi (à altitude correspondente a 955 hectopascais de pressão atmosférica, que se localiza a cerca de 750 metros), foram positivas e situaram-se entre 5 ºC a 7 ºC acima da média.
As perdas de gelo no Mar da Sibéria Oriental e no Mar de Chukchi foram mais elevadas do que em 2007. Em 2008, o valor médio diário das perdas, nesta sub-região, foi de mais 14 mil quilómetros quadrados do que em 2007.
Na globalidade, em final de Agosto de 2008, o mar gelado estava ainda com uma extensão superior à do final de Agosto de 2007. Como tal, houve sub-regiões que tiveram, em 2008, uma menor taxa de declínio, contrariamente às dos Mares de Chukchi e da Sibéria Oriental.
O mar gelado também registou um recuo invulgar na Ilha de Ellesmere durante o mês de Agosto. Eis o que diz o NSDIC: «Sea ice also experienced an unusual retreat north of Ellesmere Island during August. Partial collapse of ice shelves in the region attended this retreat.»
Foi em Ellesmere onde se partiram as placas de gelo tal como foi anunciado pelos media mundiais de modo sensacionalista. Os de Portugal não fugiram à regra, tanto no papel como on-line, sem contar com as rádios e as televisões.
É de salientar que o gelo da Bacia do Árctico (Central Arctic, na Fig. 122) se manteve invariante nos meses de Maio, Junho e Julho. Apenas teve perdas em Agosto. É aqui o cerne do Árctico que resiste e mantém a circulação geral da atmosfera a funcionar.
Foi pena que o NSDIC não tenha englobado o Mar de Barents na sua análise. Mas o Cryosphere Today tem a evolução deste Mar. O Mar de Barents (link temporário) caiu a pique entre Maio e Agosto de 2008.
Esta sub-região do Mar de Barents é o local de acolhimento preferencial do ar (ciclónico) quente importado pelo Árctico através dos anticiclones móveis polares da trajectória atlântico-escandinava.
Desta análise podemos encontrar o início da explicação do estado do tempo no Verão de 2008, em Portugal. Interessa perceber qual foi o motivo de ter sido um Verão sem ondas de calor. O Árctico produziu os anticiclones móveis polares (AMP) usuais.
Os AMP da trajectória atlântico-escandinava, que afectam Portugal, sucederam-se a um ritmo uniforme sem encaixes uns nos outros. Seguiram-se uns atrás dos outros de enfiada. A pressão atmosférica não chegou a valores que provocassem ondas de calor.
O NSDIC – National Snow and Ice Data Center apresenta a repartição entre a Bacia do Árctico (Central Arctic), o Mar de Beaufort, o Mar de Laptev, o Mar de Kara e o conjunto dos Mares de Chukchi e da Sibéria Oriental.
A Fig. 122 indica num diagrama de barras a taxa diária das perdas nestas sub-regiões em milhões de quilómetros quadrados para cada mês de Maio a Agosto de 2008.
Na Primavera (Maio) e no início do Verão (Junho), as maiores perdas de gelo situaram-se no Mar de Beaufort. Em meados do Verão (Julho) alterou-se o padrão das perdas regionais de gelo. O Mar de Kara associou-se ao Mar de Beaufort nas maiores perdas.
Em pleno Verão (Agosto), efectuou-se nova alteração do padrão das perdas. O Mar da Sibéria Oriental e o Mar de Chukchi, conjuntamente, tomaram então a dianteira das perdas. Este conjunto de Mares exibiu em Agosto, destacadamente, a maior taxa diária de perdas de todo o período de Maio a Agosto.
O desvio, de região para região, da predominância das perdas de gelo deveu-se à alteração do padrão da circulação geral da atmosfera de um mês para outro. Isto é, dependeu da dinâmica própria do espaço aerológico do Árctico de acordo com as trajectórias dos anticiclones móveis polares.
O NSDIC afirma: «A pattern of high pressure set up over the Chukchi Sea, bringing warm southerly air into the region and pushing ice away from shore.» Ou seja, até o ar quente empurrou o “granizado” de gelo para fora do Árctico.
Em Agosto as anomalias das temperaturas do ar, no Mar de Chukchi (à altitude correspondente a 955 hectopascais de pressão atmosférica, que se localiza a cerca de 750 metros), foram positivas e situaram-se entre 5 ºC a 7 ºC acima da média.
As perdas de gelo no Mar da Sibéria Oriental e no Mar de Chukchi foram mais elevadas do que em 2007. Em 2008, o valor médio diário das perdas, nesta sub-região, foi de mais 14 mil quilómetros quadrados do que em 2007.
Na globalidade, em final de Agosto de 2008, o mar gelado estava ainda com uma extensão superior à do final de Agosto de 2007. Como tal, houve sub-regiões que tiveram, em 2008, uma menor taxa de declínio, contrariamente às dos Mares de Chukchi e da Sibéria Oriental.
O mar gelado também registou um recuo invulgar na Ilha de Ellesmere durante o mês de Agosto. Eis o que diz o NSDIC: «Sea ice also experienced an unusual retreat north of Ellesmere Island during August. Partial collapse of ice shelves in the region attended this retreat.»
Foi em Ellesmere onde se partiram as placas de gelo tal como foi anunciado pelos media mundiais de modo sensacionalista. Os de Portugal não fugiram à regra, tanto no papel como on-line, sem contar com as rádios e as televisões.
É de salientar que o gelo da Bacia do Árctico (Central Arctic, na Fig. 122) se manteve invariante nos meses de Maio, Junho e Julho. Apenas teve perdas em Agosto. É aqui o cerne do Árctico que resiste e mantém a circulação geral da atmosfera a funcionar.
Foi pena que o NSDIC não tenha englobado o Mar de Barents na sua análise. Mas o Cryosphere Today tem a evolução deste Mar. O Mar de Barents (link temporário) caiu a pique entre Maio e Agosto de 2008.
Esta sub-região do Mar de Barents é o local de acolhimento preferencial do ar (ciclónico) quente importado pelo Árctico através dos anticiclones móveis polares da trajectória atlântico-escandinava.
Desta análise podemos encontrar o início da explicação do estado do tempo no Verão de 2008, em Portugal. Interessa perceber qual foi o motivo de ter sido um Verão sem ondas de calor. O Árctico produziu os anticiclones móveis polares (AMP) usuais.
Os AMP da trajectória atlântico-escandinava, que afectam Portugal, sucederam-se a um ritmo uniforme sem encaixes uns nos outros. Seguiram-se uns atrás dos outros de enfiada. A pressão atmosférica não chegou a valores que provocassem ondas de calor.
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