sábado, maio 03, 2008

O pânico do nível do mar

(Versão parcelar do artigo “CO2: The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de Zbigniew Jaworowski)

Um dos assuntos mais apregoados para alarmar a opinião pública é a hipotética subida do nível dos mares. Esta presumível elevação marítima causaria prejuízos catastróficos aos habitantes que vivem junto ao mar e que representam uma percentagem elevada da população mundial.

Seria a consequência do derretimento de mantos de gelo, nomeadamente da Gronelândia e do Antárctico, provocado pelo aquecimento global. Muitas pessoas temem que seja uma inevitabilidade. Mas também há muitos desmentidos que elas não têm conhecimento por se lhes ocultar a verdade.

Um deles é o artigo recente de cientistas americanos do Goddard Space Flight Center, da NASA (Zwally et al., 2005) *. Este artigo apresenta o resultado da aplicação de técnicas com satélites que permitem avaliar a espessura do gelo.

Determinaram as alterações de massas de gelo da Gronelândia (durante dez anos e meio) e do Antárctico (nove anos). Utilizaram bases de dados de processos altimétricos fornecidos por satélites NASA.

Zwally e colegas demonstraram que o gelo da Gronelândia diminuiu (- 42 Gt/ano) nas margens, no designado permafrost – terras geladas –, mas aumentou (+ 53 Gt/ano) no interior da grande ilha, com um balanço positivo. Este resultado corresponderia a um rebaixamento do nível do mar de – 0,03 mm/ano.

[G é o símbolo do múltiplo “giga” que significa 10 levantado à nona potência; t é o símbolo da tonelada. Ou seja, 1 Gt representa mil milhões de toneladas.]

Já para o Antárctico o resultado encontrado foi a diminuição (- 47 Gt/ano) na parte ocidental e o aumento (+ 16 Gt/ano) na oriental. O balanço de - 31 Gt/ano corresponderia a uma elevação do nível do mar de + 0,08 mm/ano.

Isto é, de acordo com este estudo – abragendo um período de uma década –, o Antárctico e a Gronelândia estariam a contribuir com uma subida conjunta de + 0,05 mm/ano. Por este andar, fariam o mar subir 5 mm num século ou 5 cm num milénio. Seriam necessários 20 mil anos para se alcançar uma subida de um metro! Se, entretanto, não ocorresse uma fase gelada.

No período estudado, o West Antarctic Ice Sheet (WAIS) perdeu massa de gelo à taxa de - 95 Gt/ano. Mas o centro do Antárctico ganhou + 142 Gt/ano. O balanço foi marcadamente positivo de + 47 Gt/ano. O ganho no centro explica a intensificação da génese dos anticiclones móveis polares austrais, especialmente no Inverno.

[O WAIS situa-se na península que recebe as depressões com o retorno de ar quente originadas pelo movimento dos anticiclones móveis polares austrais que nascem no centro do Antárctico.]

A contribuição de + 0,05 mm/ano de subida dada pelo gelo polar seria pequena comparada com a hipotética subida dos oceanos de 2,8 mm/ano obtida por observações de satélites. Mas este último valor é controverso pelas dificuldades nas medições oceânicas que são menos fiáveis do que as continentais devido à instabilidade do nível oceânico com ondas, fluxos e refluxos.

As populações indígenas das ilhas do Pacífico e do Índico são sistematicamente desassossegadas com a visão apocalíptica do desaparecimento dos seus habitats. Dizem-lhes que esse facto se deveria aos pecadores que poluem e que vivem tranquilamente em domicílios intocáveis pelo mar.

Um exemplo da futilidade de tais medos consta no bonito arquipélago das Maldivas, no Oceano Índico central, com 1200 ilhas agrupadas em aproximadamente 20 atóis de maior dimensão.

Os atóis sobressaem de uma profundidade de cerca de 2500 metros. Consistem em recifes, escombros e areias de corais. Emergem apenas um a dois metros acima do nível do mar. Daí que, segundo os alarmistas, estejam condenadas a desaparecer, engolidos pelo mar, num futuro próximo (IPCC, 2001) *.

Investigações múltiplas sedimentares e de geomorfologia acompanhadas por processos altimétricos contradizem esta profecia medonha. O cientista sueco Nils-Axel Mörner tem demonstrado a inconsistência de tais predições que só servem para assustar a opinião pública mundial e os maldivianos (Mörner, N. A. et al., 2004) *.

As ilhas existem pelo menos desde a última glaciação e estão habitadas há pelo menos 1500 anos. Os seus habitantes sobreviveram ao Período Quente Medieval quando o nível do mar deve ter sido 50 cm a 60 cm mais elevado do que actualmente (Fig. ZJ9).

Nas últimas décadas, os processos altimétricos dos satélites e os registos de medidas locais, realizadas pelo governo australiano, não apresentam elevação significativa do nível do mar na região das Maldivas. Trata-se apenas da síndrome maldiviana reproduzida e ampliada pela incultura de muitos autores.

Os australianos têm provas de que há 30 a 100 anos atrás o nível do mar era 20 cm a 30 cm mais elevado do que é actualmente. Também têm provas de que o nível do mar desceu com valores semelhantes, de 20 cm a 30 cm, nos últimos 30 anos, contrariando os cenários catastróficos do IPCC.

(continua)
____________
*A bibliografia pode ser consultada no original de Zbigniew Jaworowski.