Crendices
O articulista Alberto Gonçalves, sociólogo, escreve uma coluna dominical no Diário de Notícias, designada “Dias contados”. Escreve um pequeno texto por cada dia da semana. Relativamente à última sexta-feira, dia 21, escreveu o que se segue.
«O FIM DO MUNDO TAL COMO AL GORE O CONHECE
E, discretamente, o aquecimento global, esse Medo do Ano, parou. Se o facto não chegou às manchetes nem por isso deixa de ser um facto: as temperaturas médias de 2007 foram idênticas às de 2006. E as de 2006 às de 2005. E as de 2005 às de 2004. E por aí fora até 2001.
É isto, então: aparentemente, as temperaturas terrestres (por complexas que sejam de estabelecer) não aumentam há seis anos. David Whitehouse, astrofísico e ex-editor científico da BBC (não, não é o "céptico" comum), comenta o assunto em artigo na revista "New Statesman" e procura, em vão, uma explicação.
A explicação "clássica" liga o aumento das temperaturas ao aumento das emissões de dióxido de carbono. Mas, no período em causa, as emissões de CO2 continuaram a subir (nos dois sentidos) e as temperaturas, repito, não. Na perspectiva científica, é legítimo suspeitar que, afinal, uma coisa não está relacionada com a outra, e que talvez a acção do homem não influencie o clima do modo que se pensava e se obrigava toda a gente a pensar.
O problema é que o conhecimento científico nunca foi exactamente o objectivo desta história. A coisa passou mais por apavorar as massas com visões folclóricas da catástrofe, espatifar fortunas em "investigação" com tese previamente definida, realizar o "Live Earth", dar o Nobel ao sr. Gore, reunir os grandes da Terra (aflitíssimos) nas praias de Bali e aliviar fúrias acerca dos EUA e de Quioto.
Feito, feito, feito, feito. Se calhar, é suficiente. Podemos voltar à gripe das aves? Ou, se quiserem um perigo comprovado e realmente assustador, à crendice dos homens.»
Este texto singelo diz mais do que qualquer análise profunda sobre a evolução das temperaturas. Poderíamos acrescentar que, de facto, desde 1998, o planeta desistiu de aquecer. Pelo menos, por enquanto. O hemisfério Sul é responsável por esta conclusão.
«O FIM DO MUNDO TAL COMO AL GORE O CONHECE
E, discretamente, o aquecimento global, esse Medo do Ano, parou. Se o facto não chegou às manchetes nem por isso deixa de ser um facto: as temperaturas médias de 2007 foram idênticas às de 2006. E as de 2006 às de 2005. E as de 2005 às de 2004. E por aí fora até 2001.
É isto, então: aparentemente, as temperaturas terrestres (por complexas que sejam de estabelecer) não aumentam há seis anos. David Whitehouse, astrofísico e ex-editor científico da BBC (não, não é o "céptico" comum), comenta o assunto em artigo na revista "New Statesman" e procura, em vão, uma explicação.
A explicação "clássica" liga o aumento das temperaturas ao aumento das emissões de dióxido de carbono. Mas, no período em causa, as emissões de CO2 continuaram a subir (nos dois sentidos) e as temperaturas, repito, não. Na perspectiva científica, é legítimo suspeitar que, afinal, uma coisa não está relacionada com a outra, e que talvez a acção do homem não influencie o clima do modo que se pensava e se obrigava toda a gente a pensar.
O problema é que o conhecimento científico nunca foi exactamente o objectivo desta história. A coisa passou mais por apavorar as massas com visões folclóricas da catástrofe, espatifar fortunas em "investigação" com tese previamente definida, realizar o "Live Earth", dar o Nobel ao sr. Gore, reunir os grandes da Terra (aflitíssimos) nas praias de Bali e aliviar fúrias acerca dos EUA e de Quioto.
Feito, feito, feito, feito. Se calhar, é suficiente. Podemos voltar à gripe das aves? Ou, se quiserem um perigo comprovado e realmente assustador, à crendice dos homens.»
Este texto singelo diz mais do que qualquer análise profunda sobre a evolução das temperaturas. Poderíamos acrescentar que, de facto, desde 1998, o planeta desistiu de aquecer. Pelo menos, por enquanto. O hemisfério Sul é responsável por esta conclusão.
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