domingo, janeiro 07, 2007

Dia de Reis sem eólicas

Ontem, Dia de Reis, o País não teve a contribuição devida das centrais eólicas – a fonte de energia sem fim, segundo anuncia a sua propaganda. Mas a dinâmica do clima prega as suas partidas.

A aglutinação anticiclónica permanece nas cercanias de Portugal. Ultimamente situa-se próxima do local do anticiclone dos Açores. Já há muitos dias a estabilidade anticiclónica não larga a Península Ibérica.

Esta estabilidade também se traduz pela falta de vento e pelo tempo seco. O mecanismo pode ser explicado do seguinte modo:

- Intensificação do número de anticiclones móveis polares (AMP) que se aglutinam uns atrás dos outros; não significa que o ar seja sempre o mesmo pois vai sendo substituído a um ritmo relativamente lento;
- Estabelecimento de um campo de altas pressões com uma extensão espacial e temporal considerável;
- Ausência de ventos fortes e impedimento de entrada de vento atlântico;
- Aumento da condutibilidade térmica do ar pelo aumento significativo da pressão atmosférica;
- Aquecimento do ar à superfície devido à contra-radiação terrestre que se estende por camadas cumulativas superiores;
- A contra-radiação celeste está enfraquecida pela secagem do ar já que o principal gás com efeito de estufa, o vapor de água, está diminuído;
- O ar quente não sobe além de um a dois quilómetros de altitude devido à subsidência, isto é, devido à pressão atmosférica exercida de cima para baixo;
- Esta dinâmica é a mesma seja Inverno seja Verão;
- No Verão, como o ar que vem da região boreal é menos frio e a contra-radiação terrestre é mais forte, o aquecimento é mais rápido e mais duradoiro e origina o que se designa erradamente por uma onda de calor.

Este fenómeno real é o desmentido flagrante da pseudo-teoria do efeito de estufa antropogénico. Se a contra-radiação celeste fosse predominante, o ar à superfície aquecia e elevava-se sem impedimento da pressão atmosférica que baixava.

A descida da pressão aumentaria o vento (que no Hemisfério Norte rodaria em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio à volta da depressão). As eólicas aceleravam e produziam a energia que neste momento faz falta à rede eléctrica nacional.

A falha das eólicas obriga à produção de energia de origem fóssil em centrais que normalmente estariam fora de serviço. Esta energia tem custo marginal mais elevado e, por isso, as termoeléctricas, que sejam menos competitivas, são sempre as últimas centrais a arrancar.

A Fig. 77 (dia 2007-01-06) foi retirada da página web da REN. Ela ilustra a situação das eólicas resvés o eixo do tempo durante praticamente todas as 24 horas do Dia de Reis. Dos mais de 600 MW de potência instalada, apenas foram gerados sempre menos de 100 MW.

Tal situação provavelmente irá repetir-se sistematicamente, tanto no Inverno como no Verão, devido ao aumento da frequência acrescida das aglutinações de AMP.

Atribuir ao efeito de estufa antropogénico as “ondas de calor”, as mortes, os incêndios e outros acontecimentos dramáticos é, no mínimo, um erro grosseiro de avaliação.

Além disso, o valor das temperaturas anormais para a época do ano – cuja génese foi explicada atrás – vai ser catalogado erradamente como prova do aquecimento global e das alterações climáticas concomitantes.

Correcção: Por sugestão de um leitor - muito exigente, como é bom que se seja - , colocou-se entre virgulas «...as termoeléctricas, que sejam menos competitivas, são sempre...»; o mesmo leitor sugeriu os links para os conceitos das contra-radiação terrestre e contra-radiação celeste; aproveita-se para fornecer também o do balanço radiativo e o da radiação solar; finalmente, o leitor pretende que se registe que, de acordo com as suas palavras, "falta também dizer que, contra ventos e marés, o preço da eólica é bastante mais elevado"; ou seja, acrescenta o leitor, "ironia das ironias, sem falar nas velhas turbinas a gás, que queimavam gasóleo, o backup térmico é sempre mais barato do que a eólica..."