quarta-feira, abril 14, 2010

Institute Of Physic

Em Fevereiro de 2010, a propósito do Climategate, o prestigiado Institute Of Physic (IOP), enviou um memorando ao Comité de Ciência e Tecnologia do Parlamento Britânico. Trata-se de uma opinião valiosa sobre o procedimento de certos cientistas.

Recomenda-se uma leitura atenta deste documento que em 13 pontos critica a ética dos cientistas apanhados na malha dos e-mails denunciados no escândalo do Climategate. A tradução dos 5 primeiros pontos dá uma ideia da crítica feita pelo IOP.

1. A menos que se prove que os e-mails são falsos ou adaptações, o Instituto está preocupado com as implicações que possam afectar a integridade da investigação científica neste domínio da investigação assim como da credibilidade do método científico tal como é praticado neste contexto.

2. Os e-mails do CRU [Climatic Research Unit (UEA - Universidade de East Anglia)], conforme foram publicados na internet, fornecem, em primeiro lugar, a prova da recusa concertada e determinada em dar cumprimento às honrosas tradições científicas e à lei da liberdade de informação [FOI - Freedom of information].

É vital o princípio segundo o qual os cientistas devem aceitar a exposição das suas ideias e dos seus resultados para uma análise e para uma réplica independentes, o que exige a transparência dos dados, dos procedimentos e dos materiais utilizados.

A não conformidade [com estes princípios] foi confirmada pelos resultados dos inquéritos do Comissário de Informação. Isso estende-se para além do próprio CRU – a maior parte dos e-mails foram trocados com investigadores pertencentes a um grande número de outras instituições internacionais que também estão envolvidas na formulação das conclusões do IPCC sobre as alterações climáticas.

3. É importante registar que existem duas categorias diferentes de bases de dados implicados nas trocas dos e-mails do CRU: as que resultam da compilação de medidas instrumentais directas das temperaturas terrestres e oceânicas, tais como as bases de dados do CRU, do GISS [Goddard Institute for Space Studies] e da NOAA [National Oceanic and Atmospheric Administration], e aquelas que se referem às reconstruções das temperaturas históricas a partir de medidas procedentes de indicadores [proxies] tais como por exemplo os anéis de crescimento das árvores.

4. A segunda categoria, relativa às reconstruções a partir de proxies, serviu de base à conclusão de que o aquecimento do século XX foi sem precedente. É possível que as reconstruções que foram publicadas representem apenas uma parte dos dados brutos disponíveis e possam ser sensíveis à escolha que foi efectuada e às técnicas estatísticas utilizadas.

Escolhas, omissões ou análises estatísticas diferentes poderiam conduzir a conclusões diferentes. Esta possibilidade foi, evidentemente, a razão pela qual alguns pedidos [feitos por cientistas independentes] de informação complementar foram rejeitados.

5. Os e-mails apresentam dúvidas quanto à fiabilidade de um certo número de reconstruções e levantam questões quanto à maneira como elas são representadas, tais como, por exemplo, a supressão aparente nos gráficos utilizados pelo IPCC dos resultados dos proxies para os últimos decénios que não estão de acordo com os valores instrumentais das temperaturas contemporâneas
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O que mais surpreende no texto do IOP é a sua redacção nada doce e inteiramente destrutiva para o CRU e a UEA. É tanto mais surpreendente quanto os (cientistas) ingleses são pouco dados a redacções deste teor.

De um modo mais geral, o texto do IOP é também destrutivo para todos aqueles que estão implicados, de uma maneira ou doutra, na formulação das conclusões do IPCC acerca do aquecimento global e das alterações climáticas.

Repete-se a recomendação inicial de uma leitura atenta de todo este documento memorável.