quinta-feira, outubro 09, 2008

Eólicas contestadas

A energia eólica tem de vencer a crescente oposição das populações. Na Alemanha já foram criadas ZLEE - Zonas Livres de Energia Eólica à semelhança das ZLEN - Zonas Livres de Energia Nuclear. A reacção é semelhante.

No Sábado, dia 4 de Outubro, em Paris, duas a três mil pessoas vindas dos recônditos da França e de vários países europeus manifestaram-se pacificamente contra os parques eólicos.

Antoine Waechter era uma delas. Candidato dos verdes às eleições presidenciais francesas de 1988, o sr. Waechter afastou-se posteriormente dos verdes para fundar o Movimento Ecológico Independente.

Antoine aparece na fotografia Manif contra eólicas a ler o cartaz da manifestação. À direita, na fotografia, com a tradicional faixa tricolor francesa, está o presidente da edilidade cujos habitantes (todos!) decidiram vender as suas casas quando foi anunciada a aprovação de um parque de eólicas na vizinhança da cidade.

Foi criada uma plataforma europeia contra as eólicas designada European Platform Against Windfarms (EPAW). Este novo movimento tem recebido apoios de todo o Mundo, incluindo Austrália, Nova Zelândia, EUA, Canadá, Porto Rico, Equador, África do Sul, Japão e Eslovénia. Consultar: Colectivo 4 de Outubro.

A manifestação e a assembleia constituinte da plataforma foram convocadas por 176 associações e federações. Consultar: Colectivo 4 de Outubro. A plataforma internacional contra as eólicas foi fundada no mesmo dia e distribuiu um comunicado para a imprensa assente em dois pontos: 1) Decepção ecológica e escândalo financeiro; 2) Moratória imediata e mais transparência. Segue-se o comunicado textual:

Press release
Paris, Saturday Oct. 4th 2008

Founding of the European Platform Against Windfarms (EPAW)

In Paris today, on the occasion of the international demonstration against wind farms, German, Belgian, Spanish and French federations and associations have founded the European Platform Against Windfarms (EPAW).

This project has received the support of colleagues from 16 countries representing several hundred federations and associations.

The founding members of this platform have agreed to make the following declaration:

1) Ecological deception and financial scandal

It has now been proved that industrial wind power does not reduce CO2 emissions and therefore does not contribute to the fight against global warming. This is principally due to the intermittent and uncontrollable nature of wind, which makes it necessary to rely on the back-up of polluting fossil-fuels power stations, 24 hours a day.

Industrial wind power is subsidized by the taxpayer-consumer.In France for example, if the national plan is realized (12,500 wind turbines!) this burden will amount to 2.5 billion Euros annually. In Germany, it is already costing 4 billion Euros a year.

At a time when Europe is facing a deep economic crisis, it is not acceptable that the standard of living of Europeans be further reduced in favour of businessmen whose objective seems to be maximizing profits whatever the consequences.

Industrial wind farms are a threat to the environment.
Landscapes, the natural and cultural heritage, wildlife, quality of life, the security and health of Europeans are in danger!

2) The demands made by EPAW: an immediate moratorium and more transparency

The platform demands an immediate moratorium with the suspension of all wind farm projects, approved or not.

The platform demands that be assessed, under the control of an independent body, the objective and undisputable effects of wind farms from an energetically, ecological and social point of view - respectively.

The platform finally demands that the guaranteed pricing of wind-produced electricity be made the object of both a public and a parliamentary debate, at national and European levels.

Signed by:
European Associations and Federations participating in the reunion of October 4th 2008
Spain: Iberica 2000
Belgica: Vent Contraire, Vent de Raison
France: FED : Fédération Environnement Durable (Fédération nationale)
France: FNASSEM - Fédération Nationale des Associations de Sauvegarde ses Sites et Monuments
Germany: BLS (Bundesverband Landschaftsschutz - landscape protection, federation of 800 local committees)
Germany: NAEB (Nationale Anti EEG Bewegung – against wind farms)

Contacts: Kléber ROSSILLON (FNASSEM) : 06 07 21 88 64 kleber.rossilllon@wanadoo.fr
Emmanuel du BOULLAY (FED) : 06 13 54 49 07 emmanuel.du-boullay@laposte.net
Mark Duchamp + 34 679 12 99 97
Inconvenient videos:
www.iberica2000.org/Es/Articulo.asp?Id=3729
The dark side of wind farms: www.iberica2000.org/Es/Articulo.asp?Id=1228
Pictures of wind farm victims (eagles etc.), of turbines on fire, of collapsed turbines, of soil & water contamination etc.:
http://spaces.msn.com/mark-duchamp

É, de facto, arrasador.

Apesar de tudo, isto não significa que a energia eólica seja de desprezar. Certamente existem locais onde os aerogeradores não incomodam ninguém ou, pelo menos, não incomodam muito. Se podemos aproveitar essa energia, é asneira não o fazer.

O que as eólicas têm de mais reprovável é a política de preços artificiais pagos aos produtores, fixados administrativamente pelo governo. Esses preços são muito mais elevados do que os preços de outras formas de energia com as quais concorrem deslealmente e sem risco. O único risco do negócio das eólicas é não haver vento.

Todos temos de pagar para satisfação dos promotores das eólicas. E dos autarcas, que também recebem uma percentagem. Uma parte do gigantesco défice tarifário acumulado da EDP deve-se aos preços artificiais da energia eléctrica de origem eólica pagos aos promotores e aos autarcas.

Além disso, os promotores recebem subsídios não reembolsáveis provenientes dos impostos dos contribuintes. Daí que até os bancos afluam ao negócio das eólicas na caça aos subsídios como abelhas ao favo de mel. Constituíram-se empresas especializadas na caça aos subsídios.

O nosso primeiro-ministro e o ministro da Economia fazem com frequência declarações bombásticas acerca dos grandes desenvolvimentos da energia eólica em Portugal. Mas uma política energética baseada na energia eólica é obviamente incompleta e condenada ao fracasso.

Nem sequer se pode considerar política energética. São sempre necessários centros produtores de reserva – normalmente termoeléctricos – para acudir as falhas do vento (frequentes e que acontecem durante as aglutinações anticiclónicas).

É verdade que o actual governo tomou uma decisão correcta ao avançar para a construção de novas barragens. Mas mesmo no máximo da capacidade eólica e hidráulica a energia produzida por estes meios não chegará para substituir as actuais centrais termoeléctricas.

O aproveitamento da energia eólica devia ser como o sal na sopa, nem muito nem pouco.