sexta-feira, outubro 03, 2008

Pode a climatologia responder a todas as questões?

Richard Lindzen, Prof. de climatologia do MIT – Massasuchetts Institute of Technology, participou num seminário realizado nos dias 29-31 de Agosto de 2008, em San Marino.

O seminário foi organizado pela EURESIS (Associazone per la promozione e la diffusione della cultura e del lavoro scientifico) e pela Templeton Foundation. O seminário foi designado Creativity and Creative Inspiration in Mathematics, Science, and Engineering: Developing a Vision for the Future.

O Prof. Richard Lindzen é famoso em todo o mundo científico, especialmente na comunidade da meteorologia e climatologia. Lindzen foi o principal autor do Capítulo 7 – que se ocupa dos aspectos físicos do problema – do Working Group 1 do IPCC, editado em 2001.

Lindzen criticou o IPCC pelas alterações que introduziu no Sumário para os Decisores Políticos em relação ao seu relatório científico de 2001 sem seu conhecimento. Afirmou: “The draft of the Policymakers Summary was significantly modified at Shanghai.”

Desde então o IPCC perdeu a confiança deste professor do MIT. Lindzen classificou o IPCC como uma organização política que desvirtua a Ciência a fim de satisfazer os desígnios do movimento ambientalista radical.

No entanto, Lindzen reconhece, publicamente, que os ambientalistas sérios nada têm a ver com este movimento que pretende, se é que já não conseguiu, tornar-se um governo universal impondo as suas ideias retrógradas.

No seminário de San Marino, decorrido, como se disse, entre 29-31 de Agosto de 2008, Richard Lindzen apresentou o documento Climate Science: Is it currently designed to answer questions?

Neste notabilíssimo documento, Lindzen passa em revista a tropa-fandanga do «global warming». Não deixa praticamente ninguém nem nenhum acontecimento esquecido. Como não podia deixar de ser, refere-se a Al Gore.

Ainda Gore era vice-presidente dos EUA quando o Prof. Lindzen foi chamado ao Congresso para depor. Al Gore perguntava e Lindzen respondia. Gore afirmava então: “V. Exa. quis dizer que…”. Mas Gore dizia precisamente o contrário daquilo que o Prof. do MIT havia dito.

Este extraordinário documento de Richard Lindzen merece ser lido com toda a atenção para se perceber o mal que os políticos fazem à Ciência, em geral, e à climatologia, em particular. Linzen afirma: “In particular, we will show how political bodies act to control scientific institutions, how scientists adjust both data and even theory to accommodate politically correct positions, and how opposition to these positions is disposed of.

Na sua notável oração no seminário de San Marino lá estão James Earl Hansen e Michael Mann (o inventor da impostura do “hockey stick”) assim como muitos outros “cientistas” que tanto mal têm causado à Ciência.

Resumidamente, Lindzen diz que estes senhores impingem um novo paradigma onde a simulação – com cenários, hipóteses e milhares de quilómetros de papel das saídas dos computadores –, através de modelos informáticos do clima, substituiu a teoria e a observação da realidade.

O novo paradigma para a Ciência, que incorpora uma componente de dependência baseada na instilação do medo, pode não constituir corrupção per se mas serve para estabelecer um sistema particularmente vulnerável à corrupção.

A maior parte do documento de Lindzen ilustra a exploração desta vulnerabilidade na área da investigação climática. A situação é particularmente aguda para uma área limitada da Ciência tal como a climatologia que, ainda por cima, se apresenta com muitas fragilidades.

A climatologia tem outras áreas afins como a meteorologia, a oceanografia, a geografia, a geoquímica, etc. Todas estas outras áreas são igualmente limitadas, revelando também alguma imaturidade e ainda com um vasto campo em desenvolvimento.

Sintomaticamente, todas estas áreas estão associadas a desastres. São facilmente alvo de manipulações no sentido de exploração do medo. A ciência climática, em particular, foi alvo do maior movimento político e ambiental de toda a história das ciências.

Fizeram-se, conscientemente, todos os esforços para politizar a ciência climática. Realçaram-se desastres actuais e futuros como consequência das actividades humanas. O clima passou para a agenda política e ambiental como ponto número um.

Envolveram-se organizações profissionais, laboratórios de investigação, academias nacionais, departamentos governamentais (incluindo a NASA, a NOAA, a EPA, a NSF, etc., só nos EUA) e mesmo universidades no meio desta balbúrdia gastando-se fortunas sem se avançar um milímetro no conhecimento climático.

Claro que Richard Lindzen não conhece o caso português. Cinge-se praticamente ao caso anglo-saxónico, especialmente norte-americano e inglês. Caso contrário tinha muito mais para contar, pois aqui não se foge à regra geral.