quinta-feira, junho 05, 2008

O G8 e as emissões

Os países do G-8 (Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Japão e Rússia) tomaram recentemente uma decisão acerca das respectivas emissões de gases com efeito de estufa, sobretudo o CO2. Em suma, comprometeram-se a atingir, em 2050, uma redução de 50 % em relação aos valores que se verificaram em 1990, que é o ano de referência, ou de contagem inicial do Protocolo de Quioto.

Em ocasiões anteriores, as metas de redução previstas chegaram a considerar valores entre 25 % e 40 %, a concretizar já em 2020. E, para 2050, chegou a falar-se no objectivo de redução de 80 %.

Todas estas metas são fantasiosas. Os ambientalistas, que apontaram tais valores, não conseguem apresentar uma alternativa credível de formas de energia de substituição para a queima de combustíveis fósseis capazes de produzir uma redução tão radical.

A recente decisão do G-8 significa uma descida à realidade e, ao fim e ao cabo, uma derrota do irrealista Protocolo de Quioto. Por isso, os media ou ignoraram ou esconderam a notícia de forma a manter a ilusão de que o Protocolo de Quioto está vivo.

Uma honrosa excepção foi a revista semanal Sábado que, na sua edição 213, de 29 de Maio, pág. 35, na rubrica “Explique lá melhor”, publicou uma mini-entrevista com Francisco Ferreira, da Quercus, sobre o assunto.

Este ideólogo ambientalista não poderia ter-se explicado pior. Na resposta às perguntas da Sábado, Francisco Ferreira responde sistematicamente com o fanatismo climático que é habitual neste e noutros gurus da comunicação social portuguesa. As suas respostas são directamente proporcionais à sua profunda ignorância nesta matéria.

Diz o profeta do alarmismo :

Além disso [os países do G-8] não chegaram a acordo sobre as emissões até 2020. E esse compromisso era fundamental, porque ninguém sabe como será o planeta em 2050”.

Afinal não tem tantas certezas como as que costuma apregoar. Mas continua :

Teremos um aumento de temperatura de dois graus em relação à Era pré-industrial (já aumentámos 0,8 ºC), que originará alterações climáticas. Prevê-se o degelo da Gronelândia e do Pólo Sul, o aumento do nível do mar de quatro a seis metros. Haverá maior número de eventos meteorológicos extremos, como tufões, ciclones e precipitação elevada em curto espaço de tempo.

Quando se trata de alarmar, já há certezas. Mas nem o Al Gore foi tão arrojado a prever uma subida tão pronunciada do nível do mar!

Na última pergunta, o jornalista confronta Francisco Ferreira com o facto de Claude Allègre, ministro da Ciência francês, e o climatologista Timothy Ball terem dito que o aquecimento global não depende da acção do Homem.

O nosso homem não se intimida e responde que se conta pelos dedos de uma mão o número de cientistas que defendem isso, mas que existem milhares de estudos que comprovam o contrário.

De facto, a irracionalidade científica apenas produz crenças e as crenças corrompem a interpretação dos factos.

Na verdade, não existe um único estudo que comprove tal acusação contra o Homem. E por muito que custe acusar de mentiroso um senhor professor universitário, a resposta de Francisco Ferreira tem de ser interpretada como deliberadamente fraudulenta.

Com efeito, é impossível que Francisco Ferreira desconheça a carta aberta, assinada por 100 cientistas, enviada ao Secretário Geral das Nações Unidas, em 13 de Dezembro de 2007, por ocasião da Conferência de Bali sobre o Clima, na qual, entre outras asserções, esses cientistas manifestam a convicção de que as alterações climáticas constituem um fenómeno natural, que não depende da acção do Homem.

Convenientemente, a Quercus e Francisco Ferreira ignoraram tal carta. Criticavelmente, a comunicação social portuguesa, aparentemente dependente da informação filtrada pela Quercus e pelos seus dirigentes, também ignorou um documento a que deveria ter dado um amplo destaque.

Termina com a sua convicção: “A única incerteza é o que vai acontecer e quando”.

Saberá este iluminado explicar por que razão o aquecimento global fez uma pausa há já quase vinte anos? Ou por que o Antárctico arrefeceu desde há vinte anos? E o Árctico central arrefeceu também desde essa data? E a Gronelândia central tem vindo a arrefecer no mesmo período?