quinta-feira, março 27, 2008

A verdade dos cilindros de gelo (7)

(Versão parcelar do artigo “CO2: The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de Zbigniew Jaworowski)

Existe um desfasamento – de centenas a vários milhares de anos – entre os valores das concentrações atmosféricas de CO2 e a das temperaturas determinadas através de isótopos de oxigénio dos cilindros de gelo (Jaworowski et al., 1992b) *.

Verifica-se que os aumentos das temperaturas precedem sempre os das concentrações de CO2, e não o inverso (Caillon et al., 2003; Fischer al de et., 1999; Idso, 1988; Indermuhle et al., 2000; Monnin et al., 2001; Mudelsee, 2001) *.

Este facto sugere que o aumento da temperatura da atmosfera é o factor responsável pelo aumento da concentração do CO2 – provavelmente pela mais intensa erosão dos solos e pela emanação dos gases contidos nos oceanos mais aquecidos.

Tal fenómeno é observável actualmente. A solubilidade do CO2 na água quente é mais baixa do que na água fria. Quando o tempo aquece, o CO2 existente na camada superficial dos oceanos, acima dos 3000 metros, é emitido para a atmosfera.

Na atmosfera o teor de CO2 é 50 vezes mais baixo do que nos oceanos.

É esta a razão pela qual entre 1880 e 1940, quando a temperatura média global aumentou aproximadamente 0,5 ºC, as medidas directas na atmosfera registaram um aumento muito elevado da concentração do CO2, de cerca de 290 ppmv em 1885 para 440 ppmv em 1940, uma concentração que é cerca de 60 ppmv mais elevada do que a actual (Beck, 2007) *. Neste período as emissões devidas às actividades humanas foram multiplicadas apenas por cinco.

Por outro lado, entre 1949 e 1970, a temperatura média global desceu cerca de 0,3 ºC e o teor atmosférico do CO2 caiu para cerca de 330 ppmv (Boden et al., 1990) *.

Actualmente, as emissões antropogénicas de CO2 são 30 vezes mais elevadas do que eram em 1880 (Marland et al., 2006) *. Apesar disso, o teor de CO2 é semelhante ao registado antes da evolução do aquecimento que precedeu os anos 1940.

As concentrações do CO2 retido em amostras de gelo que se assumem pertencer a uma época pré-industrial, ou anterior, são sempre cerca de 100 ppmv inferiores aos valores actuais (Indermuhle et al., 1999; Pearman et al., 1986,; Petit et al., 1999; veja-se também a revisão de Jaworowski et al., 1992b) *.

No entanto, durante os últimos 420 mil anos, o clima foi muitas vezes mais quente do que presentemente (Andersen et al., 2004; Chumakov, 2004; Ruddiman, 1985; Shackleton et Opdyke, 1973; Zubakov et Borzenkova, 1990; Robin 1985) *.

Mesmo há cerca de 120 mil anos, quando a temperatura superficial média global era 5 ºC acima da actual (Andersen et al., 2004) *, as concentrações atmosféricas de CO2 determinadas a partir dos cilindros de gelo eram apenas de 240 ppmv (Petit et al., 1999) * – isto é, abaixo dos valores actuais em cerca de 130 ppmv.

Mais recentemente, durante o Holoceno (8 mil a 10 mil anos antes do presente), a temperatura do Árctico chegou a ser 5 ºC mais elevada do que actualmente (Brinner e al., 2006) *. No entanto, os registos dos cilindros de gelo indicaram teores de CO2 relativamente baixos, de aproximadamente 260 ppmv (IPCC, 2007) *.

(continua)
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*A bibliografia pode ser consultada no original de Zbigniew Jaworowski.