Glaciar Perito Moreno
A notícia do Público, que acompanha um vídeo mostrando o desprendimento de grandes massas de gelo do glaciar Perito Moreno, diz o seguinte :
"Apesar de pouco comum, os cientistas dizem que este acontecimento tem mais a ver com o alinhamento do glaciar em relação ao Lago Argentino do que com o aquecimento global."
Relativamente ao Perito Moreno, Marlo Lewis, no seu livro “A Ficção Científica de Al Gore”, não só afirma (vide pág. 33 da versão portuguesa) que o glaciar não está em retracção, como diz que se encontra num estado de equilíbrio dinâmico, avançando continuamente para o Lago Argentino, onde destaca enormes massas de gelo, de forma imprevisível e espectacular.
Todavia, mais à frente (páginas 36 e 37 da versão portuguesa de “A Ficção Científica de Al Gore”) Marlo Lewis afirma o seguinte :
«(…) dos 63 grandes glaciares da Patagónia, somente o Pio XI e o Perito Moreno não estão em retracção. E apenas o Pio XI está em crescimento. O padrão geral é a retracção e a diminuição de espessura destes glaciares. Apesar de outros factores, como a diminuição da precipitação contribuirem para esta situação, a influência predominante é a do aquecimento global. Neste caso, Gore está correcto.»
Conforme se verifica, a informação recolhida por Marlo Lewis junto dos especialistas de que se socorreu aponta para a existência de uma retracção generalizada dos grandes glaciares da Patagónia, admitindo que tal se deva principalmente ao aquecimento global. E Marlo Lewis tem a sinceridade de reconhecer que, neste caso, Al Gore está correcto.
O que Marlo Lewis de seguida contesta é que «todo o aquecimento, ou pelo menos a maior parte do aquecimento, se deva ao aumento dos teores de CO2» recordando que «vários dados proxy indicam que os glaciares da Patagónia cresceram e diminuiram durante milénios, acompanhando as oscilações naturais do clima da Terra.»
Mais à frente, Marlo cita outra afirmação de Gore :
“Ao longo dos Alpes estamos a testemunhar uma história similar [de glaciares a desaparecer].”
E Marlo reconhece que a afirmação corresponde à verdade, isto é admite que «os glaciares alpinos têm vindo a retrair, num processo acelerado, desde que o mundo começou a sair da Pequena Idade do Gelo.»
E continua desta maneira :
«(…) a perda de gelo está a acelerar, não só porque as temperaturas no Hemisfério Norte têm vido a aumentar desde meados dos anos 1970, mas também pelo efeito de feedback positivo local, isto é, a menor área de um glaciar em retracção reflecte menos luz solar e expõe à incidência solar maiores áreas de terreno, menos reflectoras, assim aquecendo a sua vizinhança.
Vários pequenos glaciares alpinos avançaram durante os anos 1970 e 1980, por efeito de um arrefecimento global ou de uma atenuação da luminosidade global (por diminuição da radiação solar que chega à superfície da Terra) ou de ambos. De forma semelhante, muitos glaciares, na Europa e no mundo, avançaram durante a Pequena Idade do Gelo.
(…) Muitos dos maiores glaciares Alpinos alcançaram a sua extensão máxima durante a Pequena Idade do Gelo. Se este período frio se tivesse prolongado por mais 150 anos, até ao fim do séc. XX, aqueles glaciares teriam aumentado provavelmente para além das dimensões que atingiram em 1850.
[Al Gore] nunca encara a possibilidade de que a retracção dos glaciares possa ser o preço que temos de pagar para evitar condições muito piores, nomeadamente, um arrefecimento global. No mínimo, deveria reconhecer a dificuldade em avaliar as contribuições relativas do Homem e da Natureza para a situação actual de retracção dos glaciares Alpinos.
(…) durante o recente período conhecido por Óptimo Climático da Idade do Bronze, que ocorreu entre 1350 a 1250 AC e que foi um período de aquecimento excepcional, o glaciar Great Aletsch, o maior de todos os glaciares Alpinos, era aproximadamente 1000 metros mais reduzido do que é hoje. Este glaciar cresceu, quer em massa quer em comprimento, depois de um período intermédio de arrefecimento, sem designação especial, e depois alcançou a extensão actual, ou até mais reduzida do que a actual, durante o Iron/Roman Age Optimum, um período entre cerca de 200 AC e 50 DC também conhecido como Período Quente Romano.
Do mesmo modo (…) por volta do ano 1000 AC, o glaciar Great Aletsch era ligeiramente mais reduzido do que em 2002. Estes resultados levantam questões óbvias. Se o glaciar Great Aletsch retrocedeu mais na Era de Aquiles e no Reino dos Césares do que em anos recentes, como se pode estar seguro de que as emissões de CO2 sejam a causa principal da retracção actual dos glaciares Alpinos? Existe alguma prova de que no passado as pessoas tenham sofrido alguma consequência com a retracção dos glaciares ou com o aquecimento que a produziu?»
Esta é a forma correcta de abordar a questão dos avanços e recuos dos glaciares. Concluir, apressadamente, que o recuo de um qualquer glaciar constitui prova de um aquecimento global de origem antropogénica, não constitui uma atitude científica. Não é mais do que pseudo ciência.
Obs.: Este post foi redigido por Jorge Pacheco de Oliveira.
"Apesar de pouco comum, os cientistas dizem que este acontecimento tem mais a ver com o alinhamento do glaciar em relação ao Lago Argentino do que com o aquecimento global."
Relativamente ao Perito Moreno, Marlo Lewis, no seu livro “A Ficção Científica de Al Gore”, não só afirma (vide pág. 33 da versão portuguesa) que o glaciar não está em retracção, como diz que se encontra num estado de equilíbrio dinâmico, avançando continuamente para o Lago Argentino, onde destaca enormes massas de gelo, de forma imprevisível e espectacular.
Todavia, mais à frente (páginas 36 e 37 da versão portuguesa de “A Ficção Científica de Al Gore”) Marlo Lewis afirma o seguinte :
«(…) dos 63 grandes glaciares da Patagónia, somente o Pio XI e o Perito Moreno não estão em retracção. E apenas o Pio XI está em crescimento. O padrão geral é a retracção e a diminuição de espessura destes glaciares. Apesar de outros factores, como a diminuição da precipitação contribuirem para esta situação, a influência predominante é a do aquecimento global. Neste caso, Gore está correcto.»
Conforme se verifica, a informação recolhida por Marlo Lewis junto dos especialistas de que se socorreu aponta para a existência de uma retracção generalizada dos grandes glaciares da Patagónia, admitindo que tal se deva principalmente ao aquecimento global. E Marlo Lewis tem a sinceridade de reconhecer que, neste caso, Al Gore está correcto.
O que Marlo Lewis de seguida contesta é que «todo o aquecimento, ou pelo menos a maior parte do aquecimento, se deva ao aumento dos teores de CO2» recordando que «vários dados proxy indicam que os glaciares da Patagónia cresceram e diminuiram durante milénios, acompanhando as oscilações naturais do clima da Terra.»
Mais à frente, Marlo cita outra afirmação de Gore :
“Ao longo dos Alpes estamos a testemunhar uma história similar [de glaciares a desaparecer].”
E Marlo reconhece que a afirmação corresponde à verdade, isto é admite que «os glaciares alpinos têm vindo a retrair, num processo acelerado, desde que o mundo começou a sair da Pequena Idade do Gelo.»
E continua desta maneira :
«(…) a perda de gelo está a acelerar, não só porque as temperaturas no Hemisfério Norte têm vido a aumentar desde meados dos anos 1970, mas também pelo efeito de feedback positivo local, isto é, a menor área de um glaciar em retracção reflecte menos luz solar e expõe à incidência solar maiores áreas de terreno, menos reflectoras, assim aquecendo a sua vizinhança.
Vários pequenos glaciares alpinos avançaram durante os anos 1970 e 1980, por efeito de um arrefecimento global ou de uma atenuação da luminosidade global (por diminuição da radiação solar que chega à superfície da Terra) ou de ambos. De forma semelhante, muitos glaciares, na Europa e no mundo, avançaram durante a Pequena Idade do Gelo.
(…) Muitos dos maiores glaciares Alpinos alcançaram a sua extensão máxima durante a Pequena Idade do Gelo. Se este período frio se tivesse prolongado por mais 150 anos, até ao fim do séc. XX, aqueles glaciares teriam aumentado provavelmente para além das dimensões que atingiram em 1850.
[Al Gore] nunca encara a possibilidade de que a retracção dos glaciares possa ser o preço que temos de pagar para evitar condições muito piores, nomeadamente, um arrefecimento global. No mínimo, deveria reconhecer a dificuldade em avaliar as contribuições relativas do Homem e da Natureza para a situação actual de retracção dos glaciares Alpinos.
(…) durante o recente período conhecido por Óptimo Climático da Idade do Bronze, que ocorreu entre 1350 a 1250 AC e que foi um período de aquecimento excepcional, o glaciar Great Aletsch, o maior de todos os glaciares Alpinos, era aproximadamente 1000 metros mais reduzido do que é hoje. Este glaciar cresceu, quer em massa quer em comprimento, depois de um período intermédio de arrefecimento, sem designação especial, e depois alcançou a extensão actual, ou até mais reduzida do que a actual, durante o Iron/Roman Age Optimum, um período entre cerca de 200 AC e 50 DC também conhecido como Período Quente Romano.
Do mesmo modo (…) por volta do ano 1000 AC, o glaciar Great Aletsch era ligeiramente mais reduzido do que em 2002. Estes resultados levantam questões óbvias. Se o glaciar Great Aletsch retrocedeu mais na Era de Aquiles e no Reino dos Césares do que em anos recentes, como se pode estar seguro de que as emissões de CO2 sejam a causa principal da retracção actual dos glaciares Alpinos? Existe alguma prova de que no passado as pessoas tenham sofrido alguma consequência com a retracção dos glaciares ou com o aquecimento que a produziu?»
Esta é a forma correcta de abordar a questão dos avanços e recuos dos glaciares. Concluir, apressadamente, que o recuo de um qualquer glaciar constitui prova de um aquecimento global de origem antropogénica, não constitui uma atitude científica. Não é mais do que pseudo ciência.
Obs.: Este post foi redigido por Jorge Pacheco de Oliveira.
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