terça-feira, outubro 14, 2008

A crise económico-financeira deveria travar a loucura da luta contra as alterações climáticas

A actual desordem financeira e a depressão económica que agora se inicia podem trazer lucidez à Comissão Europeia (CE). A CE, mais cedo que tarde, terá de pôr fim à louca luta contra os moinhos de vento das alterações climáticas.

Quanto a modelos, é interessante notar que a actual crise financeira mundial deve-se em grande medida à modelação trapalhona das operações financeiras. Modelos falsos baseados numa teoria económica falsa. O resultado só poderia ser o desastre. Há uma analogia perfeita com o que se passa na climatologia.

Mas isto não nos deve surpreender. A Economia não é uma Ciência. Tal como a Engenharia, que também não é uma Ciência. No entanto, enquanto a Engenharia se suporta na ciência matemática e num forte conjunto de ciências da Natureza, a Economia recorre apenas à ciência matemática. Não admira que seja mais fácil encontrar cientistas na classe dos engenheiros do que na classe dos economistas.

A pretensão da CE de reduzir, em 2020, as emissões dos gases com efeito de estufa em pelo menos até 20 % do valor verificado em 1990 dificilmente será cumprida. Aliás, toda a indústria europeia a ela se opõe.

Os industriais não estão dispostos a pagar multas absolutamente ineficazes. As multas destinar-se-iam a calar a pressão do movimento ambientalista radical.

Não dispostos a pagarem multas, os industriais europeus ameaçam com investimentos fora da Europa. Avaliam o custo das multas em 44 mil milhões de Euros anuais, entre 2013 e 2020. Esta estimativa pressupõe o custo de 30 Euros por tonelada de CO2 emitido.

A perspectiva de perda de empregos na Europa leva os governos europeus “a passar à defesa na guerra contra as alterações climáticas”, dizem dirigentes da Comissão Europeia nos corredores do Berlaymont – edifício sede da CE.

Mas às claras, os dirigentes políticos europeus começam agora a ponderar publicamente e alguns falam já na necessidade de deixar cair o projecto político 20/20/20.

Giuliano Amato Guilano, primeiro-ministro italiano, afirmou em finais de Agosto: “Este projecto é um monte de lixo. Será politicamente correcto, mas não se concretizará.”

Renato Brunnetta, ministro italiano para a inovação, economista de formação, foi mais brutal: “Se o projecto se concretizar será a morte da recuperação económica. Mas ninguém é obrigado a suicidar-se”.

Um diplomata, envolvido nas negociações entre a Comissão e os Estados-membros, afirmou: “Ouve-se cada vez mais o tipo de argumentos de Renato Brunnetta. Nomeadamente, são apresentados por países, como a Itália e a Alemanha, onde a indústria está cada vez mais preocupada.”

O diplomata acrescentou: “Bruxelas leva a ameaça muito a sério.” No entanto, o Comissário do Ambiente da CE, Stavros Dimas, apela publicamente para que os políticos e as empresas não desistam desta luta.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, vai mais longe: “Eu conto com a autoridade do sr. Sarkozy para que o projecto seja aprovado sem restrições até ao fim do ano.”

De facto, a França tem feito deste projecto uma das prioridades da sua actual presidência da UE. Mas Sarkozy encontra dificuldades, mesmo em França, para financiar o seu slogan da “revolução ecológica”.

Os negociadores franceses reconhecem grandes dificuldades quando anunciam: “Trata-se de encontrar instrumentos necessários para manter a competitividade da indústria europeia e ajudar os Estados-membros a atingir os seus objectivos nacionais.”

Ou seja, as contradições são de tal monta que o diplomata-negociador acabou por afirmar com sinceridade: “Algumas decisões são altamente políticas e implicam compromissos difíceis de alcançar.”
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Consultar: Eubusiness.